Testes a partir da bomba atômica confirmam a formação de novos neurônios

08/06/2013 às 04:452 min de leitura

Pesquisadores utilizaram a precipitação radioativa de testes de bombas nucleares para mostrar que novos neurônios podem ser produzidos em uma parte do cérebro humano ao longo da vida. Diversos estudos anteriores comprovavam o ocorrido em ratos, mas não havia evidências definitivas de que isso também ocorria em humanos.

Quando bombas atômicas foram testadas entre 1945 e 1963, diversas partículas radioativas foram liberadas na atmosfera terrestre. Entre os isótopos presentes no processo estava o carbono-14, que é utilizado para a datação no teste de carbono, e a divisão das células faz com que o carbono do ambiente seja incorporado a elas.

É por essa razão que o carbono-14 liberado pelas bombas encontrou um caminho para o DNA de células que se multiplicam. A quantidade de carbono-14 neste DNA correspondia a sua concentração no ambiente no momento em que novas células nasceram. Sendo assim, esse carbono-14 pode ser utilizado como uma medida para a idade das células, assim como para os neurônios no cérebro adulto.

A equipe de pesquisa liderada por Jonas Frisén no Karolinska Institute usou células cerebrais obtidas com 120 pessoas que haviam consentido em doá-las para experiências após a morte. Entre todas as células analisadas, algumas demonstravam maiores níveis de carbono-14 do que outras.

Isso significa que as células com níveis mais baixos teriam sido produzidas depois de 1963, quando os testes com as bombas já haviam terminado, o que comprovou que células cerebrais novas podem sim serem produzidas ao longo da vida do individuo.

Mas ainda faltava entender melhor a formação dessas novas células. Segundo Kirsty Spalding, um dos pesquisadores da equipe, "a ideia era contrastar a região do hipocampo do cérebro com o resto", já que eles desejavam confirmar a hipótese de que os novos neurônios são formados apenas no hipocampo, que desempenha um papel fundamental na formação da memória.

Então, a equipe mediu a quantidade de carbono-14 existente no DNA de neurônios no hipocampo e em todo o resto do cérebro. Com cálculos complexos para mapear os resultados, a equipe confirmou a suspeita de que esses neurônios seriam formados apenas naquela área.

Nesse processo, duas descobertas foram bastante surpreendentes. A primeira é que estas células seriam criadas em apenas uma parte pequena do hipocampo, chamada de giro dentado. A segunda é que são produzidos, em média, 700 novos neurônios por dia, o que representa uma taxa de reposição de 1,75% ao ano. Além disso, estes neurônios novos viveram cerca de três anos a menos do que os outros.

Os pesquisadores confirmaram que, a partir dos dois anos de idade, os indivíduos não apresentaram o aumento de neurônios além dos formados no giro dentado do hipocampo. Gerd Kempermann no Centro Alemão de Doenças Neurodegenerativas que não fez parte da pesquisa, mas tem se dedicado a estudar o funcionamento do giro dentado e se diz muito feliz com os resultados.

“Estas células mais jovens são fundamentais para o funcionamento do giro dentado, possivelmente porque eles podem responder mais rapidamente do que as células velhas", afirma Kempermann.

Para ele, por manter-se “eternamente jovem”, o giro dentado desempenha um papel fundamental na tarefa de aprendizagem, além da formação da memória e até mesmo no desenvolvimento de personalidades individuais.

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