Ryan White: a criança que mudou a perspectiva sobre a AIDS em 1980

21/06/2021 às 09:303 min de leitura

Ryan Wayne White, nascido em 6 de dezembro de 1971, na cidade de Kokomo (Indiana, EUA), tinha 13 anos quando foi diagnosticado com AIDS, em dezembro de 1984. Em um momento em que a histeria coletiva e a mídia definia a doença como "algo dos gays", ele foi a primeira criança a ser diagnosticada com ela. Além disso, para piorar, White recebeu a derradeira notícia de que teria apenas 6 meses de vida.

Assim como Jeanne White Ginder, mãe de Ryan, muitas pessoas passaram a se perguntar como ele poderia ter AIDS. A resposta estava na hemofilia, uma doença genética que impede a coagulação do sangue e pode tornar mortal qualquer ferimento.

(Fonte: Kokomo Tribune/Reprodução)(Fonte: Kokomo Tribune/Reprodução)

No final da década de 1970, White já usava o Fator VIII, um medicamento considerado "milagroso" no tratamento de pacientes hemofílicos. Ele era administrado através de transfusão de sangue, injetando lentamente um subproduto do plasma sanguíneo.

Contudo, os cientistas isolavam o Fator VIII a partir de doações de sangue coletadas de inúmeros doadores anônimos, o que causou a contaminação de milhares de doses com o vírus do HIV. “Praticamente todos os hemofílicos que tratei em meados dos anos 1980 morreram de AIDS”, relatou o Dr. Howard Markel, diretor do Centro de História da Medicina da Universidade de Michigan.

O rejeitado

(Fonte: Oklahoma Gazette/Reprodução)(Fonte: Oklahoma Gazette/Reprodução)

Com a morte pesando em suas costas, White decidiu que voltaria para a escola, mas a Western Middle School não o permitiu. O corpo docente e os pais, cercados pela falta de informação sobre a doença, temiam que os alunos fossem infectados por uma doença que só é transmissível por fluidos sexuais, transfusão sanguínea ou contato direto pelas vias aéreas com o sangue contaminado. Muitos pais tiraram seus filhos da escola em forma de protesto contra a volta de White, o que fez o superintendente do distrito escolar proibir pessoalmente o garoto de voltar.

White foi obrigado a ouvir as aulas de sua casa e por telefone. Seus pais processaram a escola, atraindo atenção nacional para o caso e causando sua volta para a escola. Uma vez lá, ele foi intimidado, hostilizado, teve suas coisas vandalizadas e foi excluído por alunos e professores. Enquanto isso, os adultos depredaram sua residência com pedras e pichações, forçando a mudança deles para a cidade de Cicero, a 32 quilômetros de Kokomo.

(Fonte: Townsquare/Reprodução)(Fonte: Townsquare/Reprodução)

A família foi recebida de braços abertos lá, inclusive por Tony Cook, diretor da Hamilton Heights High School, que deu um aperto de mão em Ryan, quebrando o mito ao redor do contato direto com pacientes soropositivos. 

“Ryan ajudou a todos nós a entender o que ele tinha. Não queria que as pessoas sentissem pena dele. Ele odiava isso. Só queria ser uma criança normal”, relatou Brad Singer, um dos alunos da escola.

Foi a partir desse momento que White percebeu que poderia informar as pessoas sobre suas doença e ajudar a diminuir o preconceito ao redor dela. No apogeu da epidemia de AIDS, ele se tornou um dos porta-vozes mais importantes da doença nos Estados Unidos. Ele usou centenas de repórter que o procuravam para levar conscientização e educação na luta contra os estigmas sobre a soropositividade.

O legado

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

“Após ver uma pessoa como Ryan White, tão boa e amorosa, foi difícil para as pessoas justificarem a discriminação contra quem sofria desta doença terrível”, revelou Thomas Brandt, da Comissão Nacional de AIDS, em 1990.

Antes de falecer, em 8 de abril de 1990, aos 18 anos, Ryan White apareceu em televisão aberta para falar sobre a causa das pessoas soropositivas e as que haviam desenvolvido a AIDS, chegando a comparecer na edicação do Oscar de 1990. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) iniciou em 1985 uma triagem de sangue e produtos sanguíneos para os anticorpos do HIV, visando prevenir a transmissão através de transfusões de sangue.

Homenageado em todo o país, o jovem teve a Lei de Emergência de Recursos Abrangentes de AIDS Ryan White aprovada pelo Congresso quatro meses após sua morte. Atualmente, mais da metade dos norte-americanos soropositivos se beneficiam dos serviços oferecidos pelo seu programa.

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