Harvard confirma que livro do século 19 tem capa de pele humana

09/06/2014 às 09:183 min de leitura

Atualmente, a maioria das capas de livros é feita de papel, geralmente mais grosso do que as folhas, mas de material proveniente da celulose ou mesmo reciclado. Os livros com capas de couro (real ou sintético) são reservados apenas para edições especiais.

No entanto, antigamente, muitos livros tinham capas revestidas de couro, que era normalmente retirado de animais bovinos, cabras e carneiros ou até de humanos! Sim, já foi descoberta a existência de alguns exemplares de livros que tinham a capa revestida com pele de pessoas. Mas são poucos itens como esse pelo mundo. 

Um desses livros já havia sido descoberto pelos especialistas de Harvard, mas só agora eles confirmaram de fato que realmente se trata de uma capa feita com pele humana, mais especificamente retirada das costas de uma mulher.

Eternizando a pele em cultura

The VergeA capa do livro Des Destinées de l'ame

Segundo o The Verge, na semana passada, um dos curadores da pesquisa de Harvard anunciou que foram realizadas diversas análises em um livro intitulado Des Destinées de l'ame (Os Destinos da Alma), do escritor francês Arsène Houssaye, que foi publicado em algum momento da década de 1880. Com isso, eles confirmaram com 99,9 % de certeza que ele tem a capa feita com pele humana.

O livro, que está no arquivo da Biblioteca Houghton de Harvard desde 1930, foi dado pelo autor a seu amigo médico Ludovic Bouland, que o encadernou com a pele. O exemplar tem uma anotação interna de Ludovic, que explica um pouco sobre isso. O recado diz:

"Este livro é encadernado em pergaminho de pele humana em que nenhum ornamento foi carimbado para preservar a sua elegância. Ao olhar cuidadosamente, é possível distinguir facilmente os poros da pele. Um livro sobre a alma humana merecia ter uma capa humana: eu tinha mantido este pedaço de pele humana retirado das costas de uma mulher.

É interessante ver os diferentes aspectos que mudam a pele de acordo com o método de preparação a qual ela é submetida. Compare, por exemplo, com o pequeno volume que tenho em minha biblioteca, Sever. Pinaeus de Virginitatis notis, que também está encapado com pele humana, mas curtido com sumagre*".

*sumagre é uma especiaria que era muito utilizada antigamente como corante para couro.

Prática não tão bizarra na época

Pode parecer um tanto estranho para nós, mas a prática de produzir livros encapados com a pele humana não era realmente tão incomum no passado e ela remonta desde o século 15, de acordo com os curadores de Harvard.

Conhecida como encapamento antropodérmico, muitas pessoas aparentemente utilizavam a prática para lembrar os mortos. Outro motivo comum era utilizar a pele de cadáveres dissecados em aulas de anatomia para encapar os próprios livros sobre o assunto. Dessa forma, o morto indigente tinha mil e uma utilidades para a ciência e a literatura. Olha só que honra.

Uma visão mais aproximada

Voltando ao proprietário do Des Destinées de l'ame, os pesquisadores acham que ele possa ter conseguido a pele de uma mulher doente mental, cujo corpo nunca foi reclamado (pela família ou conhecidos) depois de morrer de um acidente vascular cerebral. O outro livro que ele menciona na anotação acima está na coleção da Biblioteca Wellcome.

Confirmação atual

Como foi dito anteriormente, os pesquisadores de Harvard já tinham conhecimento sobre a suposta origem do livro há algum tempo, mas só agora confirmaram. Para investigar a origem do couro da capa, eles utilizaram um processo de identificação de proteínas, através dos peptídeos, para saber de que animal ele teria vindo — análise conhecida como impressão digital de peptídeos.

Isso lhes permitiu descartar quase todos os possíveis donos do couro (bovinos, caprinos, ovinos), exceto alguns primatas. Ali eles viram que as anotações do proprietário do livro talvez não fossem nenhuma brincadeira. Com isso, as amostras foram analisadas mais uma vez para ver como os peptídeos haviam sido formados, o que permitiu aos pesquisadores descartar todas as outras possibilidades, menos a da origem humana da capa.

"Os dados da análise, em conjunto com a proveniência de Des Destinées de l'ame, tornou muito pouco provável de que a origem poderia ser diferente da humana”, disse Bill Lane, diretor de Espectrometria de Massa e do Laboratório de Recursos Proteômicos, à biblioteca de Harvard.

Para fascinação ou estranhamento geral do público, o Des Destinées de l'ame é agora o único livro conhecido por ser encapado com pele humana em todas as bibliotecas de Harvard. Dois outros livros foram previamente creditados dessa forma, mas ambos já foram confirmados como sendo encadernados em pele de carneiro.

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