Papiro destruído na erupção do Vesúvio é decifrado com ajuda de IA

19/10/2023 às 09:112 min de leitura

Os "Pergaminhos de Herculano" são um conjunto de papiros antigos que, provavelmente, pertenciam à família do imperador romano Julio César, moradores da cidade de Herculano. Esses documentos foram danificados pela erupção do Monte Vesúvio e pelo passar dos séculos.

Assim, é impossível abrir os pergaminhos e ler o que está escrito ali sem destruir completamente os documentos. Porém, com ajuda de alta tecnologia, dois estudantes universitários conseguiram ler o papiro sem destruí-lo — e receberam uma bela recompensa em dinheiro por isso.

No ano de 79 d.C., o Monte Vesúvio entrou em erupção e matou moradores de várias cidades antigas ao seu redor. O caso mais famoso é o da cidade romana de Pompeia. Nela, os corpos das vítimas foram eternizados no momento da morte pelas cinzas vulcânicas e se tornaram as estátuas que fascinam o mundo até hoje.

Mas ainda há muito o que se descobrir sobre esse fato trágico e sobre a vida e cultura dessas pessoas. Uma pista para conhecer esse passado são os registros escritos pelas pessoas que foram atingidas por essa tragédia — e esse é o caso dos famosos Pergaminhos de Herculano.

Como esses estudantes leram os Pergaminhos de Herculano?

Pergaminho não pode ser aberto sem ser destruído. (Fonte: Reprodução: Universidade de Kentucky )Pergaminho não pode ser aberto sem ser destruído. (Fonte: Reprodução: Universidade de Kentucky )

Como já mencionado, os pergaminhos não podem ser abertos. Por isso, cientistas da Universidade do Kentucky, nos Estados Unidos, lançaram neste ano o “Desafio do Vesúvio”. A ideia era convidar os estudantes a tentarem achar uma solução para que os papiros fossem lidos.

A universidade disponibilizou aos universitários milhares de imagens dos pergaminhos. Essas imagens foram feitas em 3D, usando técnicas de raio-x. Dessa forma, os documentos não precisaram ser manipulados, o que os preservou.

Além disso, a instituição desenvolveu um sistema de IA que ajudaria os estudantes a traduzirem as mensagens. Com todo esse investimento tecnológico, a missão de quem aceitasse o desafio ficaria bem mais simples.

Luke foi o primeiro a conseguir traduzir os textos do papiro. (Fonte: Reprodução: Universidade do Kentucky)Luke foi o primeiro a conseguir traduzir os textos do papiro. (Fonte: Reprodução: Universidade do Kentucky)

O primeiro estudante a conseguir algum progresso nessa tarefa foi Luke Farritor, de 21 anos. Ele conseguiu descobrir que uma das palavras do pergaminho era “roxo”. Meses depois, outro universitário, Youssef Nader, que mora na Alemanha, confirmou que a descoberta de Luke estava correta.

“Essa palavra é o nosso primeiro mergulho em um livro antigo fechado, evocativo da realeza, da riqueza e até da zombaria”, disse Brent Seales, cientista da computação da Universidade de Kentucky, ao The Guardian.

Pelo sucesso em seus achados, Luke ganhou US$ 40 mil e Youssef foi bonificado com US$ 10 mil.

Ainda é possível ganhar milhares de dólares no Desafio do Vesúvio

Estudantes do mundo todo podem participar dessa iniciativa. Ao todo, a verba para premiação total é de um milhão de dólares, como explica o site oficial do concurso.

Nele, os estudantes têm acesso a códigos que estão sendo usados, além de poderem divulgar suas pesquisas junto à comunidade envolvida.

As recentes descobertas dos estudantes têm animado pesquisadores, pois podem mudar a forma como vemos o passado. Jesus Cristo teria sido ridicularizado por usar roxo, então, saber o motivo dessa cor estar registrada em documentos romanos pode ajudar a entender o motivo dessa zombaria, por exemplo.

Reprodução: Universidade do KentuckyReprodução: Universidade do Kentucky

“O Evangelho de Marcos descreve como Jesus foi ridicularizado quando estava vestido com vestes roxas antes da crucificação. O que esse pergaminho em particular está discutindo ainda é desconhecido, mas acredito que será revelado em breve. Uma história nova começa para nós com a palavra 'roxo' e isso é muito empolgante”, opina Federica Nicolardi, papirologista da Universidade de Nápoles Federico II, também ao The Guardian.

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