Orcas afundam iate após 45 minutos de ataque

No dia 31 de outubro de 2023, um grupo de orcas atacou ferozmente um iate polonês no Estreito de Gibraltar. De acordo com relatos, o incidente durou 45 minutos e resultou em graves danos à embarcação, o que fez com que o barco acabasse afundando perto do porto de Tânger Med.

Durante toda a ocasião, a tripulação, os rebocadores portuários e a marinha marroquina trabalharam em conjunto para tentar salvar o iate, mas a operação não obteve sucesso. Em suas redes sociais, a Morskie Mile, proprietários da embarcação e que também administra férias à vela no Mediterrâneo, relatou que as orcas "bateram na lâmina do leme repetidamente, causando grandes danos e vazamentos".

Ataque inusitado

(Fonte: GettyImages)

Embora os longos minutos de ataque das orcas tenham sido bastante angustiantes para a tripulação do iate, ninguém saiu ferido. “A tripulação já está sã e salva na Espanha”, acrescentou a Morskie Mile. No momento, pesquisadores tentam compreender o que pode ter feito as orcas se comportarem dessa maneira — algo que não está claro.

Contudo, estudos mostram que as orcas vêm se tornando cada vez mais agressivas em relação aos barcos ao longo da Península Ibérica desde 2020. Nos últimos anos, houve numerosos encontros semelhantes ao que aconteceu com o iate polonês nas águas ao redor da Espanha e de Portugal.

Esses encontros, por sua vez, tendem a variar bastante em questão de intensidade. Na maioria dos casos, as orcas costumam apenas bater nos barcos, quase como se estivessem avisando os humanos sobre o perigo. No entanto, em outros momentos, os animais estão se mostrando verdadeiramente implacáveis no seu comportamento e afundando inadvertidamente os navios.

Revolta dos mares

(Fonte: GettyImages)

Embora algumas pessoas possam classificar esses encontros com orcas como agressivos, especialistas garantem que isso é um sinal de comportamento muito mais complexo. Em particular, acredita-se que as orcas estão exibindo "comportamento social lúcido". E o que isso quer dizer? Em essência, os cientistas acreditam que esses caçadores marinhos estão, na verdade, seguindo uma "moda" desenvolvida por sua população.

Portanto, eles não estariam atacando as embarcações humanas com sede de sangue, mas provavelmente porque outras orcas fizeram isso no passado e isso tornou-se uma tendência entre elas. De todo modo, os primeiros casos desse tipo potencialmente foram resultado de animais que tinham sido previamente feridos por embarcações marítimas.

Isso não representa uma "revolta" desses mamíferos, acreditam os especialistas. Em geral, pesquisadores e biólogos marinhos não gostam de projetar motivações humanas em animais, tendo em mente que isso poderia causar alguma retaliação onde as pessoas começariam a caçá-los gratuitamente.

Todos os cientistas envolvidos no estudo destacaram que é preciso evitar tornar essa narrativa antagônica. Logo, o crucial é continuarmos estudando os comportamentos complexos desses animais para que possamos garantir uma coexistência harmoniosa no futuro, especialmente porque as orcas-ibéricas são uma espécie criticamente ameaçada de extinção.