Entidades que defendem ser nações independentes costumam ter dificuldade de reconhecimento como soberanas, inclusive por suas histórias cômicas.

O conceito de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/123678-reino-de-torgu-a-micronacao-imaginaria-da-estonia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">micronação</a> talvez não seja tão claro para todos. Trata-se de regiões do mundo que se autodenominam países, porém um tanto diferentes do que entendemos desse conceito. Esses espaços não são oficialmente Estados reconhecidos, mas desejam ser. A história mostra que esse é um fenômeno global, não restrito a uma área do mundo.As razões para que um grupo de pessoas decida lutar pela soberania do local em que residem são as mais diversas, e motivam protestos e conflitos onde ocorrem. Enquanto vemos o Comitê Olímpico Internacional (COI) reconhecer territórios como <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121196-quantos-paises-realmente-existem-no-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Kosovo</a>, e um plebiscito na Catalunha por sua independência, também podemos rir com outras micronações e suas histórias cômicas.<h2>1. República Marítima de Eastport</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/09/09153111771225.png" alt="(Fonte: Maritime Republic of Eastport/Reprodução)"><figcaption>De cidade independente a bairro de Annapolis e, agora, micronação. (Fonte: Maritime Republic of Eastport/Reprodução)</figcaption></figure></figure>Dependendo de quem responda, Eastport pode ser um bairro da cidade norte-americana de Annapolis, no estado de Maryland, ou a micronação República Marítima de Eastport. De maneira irônica, os habitantes da região declararam independência em 1988, após o governo local fechar temporariamente a ponte levadiça que ligava o bairro ao restante da cidade.&nbsp;Desde então, desenvolveram uma bandeira, símbolos e uma "cultura local" alimentada com bastante <a href="https://www.megacurioso.com.br/tags/humor" rel="noopener noreferrer" target="_blank">humor</a>, mas um tanto de ressentimento. Parte desse incômodo surgiu à época que Eastport foi uma cidade independente, entre 1888 e 1951, quando foi anexada por Annapolis.<h2>2. República da Molossia</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/09/09153805942230.jpeg" alt="(Fonte: República da Molossia/Reprodução)"><figcaption>A República da Molossia é um estado independente que paga impostos a um país estrangeiro. (Fonte: República da Molossia/Flickr/Reprodução)</figcaption></figure></figure>A República da Molossia já foi conhecida por diferentes nomes, incluindo Províncias Unidas da Utopia. Ela é uma micronação que se autoreivindica um Estado soberano, ainda que possua pouco mais de 44 quilômetros quadrados, na área rural de Dayton, cidade localizada em <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/lovelock-a-caverna-que-teria-sido-lar-de-seres-gigantes-ruivos-e-canibais" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Nevada</a>.Fundada em 1998 por Kevin Baugh, Molossia ela é fruto das terras adquiridas por ele. Sem nenhuma razão aparente, além de parecer querer ganhar com o marketing de seu espaço, Baugh administra seu "país" enquanto segue pagando impostos ao estado de Nevada — o que ele chama de "ajuda externa a um governo estrangeiro".<h2>3. Principado de Sealand</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/09/09203046066362.jpg" alt="(Fonte: Fernando Amaral FC/Reprodução)"><figcaption>O Principado de Sealand chegou até a emitir passaportes. (Fonte: Richard Lazenby/Wikimedia Commons)</figcaption></figure></figure>O Principado de Sealand é uma das micronações com histórias mais bizarras que conhecemos. Tudo começou com uma plataforma offshore localizada no <a href="https://www.tecmundo.com.br/ciencia/210573-dinamarca-construira-ilha-mar-norte-fornecer-energia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Mar do Norte</a>, construída pelos britânicos durante a Segunda Guerra Mundial. Quando a guerra terminou, a estrutura, que era usada para transmissão de rádio, continuou lá sem qualquer vigilância. Por conta disso, alguns operadores de rádios piratas assumiram o local e começaram a usar as máquinas.Tudo mudou quando, em 1967, um homem chamado Paddy Roy Bates e sua família foram até lá e reivindicaram o local. Por um bom tempo, eles permaneceram na plataforma, resistindo às tentativas da Marinha Real Britânica de retomar o controle da torre.Só que, em 1987, o Reino Unido estendeu oficialmente o alcance de suas água, e a plataforma deixou de ser <a href="https://www.tecmundo.com.br/mercado/226326-empresa-offshore-funciona.htm#:~:text=O%20que%20são%20empresas%20offshore%3F&amp;text=Uma%20empresa%20offshore%20é%20aquela,como%20sociedade%20ou%20empresa%20extraterritorial." rel="noopener noreferrer" target="_blank">offshore</a>, sendo então tecnicamente acoplada ao território britânico. Contudo, os habitantes do local dizem que lá é o Principado de Sealand, e que vivem em uma nação com sua própria soberania.O curioso é que a plataforma, obviamente, não tem água natural, nem terra arável, mas produzia até pouco tempo os próprios passaportes. Em 2012, Paddy Roy Bates faleceu e seu filho Michael foi "decretado" o presidente do local. E dizem que todos os dias ele ainda recebe pedidos de emissão de passaportes para Sealand.<h2>4. República Independente de Naminara</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/09/09154620162241.jpg" alt="(Fonte: República de Naminara/Reprodução)"><figcaption>Uma ilha fluvial na Coreia do Sul se tornou uma micronação que se autodeclaram independente. &nbsp;(Fonte: República de Naminara/Reprodução)</figcaption></figure></figure>A República Independente de Naminara compreende uma ilha fluvial em formato de meia-lua localizada em Chuncheon, província de Gangwon, na Coreia do Sul. Ela foi criada em 1944, após a construção da barragem de Cheongpyeong, que conteve parte da correnteza do rio Han do Norte.Em 1965, a ilha foi comprada por um homem chamado Min Byungdo, que queria transformar um local em um resort de férias. Deu certo por um bom tempo. Até que, em 2001, um homem chamado Kang Woo Hyon assumiu o cargo de CEO da empresa de <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/127519-os-5-destinos-mais-macabros-para-fazer-turismo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">turismo</a> que comandava a ilha.Desde então, o sujeito focou sobretudo em eliminar os aspectos do resort que considerava mais "hedonistas", colocando o foco no turismo ambiental mais profundo. Com isso, nascia a chamada República Naminara.&nbsp;Liderada por Kang, a micronação oferece cursos de <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/122967-voce-realmente-sabe-reciclar.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">reciclagem</a>, monitoramento ambiental e atividades de ecoturismo, além de manter parcerias com a UNESCO e a UNICEF para eventos literários e artísticos. Em 2006, Kang Woo Hyon declarou que a ilha passava a se chamar República Independente de Naminara, e começou a emitir passaportes. Contudo, vale lembrar que, oficialmente, a Coreia do Sul jamais "liberou" a ilha de seu domínio.

large_conheca-4-micronacoes-que-estao-lutando-para-se-tornarem-paises-thumb.png

medium_conheca-4-micronacoes-que-estao-lutando-para-se-tornarem-paises-thumb.png

small_conheca-4-micronacoes-que-estao-lutando-para-se-tornarem-paises-thumb.png

thumbnail_conheca-4-micronacoes-que-estao-lutando-para-se-tornarem-paises-thumb.png

conheca-4-micronacoes-que-estao-lutando-para-se-tornarem-paises-thumb.png

Conheça 4 micronações que estão lutando para se tornarem países

Descubra a trajetória extraordinária da rainha Sílvia da Suécia, uma mulher com raízes brasileiras que deixou sua marca na realeza europeia.

Imagine uma história real que se desdobra entre culturas e continentes, levando uma jovem mulher com raízes brasileiras a se tornar uma das figuras mais admiradas da realeza europeia. Estamos falando da rainha Silvia, que traz em sua jornada uma riqueza de experiências que culminaram em sua ascensão como rainha consorte da <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120790-entenda-porque-a-suecia-esta-movendo-uma-cidade-inteira-de-lugar.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Suécia</a>.Sua infância no Brasil, seu domínio de várias línguas e seu encontro providencial com o príncipe herdeiro Carlos Gustavo são apenas alguns capítulos dessa história extraordinária. Conheça essa figura única e descubra como ela uniu diferentes culturas e nacionalidades em prol de uma causa maior.<h2>Origens multiculturais</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/06/06225453508040.jpg" alt="Casamento da rainha Silvia com o rei Carlos. (Fonte: Getty Images/Reprodução)"><figcaption>Casamento da rainha Silvia com o rei Carlos. (Fonte: Keystone/Getty Images)</figcaption></figure></figure>Sílvia Renata Sommerlath nasceu em 23 de dezembro de 1943, na cidade de Heidelberg, na <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/124707-na-alemanha-pais-estressados-tem-direito-a-3-semanas-de-ferias.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Alemanha</a>. Filha de mãe brasileira e pai alemão, Sílvia vivenciou uma rica mistura de culturas. Ainda criança, veio para o Brasil, onde passou a infância e fortaleceu os laços com sua herança e a língua portuguesa. Em 1957, a família Sommerlath retornou à Alemanha, estabelecendo-se novamente em seu país de origem.Sílvia demonstrou desde cedo um talento excepcional para línguas, tornando-se fluente em diversas delas durante sua educação. Ela se formou na Universidade de Munique, em 1969, o que abriu portas para sua carreira como intérprete. Ao trabalhar como tal nos <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119544-munique-1972-e-o-momento-mais-triste-da-historia-das-olimpiadas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Jogos Olímpicos de Munique</a>, em 1972, ela conheceu o príncipe herdeiro Carlos Gustavo da Suécia, iniciando assim sua notável jornada na realeza.<h2>Encontro real e casamento</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/06/06225131905039.jpg" alt="Rainha Sílvia, rei Carlos e filhos. (Fonte: Getty Images/Reprodução)"><figcaption>Rainha Sílvia, rei Carlos e filhos. (Fonte: Keystone/Hulton Archive/Getty Images)</figcaption></figure></figure>Ao longo dos anos seguintes, após os jogos, Sílvia e Carlos mantiveram um namoro à distância, fortalecendo seus laços apesar da separação geográfica. Em 19 de junho de 1976, Sílvia e Carlos se casaram na Catedral de São Nicolau, em Estocolmo, tornando-a a primeira rainha consorte sueca de origem não real.Eles formaram uma família real unida e dedicada, tendo três filhos que representam a próxima geração da monarquia sueca: a princesa Victoria, nascida em 1977, o príncipe Carl Philip, nascido em 1979, e a princesa Madeleine, nascida em 1982.Após seu casamento, Sílvia mergulhou no papel de rainha consorte da Suécia, combinando suas responsabilidades protocolares com um profundo compromisso com causas sociais e humanitárias. Sua capacidade multilíngue e sua dedicação a questões como a infância e o bem-estar levaram ao estabelecimento da World Childhood Foundation, em 1999.Seu legado como defensora dos direitos das crianças solidificou sua posição como uma das personalidades mais admiradas da realeza europeia, celebrada por seu compromisso com o serviço público e sua contribuição para um mundo melhor.

large_GettyImages-1193148004.jpg

medium_GettyImages-1193148004.jpg

small_GettyImages-1193148004.jpg

thumbnail_GettyImages-1193148004.jpg

GettyImages-1193148004.jpg

Conheça a rainha Silvia, que fala português e importou jabuticaba para a Suécia

A eleição de Nelson Mandela em 1994 marcou o fim do regime segregacionista na África do Sul.

Morto em 2013, o líder sul-africano <a href="https://www.tecmundo.com.br/google/59277-nelson-mandela-homenageado-doodle.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Nelson Mandela</a> segue até hoje como uma grande referência de líder político. Seu período na presidência de seu país, entre 1994 e 1999, é considerado um marco, pois decretou o fim do regime de apartheid, que separava legalmente as pessoas brancas e as negras.A eleição que o levou ao poder ocorreu em 27 de abril de 1994 e Mandela assumiu a presidência há exatos 30 anos, em 10 de maio do mesmo ano. Três décadas depois, vale a pena refletir sobre como está o país após a abolição do projeto segregacionista que existia na África do Sul.<h2>O que foi o apartheid?</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/08/08192507592321.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>Manifestação de boicote ao Apartheid. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>O <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/121781-6-fatos-provando-que-o-apartheid-foi-pior-que-imaginamos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">apartheid</a> foi um sistema político estabelecido na África do Sul e que foi vigente entre os anos de 1948 e 1994. Era sustentado por um partido de extrema direita que promulgou uma legislação segregacionista, que promovia privilégios para a parcela branca da população.Extremamente impopular, o regime só se sustentou por décadas por conta da censura e do uso da violência por parte do governo. Mas movimentos de resistência a ele sempre existiram, e um de seus principais líderes foi Nelson Mandela.Nascido em 1918, Mandela ingressou em 1939 no curso de Direito da Universidade de Fort Hare, a primeira Universidade da África do Sul a ministrar cursos para negros. Entretanto, por se envolver com o movimento estudantil em protestos contra a falta de democracia racial, ele foi obrigado a abandonar o curso.Foi então que se mudou para Joanesburgo, onde se engajou cada vez mais na luta contra o apartheid. Em 1944, ao lado de Walter Sisulo e Oliver Tambo, <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/107359-conheca-8-casos-do-efeito-mandela.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Mandela</a> fundou a “Liga Jovem do Congresso Nacional Africano (CNA)”, que logo se tornaria o principal instrumento de representação política dos negros.Ao longo de sua vida, Nelson Mandela foi acusado de vários crimes, como o de conspiração. Em 1964, foi condenado à prisão perpétua – no total, ele permaneceria 27 anos preso na Ilha de Robben. Mas a crítica internacional ao apartheid só aumentava e, em 11 de fevereiro de 1990, o presidente da África do Sul, Frederik de Klerk, finalmente libertou Mandela.<h2>O governo de Nelson Mandela</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/08/08193322703323.jpg" alt="Nelson Mandela priorizou a reconciliação do seu país. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>Nelson Mandela priorizou a reconciliação do seu país. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Em abril de 1994, ocorreram as primeiras eleições multirraciais no país, e Nelson Mandela foi eleito democraticamente. Estava estabelecido finalmente o fim do apartheid. Mas isso não significou, claro, mudanças imediatas.Durante o seu período na presidência, o governo de Mandela conseguiu aprovar muitas leis a favor da população negra. Em 1995, foi estabelecida a Comissão de Verdade e Reconciliação, com o intuito de analisar as violações de <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/110416-direitos-humanos-70-anos-da-declaracao-da-onu-e-a-polemica-no-brasil.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">direitos humanos</a> cometidas durante o apartheid.Embora o clima fosse, por muito tempo, de sensação de injustiça e desejo de vingança, Nelson Mandela preferiu espalhar o sentimento de conciliação nacional. Em 2006, ele foi premiado pela Anistia Internacional por sua luta em favor dos direitos humanos. Mas antes disso, em 1993, ele foi agraciado com o prêmio <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/116010-como-e-o-processo-de-nomeacao-ao-premio-nobel-da-paz.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Nobel da Paz</a>.<h2>A África do Sul, 30 anos depois</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/08/08195321294325.jpg" alt="Três décadas após o fim do apartheid, a África do Sul segue enfrentando crises. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)."><figcaption>Três décadas após o fim do apartheid, a África do Sul segue enfrentando crises. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Trinta anos depois do seu fim, há muitos pesquisadores que discutem sobre quais foram as consequências do encerramento do regime segregacionista e qual foi o legado deixado por Nelson Mandela. De acordo com Thula Simpson, historiador do apartheid na Universidade de Pretória, o sistema político teria chegado ao fim por razões obscuras.“Não houve nada de benevolente ou voluntário na retirada do governo branco. Foi porque havia uma crítica interna ao apartheid e as pessoas basicamente diziam: 'Para manter a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/117027-chineses-atingem-supremacia-quantica-com-computador-fotonico.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">supremacia</a> branca, é preciso manter a sobrevivência branca'", explicou à Al Jazeera.Ou seja, o apartheid foi encerrado por pressão política, causada inclusive pela resistência dos sul-africanos negros. A África do Sul estava ficando cada vez mais isolada por conta das crescentes sanções econômicas, o que envolvia, por exemplo, o fim do comércio com a Jamaica e até a proibição em participar de eventos esportivos.Desde 1994, muita coisa mudou no país, já que agora todos os residentes, independentemente da raça, são iguais e livres perante a lei. Ao menos na teoria, já que especialistas defendem que ainda há muita <a href="https://www.megacurioso.com.br/economia/101731-6-dados-sobre-a-desigualdade-no-mundo-que-vao-deixar-voce-chocado.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">desigualdade</a> no país, que atinge sobretudo a população negra.As deficiências estruturais do país seguem existindo e atingem especialmente as pessoas mais pobres. É comum que essa população sofra com falta de luz e água. “Toda a rede não foi mantida e agora o colapso está a espalhar-se até para áreas onde não era a norma. Isso afeta principalmente as pessoas pobres”, afirmou Simpson.Em 2022, o Banco Mundial classificou a África do Sul como o país mais desigual do mundo. Alguns pesquisadores consideram que este é um país sem classe média – o que significa que há uma distância muito grande entre os mais ricos e os mais pobres. Cerca de 10% da população controla 80% da riqueza, afirma um relatório do Banco Mundial.Outro dado importante é o nível de <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/122702-emprego-as-10-areas-em-que-brasileiros-mais-encontram-trabalho.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">desemprego</a>, que atinge 33% e é um das maiores do mundo. Ao mesmo tempo, entre os brancos, 7,5% da população está desempregada. Soma-se a isso o dado de que os negros representam 80% da população empregável, enquanto os brancos ocupam 62,9% dos cargos de gestão nas empresas.Ou seja, 30 anos depois, a África do Sul segue enfrentando grandes desafios. Thapelo Mohapi, secretário-geral do maior movimento sul-africano de moradores de favelas, explica: "a classe trabalhadora está sendo explorada, e as pessoas recebem uma miséria para trabalhar longas horas, e os serviços não são prestados aos pobres e marginalizados neste país. Essa é uma situação que acontece no mundo inteiro. Estamos vendo o capitalismo chegar até nós, e se nós não enfrentarmos o <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121218-6-ideologias-politicas-ou-economicas-que-voce-deve-entender.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">capitalismo</a>, continuaremos a ser explorados", afirma em depoimento ao Brasil de Fato.

large_GettyImages-72504155.jpg

medium_GettyImages-72504155.jpg

small_GettyImages-72504155.jpg

thumbnail_GettyImages-72504155.jpg

GettyImages-72504155.jpg

Nelson Mandela: qual é o seu legado após 30 anos do fim do apartheid?

Pesquisador aborda em livro com os últimos 100 anos impactaram os resultados da educação pública brasileira.

Mais da metade das crianças do segundo ano do Ensino Fundamental da rede pública não aprenderam a ler e escrever no Brasil. Estes dados foram analisados pelo Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância (Unicef), com base nos dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2021.De acordo com matéria da Agência Brasil, essa situação – que não é nova – se agravou por conta da pandemia de <a href="https://www.megacurioso.com.br/tags/coronavirus" rel="noopener noreferrer" target="_blank">covid-19</a>, período em que o país registrou quase 40% de crianças não alfabetizadas no segundo ano do ensino fundamental. Mas essa crise educacional tem origens históricas.<h2>Um tratado sobre a educação pública no país</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/05/05100651806007.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>Mais da metade das crianças do segundo ano do Ensino Fundamental da rede pública não aprenderam a ler e escrever no Brasil. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>No livro Tratado da má educação, o pesquisador Renato Bulcão discute como os últimos 100 anos impactaram negativamente na educação brasileira. Os resultados obtidos no país foram comparados com as práticas internacionais em países diferentes como a China, o Japão, a Espanha e a Finlândia. “Segundo o Tribunal de Contas da União, 57% das salas de aula do Brasil estão inadequadas para receberem os alunos. Ou seja, o próprio ambiente escolar não ajuda os alunos a quererem estudar”, afirma o professor na obra.Outro aspecto analisado é a evasão escolar relacionada à discriminação racial da população. “O <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/125521-por-que-a-evasao-escolar-esta-tao-alta-no-brasil.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">abandono escolar</a> mostra que das 50 milhões de pessoas de 14 a 29 anos do país, 10,1 milhões (ou 20,2%) não completaram alguma das etapas da educação básica. Desse total, 71,7% eram pretos ou pardos”, explica. E todo esse cenário se relaciona ao desperdício do dinheiro investido em educação pública.<h2>Exclusão racial na educação</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/05/05100439249001.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>"O currículo da escola é pensado pelas elites fingindo que os pobres podem se comportar como ricos". (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Na obra, Bulcão apresenta uma análise sobre as origens do preconceito e do autoritarismo que estão hoje arraigados nas <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/124697-qual-foi-a-primeira-escola-do-brasil.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">escolas brasileiras.</a> Isto ocorre por que o sistema vigente é "programado" para a exclusão de crianças pobres e pretas em determinados momentos de sua vida escolar.Segundo o autor, essa exclusão se sustenta em uma política do MEC que existe desde os anos 1930 e que criaria uma espécie de "neoescravidão". Bulcão sustenta a ideia que essa exclusão começou com a recusa da <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/122362-catedral-paroquia-basilica-como-e-a-estrutura-da-igreja-catolica.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Igreja Católica</a> em permitir um ensino laico. "O currículo da escola é pensado pelas elites fingindo que os pobres podem se comportar como ricos, o que causa evasão. Os meninos e meninas abandonam a escola por não entenderem nada do que está sendo ensinado. Enquanto isso, toda a sociedade paga o custo pelo abandono escolar", pondera.Sua análise defende a ideia de que o Estado prefere pagar melhor policiais militares com ensino médio malfeito, do que professores escolares bem formados nas universidades. Por consequência dessa política, as escolas públicas não recebem manutenção mínima e 53% delas não têm condições de funcionamento, com falta de água, banheiros e salas de aula quebradas. "Investimos mais em penitenciárias do que na educação básica", afirma o professor.Ou seja, Tratado da má educação argumenta que o sistema público praticado pelos governos em todas as suas instâncias força os jovens a servirem como mão de obra barata e desqualificada para a classe média. "Nem operários estes jovens conseguem ser. E o resultado disso é que a maior favela do Brasil, a Sol Nascente, fica em Brasília e abriga os pobres que servem os funcionários públicos federais dos três poderes", conclui.

large_GettyImages-157687202-min.jpg

medium_GettyImages-157687202-min.jpg

small_GettyImages-157687202-min.jpg

thumbnail_GettyImages-157687202-min.jpg

GettyImages-157687202-min.jpg

"Tratado de má educação": livro explica a origem dos problemas do ensino

Estudos debatem quais locais ao redor do planeta sofreriam menos com o início de um novo conflito bélico em escala global.

A <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/121222-russia-e-ucrania-teremos-uma-3-guerra-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Terceira Guerra Mundial</a> por muito tempo pareceu ser apenas um enredo para filmes de ficção. Porém, tendo em mente a instabilidade política que vem acometendo o mundo nos últimos anos, a ameaça parece mais palpável. E como as armas nucleares são o maior temor do momento, ninguém espera que algo do tipo aconteça — principalmente pelos riscos que isso ofereceria para a humanidade como um todo.Mas, e se nós não pudermos mais evitar que esse conflito ocorra? Quais lugares na Terra seriam os mais seguros para se estar enquanto as bombas estiverem sendo derrubadas do céu? Nesse cenário hipotético, pesquisadores já separaram algumas respostas.<h2>1. Antártica</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/04/29/29225802336000.jpg" alt="Explosões na Antártida seriam potencialmente fatais para o mundo. (Fonte: GettyImages)"><figcaption>Explosões na Antártida seriam potencialmente fatais para o mundo. (Fonte: Getty Images)</figcaption></figure></figure>Caso a 3ª Guerra Mundial definitivamente envolvesse um evento nuclear massivo, simulações de computador realizadas por pesquisadores da Universidade de Warwick indicam que uma das melhores apostas da humanidade para sobreviver seria a Antártica.O motivo? O continente simplesmente está protegido por sua localização remota e pelo notório desinteresse da comunidade política global em potencialmente bombardear essa área com recursos importantes. Além disso, uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/127151-5-efeitos-colaterais-que-as-armas-nucleares-tiveram-no-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">guerra nuclear</a> provocaria o derretimento de até 30% do gelo dessa região, o que desencadearia o aquecimento global de uma vez por todas e o aumento dos níveis de água no planeta todo.<h2>2. Argentina</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/04/29/29230010815005.jpg" alt="Cultura autossuficiente da Argentina ajudaria em eventual Terceira Guerra Mundial. (Fonte: GettyImages)"><figcaption>Cultura autossuficiente da Argentina ajudaria em eventual Terceira Guerra Mundial. (Fonte: Getty Images)</figcaption></figure></figure>Diga o que quiser dos nossos hermanos, mas um estudo de 2022 da Universidade Rutgers indicou que a Argentina talvez seja um dos lugares mais seguros no mundo para se estar durante a Terceira Guerra Mundial. Segundo os autores do artigo, o principal motivo é que essa é uma região do mundo com excelentes condições de sobrevivência para quem restar no planeta.Além da autossuficiência agrícola, a Argentina também é conhecida por suas políticas de não intervenção, o que a afastaria do foco de conflitos e protegeria seus habitantes.<h2>3. Oceania</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/04/29/29230054657007.jpg" alt="Estudos apontam países oceânicos como regiões seguras em uma guerra. (Fonte: GettyImages)"><figcaption>Estudos apontam países oceânicos como regiões seguras em uma guerra. (Fonte: Getty Images)</figcaption></figure></figure>Também em 2022, um estudo publicado na Discrete Dynamics in Nature and Society descobriu que havia muitas semelhanças entre a Nova Zelândia e a Austrália em termos de capacidade de sobrevivência a um grande evento nuclear.&nbsp;Os dois países são capazes de produzir alimentos suficientes para sustentar suas populações, especialmente se as exportações de laticínios fossem interrompidas. Além disso, eles são 76% autossuficientes em termos de energia. Na pior das hipóteses, você estaria fugindo de bombas nucleares para lutar contra animais bizarros por todos os cantos.&nbsp;<h2>4. Suíça</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/04/29/29230238977009.jpg" alt="Enorme quantidade de bunkers na Suíça ajudariam habitantes na guerra. (Fonte: GettyImages)"><figcaption>Enorme quantidade de bunkers na Suíça ajudariam habitantes na guerra. (Fonte: Getty Images)</figcaption></figure></figure>Embora a Europa seja o epicentro da maioria das guerras, pesquisadores sugerem que a Suíça possui algumas coisas ao seu favor para fugir das consequências. Obviamente, sua longa política de neutralidade é algo favorável, mas não o único ponto.O país também conta com uma série de abrigos nucleares com espaço suficiente para receber sua população inteira e até mesmo mais alguns. Em 2022, estudos demonstraram que a <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/125113-conheca-as-fortalezas-militares-escondidas-nos-alpes-suicos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Suíça tinha bunkers</a> capazes de comportar até 9 milhões de pessoas — mesmo tendo população de 8,6 milhões. Portanto, mesmo que a Terceira Guerra Mundial exploda ao seu lado, o país parece estar preparado.&nbsp;

large_GettyImages-172336142.jpg

medium_GettyImages-172336142.jpg

small_GettyImages-172336142.jpg

thumbnail_GettyImages-172336142.jpg

GettyImages-172336142.jpg

Quais seriam os países mais seguros durante uma Terceira Guerra Mundial?

Por mais que a imperatriz russa tivesse a fama de ser bastante ativa sexualmente, especialistas não conseguem ter certeza sobre os fatos por trás dessa história. 

No mundo das fofocas históricas, poucas histórias têm tanto impacto quanto os rumores sobre a vida sexual extravagante de figuras poderosas. E quando se trata da lendária imperatriz russa Catarina, a Grande, os boatos atingem um novo patamar. Uma das mais intrigantes, talvez, é a história da suposta sala pornográfica, um santuário secreto onde móveis eróticos eram destaque.&nbsp;Durante três décadas, <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/126711-5-formas-de-como-catarina-ii-transformou-a-russia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Catarina II exerceu o poder na Rússia</a>, combinando audácia e controvérsia. Seu reinado foi caracterizado por reformas progressistas, com maior atenção às questões femininas (o Estado, por exemplo, era obrigado a pagar a educação das mulheres) e uma mentalidade que defendia os ideais iluministas. &nbsp;Porém, sua vida privada gerava mais escândalos do que os programas sensacionalistas que temos na atualidade. Entre as histórias mais intrigantes está a da existência de uma espécie de gabinete secreto repleto de móveis eróticos, que, de acordo com o boato, teriam sido encomendados pela própria imperatriz.<h2 style="text-align:justify;">Boato de guerra</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/02/02113802147119.jpg" alt="Será que os móveis eram de Catarina? (Fonte: Messy Nessy/ Reprodução) "><figcaption>Será que os móveis eram de Catarina? (Fonte: Messy Nessy / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Os boatos sobre a vida amorosa de Catarina são tão selvagens quanto variados. De alegações sobre centenas de amantes a rumores de zoofilia, a imaginação popular parece não ter limites quando se trata dela.&nbsp;E uma das histórias mais famosas sobre a imperatriz que governou a Rússia de 1762 a 1796 é recente, pois o fato que deu origem à fofoca ocorreu durante a <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/112268-entenda-como-comecou-a-segunda-guerra-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Segunda Guerra Mundial</a>.&nbsp;Reza a lenda que soldados alemães da Wehrmacht (forças armadas nazistas) afirmaram em um relatório — nunca encontrado — que haviam encontrado uma sala secreta repleta de móveis decorados com motivos pornográficos nos palácios de Tsarskoye Selo. Entre esses móveis estariam uma mesa adornada com genitais masculinos e seios&nbsp;e uma cadeira decorada com representações gráficas de sexo oral.&nbsp;A questão é que existem, de fato, fotos dessas peças misteriosas, porém não se sabe se elas são realmente dos supostos móveis de Catarina ou apenas de uma coleção qualquer. E é aí que mora o problema.&nbsp;A veracidade dos relatos sobre o gabinete de Catarina são difíceis de comprovar. Apesar de décadas de especulação, não há evidências conclusivas de que esses móveis pertenciam realmente à imperatriz. Os historiadores ainda debatem se essas fotos são autênticas e se os soldados da Wehrmacht realmente encontraram essas peças.<h2 style="text-align:justify;">Nada de novo</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/02/02113305021116.png" alt="Suposta mesa de Catarina tinha várias alusões a órgãos sexuais. (Fonte: All That's Interesting/ Reprodução)"><figcaption>Suposta mesa de Catarina tinha várias alusões a órgãos sexuais. (Fonte: All That's Interesting / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Mesmo que esses móveis não tenham sido comprovadamente propriedade da imperatriz, sua história nos lembra de uma tradição antiga de móveis eróticos.&nbsp;Desde os assírios na Antiguidade, passando pelas <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121881-por-que-a-arte-erotica-era-tao-popular-na-antiga-pompeia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">ruínas de Pompeia</a>, até a "cadeira do amor" de Eduardo VII da Inglaterra, a humanidade sempre teve uma fascinação por artes que estimulam o nosso lado libidinoso.&nbsp;Então, pode até ser que a tal sala secreta — e os móveis — tenha realmente existido, até porque esse tema, por mais que normalmente seja um tabu, está sempre no nosso dia a dia e também na vida dos grandes nomes da história.&nbsp;Contudo, a questão sobre a existência ou não da tal sala vai além. Os rumores sobre a vida de Catarina podem ser uma tentativa de manchar sua imagem, já que muitos não aceitam o fato dela ter sido uma das mulheres mais importantes da história e do poder que ela exerceu sobre a Rússia, transformando o país completamente.&nbsp;Até o momento, a existência do mencionado gabinete permanece incerta. No entanto, é incontestável a força e a determinação que Catarina, a Grande, exibiu perante o mundo, elevando a presença feminina ao protagonismo.

large_catherine-the-great-gettyimages-544238316.jpg

medium_catherine-the-great-gettyimages-544238316.jpg

small_catherine-the-great-gettyimages-544238316.jpg

thumbnail_catherine-the-great-gettyimages-544238316.jpg

catherine-the-great-gettyimages-544238316.jpg

A sala pornográfica de Catharina, a Grande: realidade ou mito?

Estudo publicado na revista Science aponta que parte do território chinês está afundando.

O rápido processo de desenvolvimento que a China vivenciou nos últimos anos colocou o país em uma posição de destaque. Na década de 1980, a maioria da sua população era rural. Em 2023, além da proliferação de <a href="https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/36882-graficos-mostram-o-incrivel-crescimento-de-megacidades.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">megacidades</a> em seu território, vimos 65% da sua população total viver em áreas urbanas.Com um <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121830-entenda-a-relacao-entre-a-1-guerra-mundial-e-as-revolucoes-russas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">processo de industrialização tardio</a>, mas intenso, o país é um dos mais afetados pelas mudanças climáticas. Por outro lado, a China luta para ser referência na promoção de energias renováveis. Com a economia, sua evolução colocou o país na posição de segunda maior potência global, superando o Japão.<ul><li>Leia também:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/120475-maceio-entenda-por-que-o-solo-da-cidade-esta-afundando.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Maceió: entenda por que o solo da cidade está afundando</a></li></ul>No entanto, alguns problemas surgiram como resultado desse crescimento e ameaçam a população chinesa de forma direta. Segundo um estudo, publicado na revista Science, o país está afundando e estima-se que muitas áreas urbanas deverão ficar abaixo do nível do mar até 2120. Isso impactaria a vida de pelo menos 200 milhões de pessoas.<h2>Combinação de fatores ameaça as cidades chinesas</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/04/24/24105008743058.jpg" alt="Compactação excessiva do solo está reduzindo a estabilidade da superfície. (Fonte: Getty Images/Reprodução)"><figcaption>Compactação excessiva do solo está comprometendo a estabilidade da superfície dentro da China. (Fonte: Getty Images)</figcaption></figure></figure>O estudo tomou como base a análise de 82 cidades entre os anos de 2015 e 2022. Em 45% das porções estudadas, sinais de subsidência foram detectados, incluindo sua capital, Pequim, que apresenta uma taxa de 10mm por ano. O mesmo valor se aplica a 16% dessas áreas. Xangai, a maior cidade chinesa, e <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121259-as-7-maiores-cidades-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">uma das mais populosas do planeta</a>, já afundou três metros, segundo o levantamento realizado.Da mesma forma, outras cidades costeiras também são ameaçadas por esse processo. Ou seja, na medida que apresentam menor altitude e são mais povoadas, ficam mais vulneráveis a esse risco. Com isso, a estrutura das residências e dos edifícios presentes nesses locais é ameaçada por diferentes fatores, como as inundações e a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/120170-veja-em-imagens-como-o-aumento-do-nivel-do-mar-afetaria-as-cidades.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">elevação do nível do mar</a>.Mas, além da concentração da população em uma determinada faixa territorial, as contínuas intervenções sobre a superfície contribuíram para esse processo de desgaste. O próprio excesso de veículos com carga presente nas vias gera vibração do solo em áreas mais sensíveis e contribui com o agravamento do problema.<ul><li>Saiba mais:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/127934-as-10-cidades-costeiras-que-estao-afundando-mais-rapido-pelo-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">As 10 cidades costeiras que estão afundando mais rápido pelo mundo</a></li></ul><h2>Problemas a serem encarados</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/04/24/24105145774060.jpg" alt="(Fonte: Getty Images/Reprodução)"><figcaption>O afundamento de terrenos é um processo conhecido, mas a intensidade com que ele tem se manifestado nas cidades chinesas gera preocupação. (Fonte: Getty Images)</figcaption></figure></figure>A mineração e a exploração da água subterrânea também figuram como causas que favorecem tais efeitos sob a superfície. Em campos petrolíferos, não é diferente: Daqing, cidade que apresenta a maior base de produção do país, sofre com subsidências de 31 mm por ano. Mas como abrandar esse efeito? Essa é uma pergunta que a China do futuro precisa descobrir como responder.Fato é que não é a primeira vez que o país lida com efeitos colaterais do seu processo de urbanização. A <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/124043-a-china-esta-matando-o-mundo-com-seus-nevoeiros-de-poluicao.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">poluição do ar já atingiu níveis preocupantes</a> em diversas cidades. O crescente uso de carros elétricos, que ganhou incentivo nos últimos anos, mostra parte do esforço do governo para mitigar esses efeitos. A maior frota desses veículos, inclusive, está na China.A maior usina hidrelétrica do mundo, Três Gargantas, é chinesa. E ela também já foi <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/125196-barragem-gigante-na-china-esta-desacelerando-rotacao-da-terra.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">associada à desaceleração da rotação da Terra</a>, dando uma amostra perigosa da influência da ação do homem sobre o ambiente, sobretudo em empreendimentos tão ambiciosos. Tais questões não foram totalmente sanadas, mas exigem atenção constante. Com esse processo de subsidência, há um novo desafio a ser encarado.

large_GettyImages-874468942.jpg

medium_GettyImages-874468942.jpg

small_GettyImages-874468942.jpg

thumbnail_GettyImages-874468942.jpg

GettyImages-874468942.jpg

45% das áreas urbanas da China estão afundando em ritmo surpreendente; entenda o motivo

Liderada por militares, a revolução pôs fim ao autoritarismo liderado por Salazar que durou décadas no país europeu.

Portugal comemora os 50 anos da Revolução dos Cravos nesta quinta-feira (25), movimento que derrubou a <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/60-anos-do-golpe-4-datas-mais-importantes-da-ditadura-militar-no-brasil" rel="noopener noreferrer" target="_blank">ditadura militar</a> estabelecida desde 1926, dando início à redemocratização do país. A ação também contribuiu para o fim da Guerra Colonial travada contra nações africanas.Na época da revolução, Portugal vivia sob o regime ditatorial do Estado Novo, que entrou em vigência no ano de 1933, na sequência do golpe de estado de 1926. O país era liderado por António de Oliveira Salazar, que ficou no poder até 1968, quando foi obrigado a se afastar devido a problemas de saúde, falecendo pouco tempo depois.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/04/25/25140305481163.jpg" alt="Antônio Salazar governou Portugal durante décadas. (Fonte: Getty Images/Reprodução)"><figcaption>António Salazar governou Portugal durante décadas. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>O período, conhecido como Salazarismo, foi marcado pelo autoritarismo e alinhamento com as práticas da <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120077-as-atrocidades-cometidas-por-mussolini-nao-conheceram-limites.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">ideologia fascista italiana</a>, resultando no cerceamento dos direitos individuais e da liberdade de expressão. Com a ausência de Salazar, Marcelo Caetano assume o poder prometendo melhorias que não aconteceram.Foi neste cenário que o movimento ocorrido no dia 25 de abril de 1974, também chamado de Revolução de Abril, começou a ganhar força, alguns meses antes. Aproveitando a fraqueza política de Caetano e a crescente insatisfação popular, os opositores do regime se uniram para dar fim a ele.<h2>Movimento liderado por militares</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/04/25/25140730562164.jpg" alt="Os cravos foram dados aos militares que participaram da revolução para comemorar o fim da ditadura. (Fonte: Getty Images/Reprodução)"><figcaption>Os cravos foram dados aos militares que participaram da revolução para comemorar o fim da ditadura portuguesa. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Diferente de outros movimentos revolucionários registrados no século passado, a Revolução dos Cravos foi liderada por militares que formaram o Movimento das Forças Armadas (MFA). O grupo, composto em sua maioria por capitães associados à <a href="https://www.megacurioso.com.br/politica/99236-conheca-a-origem-dos-termos-esquerda-e-direita-na-politica.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">esquerda portuguesa</a>, tinha o apoio de políticos, intelectuais, artistas e de parte da população.Na madrugada de 25 de abril de 1974, integrantes do MFA solicitaram às rádios que tocassem a música “Grândola, Vila Morena”, do cantor José Afonso. Era uma espécie de senha para a população, indicando que eles estavam em marcha e tomariam as ruas de Lisboa, com o objetivo de exigir a deposição do então primeiro-ministro, Marcelo Caetano.<iframe width="560" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/gaLWqy4e7ls?si=Lr3W31fMirVhTOLP" title="YouTube video player" frameborder="0" allowfullscreen=""></iframe>Embora tenha havido alguma tensão entre os revolucionários e os militares que defendiam a continuidade do regime, inclusive com ameaças de disparos de tanques e explosões de granadas, o processo foi majoritariamente pacífico. Horas depois, Caetano anunciou sua renúncia.A população, que havia ido às ruas protestar contra a ditadura e apoiar os líderes do movimento, comemorou a queda do regime junto com os militares. Neste momento, apareceram os primeiros cravos vermelhos, distribuídos por Celeste Caeiro, que eram colocados pelos soldados nos canos de suas espingardas — vem daí o nome Revolução dos Cravos.<h2>Transição turbulenta</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/04/25/25135839005161.jpg" alt="População comemora a queda do Salazarismo junto com os militares. (Fonte: Wikimedia Commons)"><figcaption>População comemora a queda do Salazarismo junto com os militares. (Fonte: Wikimedia Commons)</figcaption></figure></figure>Após o fim da ditadura Salazarista foi instituída a Junta de Salvação Nacional, que ficaria responsável por governar <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/por-que-jovens-estao-falando-brasileiro-em-portugal-de-acordo-com-alguns-pais-e-professores" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Portugal</a> durante a transição para a democracia. No entanto, este processo até a remoção de todos os resquícios do período de autoritarismo foi bastante turbulento, incluindo tentativas de volta ao poder de entusiastas de Salazar.O primeiro escolhido pela Junta para comandar o país foi o general Antônio Spínola, nomeado presidente no dia seguinte. Mas ele não se mostrou disposto às mudanças radicais que a maioria desejava, mantendo alguns presos políticos e defendendo a continuidade da polícia política, entre outras medidas polêmicas.Spínola tentou tomar o poder em duas ocasiões, mas suas ações foram neutralizadas, levando-o a entregar o cargo e fugir. Tais <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/118211-ditadura-militar-como-e-por-que-aconteceu-o-golpe-de-1964.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tentativas de golpe</a> resultaram na criação do Conselho da Revolução (CR), que atuou na realização de acordos com partidos políticos, viabilizando as eleições para a Assembleia Constituinte.A votação aconteceu em 25 de abril de 1975, com o órgão iniciando os trabalhos em junho. Após alguns meses de tensão política, a Assembleia aprovou a nova Constituição de Portugal, em abril de 1976, que consagrava o princípio da igualdade, a liberdade de imprensa e <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/124877-6-religioes-que-sao-consideradas-proibidas-ou-ilegais-ao-redor-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">religiosa</a> e os direitos trabalhistas, sociais e culturais.Ramalho Eanes foi o primeiro presidente português eleito democraticamente após a Revolução dos Cravos, iniciando o mandato em julho de 1976.

large_GettyImages-1299800177.jpg

medium_GettyImages-1299800177.jpg

small_GettyImages-1299800177.jpg

thumbnail_GettyImages-1299800177.jpg

GettyImages-1299800177.jpg

Revolução dos Cravos 50 anos: movimento derrubou a ditadura em Portugal

Se produzimos mais alimento do que nunca, então por qual motivo mais de 700 milhões de pessoas passam fome?

Para entender por que&nbsp;o sistema alimentar mundial está falido, é necessário saber do que ele se trata. Quando falamos em sistema alimentar mundial, também conhecido como sistema agroalimentar, nos referimos a uma infraestrutura que engloba todo um departamento logístico de consumo e atividades do consumo de alimentos em escala global, desde instituições que fornecem os meios até atores diretos e indiretos, como agricultores, governos, organizações, ONGs e empresas agroalimentares.Esse sistema interconectado é essencialmente político, não só por tocar em assuntos que vão desde segurança alimentar, sustentabilidade ambiental, equidade social e mudanças climáticas; mas por ser um reflexo íntimo do desenvolvimento e expansão da civilização humana e complexidade das sociedades. Em linhas gerais, a urbanização e globalização.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/04/15/15155310423129.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)"><figcaption>48% da população mundial sofre de má nutrição relacionada a uma dieta ruim. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Apesar de as bases do sistema alimentar mundial como o conhecemos ter ganhado seus primeiros contornos a partir da Revolução Industrial do século XX, em quesito de linha de produção e escalonamento de processos, é possível dizer que seu conceito surgiu entre 10 mil a 5 mil anos atrás. O "Crescente Fértil", por exemplo, é sempre citado como um dos primeiros locais onde uma forma sedentária da agricultura se desenvolveu, por meio do cultivo de plantas, como trigo, cevada e leguminosas, fora a domesticação de animais para a produção de comida. Isso deu origem a excedentes de alimentos que esses povos começaram a enxergar como uma oportunidade de trocar ou comercializar com outras comunidades.Ironicamente, entender quais foram as causas que fizeram o sistema alimentar mundial falir é descobrir que foram os mesmos motivos pelos quais ele se desenvolveu.<h2>Os custos ocultos do sistema</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/04/15/15155636790132.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)"><figcaption>Cerca de 758 milhões de pessoas no mundo passam fome. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Em 2023, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) emitiu um relatório, o primeiro do gênero, sobre os denominados “custos ocultos” quantificados globalmente do setor agroalimentar. Foi descoberto que, em 2020, esses custos somaram US$ 12,7 trilhões com base na paridade do poder de compra, cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) global.Ao analisar os custos ocultos para a saúde, sociedade e o meio ambiente, incorporados no atual sistema alimentar, as descobertas iniciais da FAO mostraram que o maior impacto em termos monetários é na saúde, em que 73% de todos os custos ocultos contabilizados estavam associados a dietas que levaram à obesidade ou a doenças não transmissíveis, como a diabete. O próximo maior impacto foi no ambiente, representando mais de 20% dos custos ocultos quantificados.Financeiramente, esses custos ocultos globais se tratam de uma gama de despesas que não são imediatamente aparentes ou quantificáveis, mas que exercem grande impacto globalmente. Esses custos também incluem coisas, como efeitos ambientais negativos de certas práticas industriais, bem como podem estar associados à exploração de mão de obra em países em desenvolvimento.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/04/15/15155706586133.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)"><figcaption>15 bilhões de árvores são cortadas anualmente. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Uma fábrica, por exemplo, que descarta produtos químicos em um rio, pode economizar dinheiro a curto prazo ao evitar o tratamento adequado de resíduos. No entanto, essa conta vai chegar e ser revertida em custos ocultos globais, que podem incluir a manipulação do ecossistema do rio, impactando a pesca local, a saúde das comunidades ribeirinhas e até mesmo custos associados à perda de biodiversidade.Inclusive, os custos ocultos dos sistemas alimentares acabam afetando muito países subdesenvolvidos. Neles, quase metade dos custos estão relacionados à pobreza e podem, parcialmente, ser causados pelo fato de os agricultores não conseguirem produzir alimentos suficientes ou por não receberem um preço justo pelos seus produtos.<h2>A dominação do mercado por grandes players</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/04/15/15155752427134.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)"><figcaption>Pequenos agricultores são os mais afetados pelo sistema industrial. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Uma vez que o sistema se tornou amplamente dominado por corporações multinacionais, a industrialização alterou como produzimos alimentos, abandonando as economias circulares do passado, centradas na produção e reciclagem local, por um sistema unidirecional de fluxo contínuo para atender todo o globo. Com isso, os produtos que consumimos foram propositalmente desconectados de suas origens, causando pobreza e fome extremas em alguns países de baixo rendimento.Enquanto isso, nos países subdesenvolvidos, os pequenos agricultores precisam lidar com esquemas e táticas escusas, como o aumento de preços, o deslocamento da terra e o controle de sementes e patentes por grandes corporações. Além disso, o grande poder de mercado dessas gigantes permite que influenciem em leis que as beneficiem, tirando os agricultores ainda mais do páreo.O cacau cultivado em países pobres, como o Gana e a Costa do Marfim, onde os agricultores recebem uma ninharia pelas suas colheitas, é consumido em exagero em países de alta renda, principalmente na Europa. Se essas pessoas ingerissem menos chocolate, mas pagassem mais por um produto financeiramente justo e de maior qualidade, poderiam ajudar a reduzir os impactos na saúde na Europa e também direcionaria mais dinheiro para os agricultores da África Ocidental. No entanto, essa não é a ideia da alavanca capitalista da indústria alimentar.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/04/15/15155833384135.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)"><figcaption>A indústria agroalimentar é responsável por 40% das emissões de gases de efeito estufa em todo o mundo.(Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>O Japão possui uma parcela menor dos custos ocultos com relação à saúde nutricional dos seus habitantes, apesar de ser um país de rendimento elevado, porque os japoneses comem mais peixe e sua comida é cara, levando-os a dietas mais saudáveis. É preciso também considerar que existe uma cultura e priorização da ruralidade que constitui a identidade japonesa milenar.&nbsp;A FAO estimou que os custos ocultos dos alimentos em países de baixo rendimento representam 27% do PIB, em comparação com apenas 8% em países de rendimento elevado. É por isso que, em um comunicado à imprensa, o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, disse que, diante dos crescentes desafios globais, da disponibilidade de alimento ao agravamento da pobreza, o futuro dos sistemas agroalimentares depende da disposição geral de apreciar todos os produtores de alimentos, grandes ou pequenos, para reconhecer esses verdadeiros custos e entender como todos nós contribuímos para eles e quais ações precisamos tomar.<h2>A equação que não fecha</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/04/15/15155937876136.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)"><figcaption>40% da terra do planeta é coberta por fazendas industriais. (Fonte: GettyImages/Reprodução)</figcaption></figure></figure>A maximização do lucro e crescimento criaram um setor que necessita de enormes quantidades de energia no topo da cadeia de suprimentos para dar conta da demanda. É necessário cerca de 70% da água doce disponível no mundo para que a agricultura funcione, o que acaba diminuindo a fertilidade dos solos naturais, principalmente devido à aragem excessiva da terra e o uso de agrotóxicos perigosos que danificam permanentemente o solo e as águas subterrâneas. Soma-se a isso o desmatamento da floresta tropical, os meios de subsistência das plantas, animais e povos indígenas.Não é para menos que o <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/126786-ultraprocessados-como-nos-tornamos-refens-de-uma-alimentacao-nociva.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">setor de alimentos</a> é um dos principais contribuintes para as <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/128381-o-que-aconteceria-se-os-danos-climaticos-pudessem-ser-revertidos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">mudanças climáticas</a>, responsável por até 40% das emissões de gases de efeito estufa em todo o mundo. Com isso, muitos governos lançaram iniciativas para tentar reduzir os custos ambientais ocultos, como foi o caso da Estratégia do Prado ao Garfo, da União Europeia, cujo objetivo é garantir que um quarto das terras agrícolas europeias seja biológica e também que haja uma redução de fertilizantes em pelo menos 20% até 2030.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/04/15/15160101047137.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)"><figcaption>O sistema agroalimentar usa 70% da água doce disponível no mundo. (Fonte: GettyImages/Reprodução)</figcaption></figure></figure>O problema é que essa equação é praticamente um tiro no pé. Para atingir esses objetivos, deve haver também uma redução da produtividade global das explorações agrícolas, o que significa que os países europeus precisariam importar mais alimentos do Brasil, por exemplo, incentivando verticalmente o <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128720-como-o-plantio-de-arvores-estaria-contribuindo-para-a-destruicao-do-planeta.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">desmatamento</a> aumentando, de qualquer forma, os custos ambientais ocultos. Ou seja, os governos precisam resolver os problemas do seu sistema alimentar, não apenas transferir a responsabilidade para outras partes do mundo.Reduzir os custos ocultos exige ação governamental e escolhas individuais diretas para uma nova percepção de para onde o sistema alimentar mundial está levando a população. A FAO já trabalha no relatório do próximo ano com uma série de estudos de caso e iniciativas para que os países comecem a tentar consertar o sistema alimentar mundial que, apesar de sua enorme produção, causa a fome de 768 milhões de pessoas.

large_GettyImages-985170852.jpg

medium_GettyImages-985170852.jpg

small_GettyImages-985170852.jpg

thumbnail_GettyImages-985170852.jpg

GettyImages-985170852.jpg

Por que o sistema alimentar mundial está falido?

Conheça a curiosa história de Ilhote de Vélez de la Gomera, o local com a fronteira mais compacta do mundo.

Localizada ao norte da África, uma pequena ilha rochosa conhecida como Ilhote de Vélez de la Gomera, ou também como Penedo de Vélez de la Gomera, é um ponto de interesse geopolítico devido à sua notável distinção: é o lar da menor <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119861-fronteiras-de-onde-vem-e-o-que-porque-existem.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">fronteira terrestre</a> oficialmente reconhecida do mundo.Com apenas 85 metros de extensão, essa pequena parcela de terra liga a Espanha ao Marrocos e oferece uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/124171-voce-conhece-a-guiana-brasileira-motivo-de-guerra-entre-brasil-e-franca.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">história rica e intrigante</a>, marcada por conquistas, disputas e uma presença militar constante. Vamos explorar mais sobre essa peculiar fronteira e conhecer melhor sua história.<h2>História e contexto geopolítico</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/04/07/07194413734008.jpg" alt="Foto do Penedo de Velez de la, em 1920, quando ainda era uma ilha separada do continente. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)"><figcaption>Foto do Ilhote de Vélez de la Gomera em 1920, quando ainda era uma ilha separada do continente. (Fonte: Wikimedia Commons)</figcaption></figure></figure>O Penedo de Vélez de la Gomera foi conquistado pela <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/o-roubo-e-trafico-de-bebes-na-espanha-cresceu-mesmo-apos-o-fim-do-fascismo" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Espanha</a> em 1564, e desde então permanece sob sua soberania, apesar das reivindicações esporádicas do Marrocos. Essa rocha estéril era uma ilha até que um terremoto, em 1934, causou uma elevação do fundo do mar que transformou a ilha em uma península, ligada ao continente por uma faixa de terra.Atualmente, o penedo abriga apenas uma guarnição militar espanhola encarregada da vigilância e da defesa do território. Os soldados, cujas vidas são sustentadas por suprimentos entregues regularmente pela Marinha espanhola, <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/121233-como-era-a-vida-de-um-soldado-americano-na-guerra-do-vietna.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">vivem em condições modestas</a>, sem acesso à água corrente ou eletricidade.O local desempenha um papel significativo na geopolítica da região, e faz parte dos chamados "lugares de soberania" que a Espanha mantém no norte da África, com outros territórios autônomos como Ceuta, Melilla e Ilhas Chafarinas.<h2>Dimensões e importância estratégica</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/04/07/07194709657009.jpg" alt="Ilustração do mapa local, destacando a localização da fronteira e a presença de um quartel na região. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)"><figcaption>Ilustração do mapa local, destacando a localização da fronteira e a presença de um quartel na região. (Fonte: Wikimedia Commons)</figcaption></figure></figure>Com seus meros 85 metros de comprimento, essa fronteira terrestre ultracurta destaca-se por sua singularidade. Apesar de sua pequena escala física, o local tem importância estratégica, especialmente para a Espanha, devido ao seu papel como ponto de apoio crucial em suas operações de segurança no Mediterrâneo. Além disso, sua localização próxima ao estreito de Gibraltar é estrategicamente valiosa no controle das rotas marítimas.Embora a Espanha mantenha uma presença militar constante no penedo, o poder sobre o território não está isenta de desafios e controvérsias. O <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/105373-chefchaouen-conheca-a-cidade-no-marrocos-que-ha-500-anos-e-pintada-de-azul.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Marrocos</a> continua a reivindicar a soberania sobre a rocha, resultando em tensões diplomáticas entre os dois países. Essa disputa territorial em um espaço tão pequeno reflete os complexos vínculos históricos e políticos que permeiam a região do norte da África.O Ilhote de Vélez de la Gomera, com sua distinção como a menor fronteira terrestre do mundo, oferece uma visão fascinante sobre a interseção entre história, geopolítica e geografia. Apesar de seu tamanho diminuto, essa rocha desempenha um papel significativo nas dinâmicas regionais e nas relações entre a Espanha e o Marrocos. É um lembrete marcante da complexidade e da <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119861-fronteiras-de-onde-vem-e-o-que-porque-existem.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">importância das fronteiras</a> entre os países.

Política

Novidades