Por que lembramos de situações que nunca aconteceram?

05/02/2022 às 10:002 min de leitura

Nosso cérebro tem a capacidade de pregar muitas peças e, inclusive, recordar acontecimentos que nunca se concretizaram. Conhecida como “memória falsa”, ela é mais recorrente do que se pensa, e o problema é que a pessoa que sofre dessa situação não consegue distinguir entre o que é real e aquilo que não é. Diferente de uma mentira, na memória falsa a pessoa não tem a consciência que aquele fato nunca aconteceu.

De acordo com Martin Conway, professor de Psicologia Cognitiva da City University of London (Reino Unido), em uma entrevista para a BBC News Brasil, todos estão suscetíveis a criar uma recordação que não faz jus à realidade, mas que se encaixa na história que construímos sobre nossa vida e personalidade.

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Funções das memórias

(Fonte: Pixabay/Reprodução)(Fonte: Pixabay/Reprodução)

Para entender por que nossa memória é tão suscetível ao erro, é preciso ter uma base das diferentes funções das memórias. Uma delas é recordar o passado próximo: essa lembrança é razoavelmente precisa. 

Há também a chamada “memória autobiográfica", destinada a períodos mais longos (meses, anos ou décadas). De acordo com Conway, as memórias autobiográficas servem mais para nos ajudar como indivíduos, para nos definir; por isso, “não é particularmente importante que a memória seja bastante precisa. O que importa é que seja consistente, encaixe-se na sua vida e no que você constrói sobre si mesmo. Esse processo pode ser inconsciente", disse o professor.

A criação das memórias falsas

Martin Conway, também diretor do Centro de Memória e Direito, estuda o assunto há 40 anos. De acordo com as pesquisas dele, é comum encontrar erros em um conteúdo da memória. É normal que estejam relacionados a detalhes daquela memória em específico e, inclusive, podem ser de lembranças e circunstâncias que nunca se concretizaram.

Isso acontece porque temos a capacidade de imaginar situações. Dentre as diversas imaginações que criamos, algumas o cérebro passa a entender como memórias — e isso é bastante característico das memórias de infância, principalmente.

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Ainda segundo o psicólogo, memória e imaginação sucedem nas mesmas redes neurológicas do nosso cérebro. Ao estar focado em uma atividade ou pensando na vida, no passado ou no futuro, as práticas de lembrar e imaginar acontecem na mesma rede, o que torna nosso cérebro suscetível ao erro.

Isso significa que, apesar de ainda ser misterioso como funciona esse processo de criação de memórias falsas, há um fator que os pesquisadores da área concordam: ninguém cria memória falsa de maneira intencional. 

É possível, por exemplo, que você converse com alguém e, após isso, imagine como essa conversa poderia ter se desenrolado melhor e, de tanto criar um novo cenário, de forma gradual, ele se transforma em uma memória real. Isso acontece porque as memórias são nada menos do que construções mentais.

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