Por que a Europa está secando?

19/05/2023 às 10:003 min de leitura

A seca sempre foi um problema. Não é para menos que é considerada uma das catástrofes naturais mais destrutivas em termos de perda de vida, causando a destruição de safras em larga escala, incêndios florestais e estresse hídrico.

O fenômeno ocorre quando uma área tem escassez de abastecimento de água devido à falta de chuvas, de águas superficiais ou subterrâneas, podendo durar semanas, meses ou anos. Essa é a odisseia do Nordeste brasileiro, por exemplo, cujas raízes de destruição remontam à época da colonização. Em 1877, a seca matou cerca de 500 mil pessoas, o equivalente a 5% da população da época, em dois anos de estiagem agressiva.

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Em 1915, o Brasil voltou a testemunhar seca extrema, e em 1930, os Estados Unidos padeceram com o Dust Bowl. Para muitos, essa primeira metade do século XX é considerada o início da seca como problema pelo mundo, que tem se agravado devido à degradação da terra e as mudanças climáticas, aumentando em frequência e gravidade. 

É possível que até 2040, a seca possa afetar cerca de três quartos da população mundial, o que significa que a produção agrícola terá que aumentar em 60% para atendar à demanda global de alimentos em 2050. Ou seja, cerca de 71% da área irrigada do mundo e 47% das principais cidades sofrerão pelo menos escassez periódica de água, conforme observou a Convenção das Nações Unidas para Combater a Desertificação (UNCCD).

Tudo é pó

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Pelo visto, o que está acontecendo na França é apenas o início. O país viveu o inverno mais seco desde 1959. A severidade da seca fez algumas autoridades proibirem novos projetos de construção de casas pelos próximos quatro anos para poupar a drenagem dos recursos hídricos que esses projetos causariam.

Esse problema está se espalhando por várias partes da Europa, como Reino Unido, Suíça, Irlanda, Alemanha e algumas regiões da Itália. A temperatura, que atingiu níveis recordes no ano passado durante o verão, impediu que vários aquíferos e reservatórios de superfície tivessem chance de se recuperar. Agora essa escassez ameaça de maneira ainda mais extrema a vida de milhares de pessoas, bem como a indústria e a biodiversidade em grande escala.

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Segundo o Observatório Europeu da Seca, que rastreia indicadores de estiagem em todo o continente, o que diferencia essa seca das demais é que vastas regiões estão muito mais secas do que deveriam considerando o fluxo do fenômeno.

Os reservatórios na França e no norte da Itália estão cerca de 40% a 50% abaixo do nível que deveriam, sendo que o rio mais longo da Itália, o Pó, está 60% abaixo de seus níveis normais. O glaciologista Daniel Farinotti, que examina o derretimento das geleiras nos Alpes Suíços, observou que há cerca de metade da neve habitual nos Alpes nesta época do ano. E se as geleiras continuarem a derreter nesse ritmo, não haverá mais gelo até o final do século, acarretando consequências fatais.

"Um mar de água"

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Os próximos meses são cruciais para a Europa. Chuvas podem aliviar a situação e evitar a pior catástrofe natural do século, mas, para isso, é preciso de muito. “Estamos falando de um mar de água”, disse Hannah Cloke, da Universidade de Reading, no Reino Unido. Ou seja, em termos de volume, centenas de milhões de litros de chuva precisam cair no continente para cobrir o déficit deixado pela seca extrema.

No entanto, as chances disso acontecer não são muito altas. O Met Office, agência meteorológica do Reino Unido, estima que há 10% de chance de março, abril e maio mais úmidos do que a média. Por outro lado, há 30% de chance que esse período seja mais seco do que o normal.

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Além disso, chover não é o suficiente. A chuva precisa cair nos lugares certos e de maneira certa, caso contrário, existe a chance de que haja enchentes sérias e um novo período de seca. “O que queremos é ver chuvas regulares e razoavelmente suaves nos próximos meses”, disse Cloke.

Embora haja uma incerteza quanto às ondas de calor ao longo do verão desse ano, as previsões europeias não sugerem que as temperaturas serão tão quentes quanto em 2022. Isso é essencial para evitar o cenário apocalíptico ainda mais iminente com as proibições e restrições que as autoridades estão fazendo ao longo de todo o continente para conseguir contornar a situação calamitosa.

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