Ratos mumificados são encontrados no topo de vulcões andinos

27/10/2023 às 14:002 min de leitura

Há 10 anos, um grupo de 13 camundongos mumificados foram encontrados no alto da Cordilheira dos Andes, onde o ambiente é mistura árida de rochas, neve e gelo — sem contar as temperaturas que nunca ultrapassam a casa do 0ºC. A 6 mil metros acima do nível do mar, o ar na região é tão rarefeito que se torna difícil respirar.

Por esses motivos, pesquisadores passaram muito tempo acreditando que esse habitat era muito hostil para acolher vida. Como as condições de vida no topo dos vulcões andinos é muito semelhante às encontradas em Marte, os pesquisadores agora estão se questionando como os ratos chegaram até lá e conseguiram sobreviver.

Vida em condições hostis

(Fonte: Jay Storz/Divulgação)(Fonte: Jay Storz/Divulgação)

Por volta de 2013, um grupo de montanhistas que subia o vulcão Llullaillaco, com 6,6 mil metros de altura, na fronteira entre Chile e Argentina, avistou algo muito curioso: um pequeno roedor deslizando pela neve. Em 2020, cientistas atingiram o pico mais uma vez para confirmar a descoberta e conseguiram capturar um rato vivo de cauda amarelada.

A criatura rapidamente ganhou as manchetes como o mamífero que vive mais alto no mundo, estando a mais de 600 metros acima das plantas de maior altitude na região. Desde então, pesquisadores da Universidade de Nebraska expandiram a sua busca pelos chamados camundongos de grande altitude em 21 picos dos Andes.

Em um novo estudo publicado na Current Biology, o líder da pesquisa, Jay Storz, e seus colegas relataram a descoberta de restos mumificados de 13 ratos com orelhas de folha nos cumes de três vulcões diferentes. A pesquisa sugere que a criatura capturada em 2020 não foi um caso isolado, mas sim um sinal de que existem comunidades de roedores nestas condições adversas.

Os cientistas também levantaram uma série de outras questões sobre o tema, incluindo como e por que esses ratos chegaram nessa região do mundo. Datações por radiocarbono sugerem que os roedores de dois vulcões, Salín e Copiapó, tinham apenas algumas décadas de idade, enquanto amostras do Vulcão Púlar tinham no máximo 350 anos. 

Novas teorias

(Fonte: Jay Storz/Divulgação)(Fonte: Jay Storz/Divulgação)

No passado, arqueólogos já haviam sugerido que os primeiros ratos foram levados aos vulcões — intencionalmente ou não — pelos Incas, que eram conhecidos por fazer peregrinações a esses locais para sacrifícios humanos e animais. Contudo, o novo estudo indica que os Incas visitaram essas regiões centenas de anos antes de os ratos descobertos viverem lá.

Como os animais foram essencialmente liofilizados, o que significa que passaram por um processo de criodesidratação, os cientistas conseguiram extrair seu DNA e compará-lo com o material genético de outros ratos da mesma espécie que viviam nas terras baixas e na região central do Atacama.

“Nossos dados genômicos indicam que não: que os ratos dos cumes e os dos flancos ou da base dos vulcões no terreno desértico circundante são todos uma grande família feliz”, disse Storz em comunicado oficial. Isso sugere que os camundongos dos Andes foram para lá por vontade própria — uma região anteriormente usada pela NASA como campo de treinamento na busca por vida em Marte.

Como próxima etapa, Storz e seus colegas planejam continuar procurando respostas sobre como essas criaturas são capazes de sobreviver nessa parte hostil do mundo e fazer novas investigações sobre a fisiologia desses minúsculos animais. 

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