Cientistas acreditam que sistema de comunicação universal exista entre humanos

17/01/2024 às 10:002 min de leitura

Existem milhares de idiomas no mundo, com as mais diferentes sonoridades, gramáticas, jeitos de construir frases e formas de expressar ideias. E se você já viajou para algum país cuja língua você não falava, você provavelmente já tentou se fazer entender com sinais e gestos. Como as pessoas conseguem se entender dessa forma, mesmo vindo de contextos tão diferentes? Será que a língua que falamos muda a nossa comunicação não verbal?

A psicóloga Seyda Özçaliskan, especialista em desenvolvimento da linguagem e falante nativa do idioma turco, se fez essa pergunta. Então, ela criou um estudo com 100 crianças entre três e doze anos, na Universidade Estadual da Geórgia, nos Estados Unidos. 

Metade das crianças era falante nativa do inglês e metade tinha o turco como língua materna. As crianças precisam descrever uma mesma ação — primeiro falando e gesticulando, e depois sem falar nada, apenas com a comunicação não verbal. 

Os idiomas também impactam a comunicação não verbal

Özçaliskan explica que o turco e o inglês são idiomas que têm estruturas bem diferentes para descrever acontecimentos. Se você quer dizer que "um homem entrou correndo em uma casa", por exemplo, você pode usar uma única frase em inglês: he ran into a house. Muito direto.

Já em turco, a situação é bem diferente: você tem que fragmentar as ideias. "Você diz: ele está correndo e depois ele entra na casa", explica a cientista. Essa diferença ficou evidente na forma como as crianças gesticulavam ao falar.

Os gestos das crianças que falavam inglês eram mais diretos, enquanto os das crianças turcas dividiam as ideias, como na fala. Esse padrão aparecia mesmo nas crianças mais pequenas, de três ou quatro anos. Contudo, quando elas precisavam descrever a ação sem falar, apenas com a comunicação não verbal, esses padrões específicos dos idiomas desapareciam. 

Fonte: GettyImagesFonte: GettyImages

Existe um sistema de comunicação não verbal universal?

Esse não é o primeiro estudo que Seyda Özçaliskan e sua equipe fazem sobre esse assunto. Anteriormente, uma pesquisa com adultos falantes de turco e inglês, incluindo pessoas cegas e com visão, trouxe resultados parecidos. Havia diferenças na comunicação não verbal se as pessoas falavam, mas as diferenças desapareciam quando elas só gesticulavam. 

Vale lembrar que os gestos são apenas uma das formas de comunicação não verbal: também é possível se expressas pela linguagem corporal, postura, contato visual, expressão visual, etc.

Mas, observando que as pessoas se comportam de formas semelhantes para expressar uma ideia sem palavras, independentemente do idioma nativo e da visão, o estudo traz uma ideia muito interessante. Pode existir um sistema de comunicação não verbal universal que é alterado (ou esquecido) conforme aprendemos um idioma. 

Claro que essa é uma afirmação categórica — e os estudos de Özçaliskan são relativamente pequenos para extrapolar seus resultados para toda a humanidade. Mas essa evidência abre espaço para outros estudos interessantíssimos. Lembre-se disso quando precisar se entender com uma pessoa turca, fazendo sinais.

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