Lagartos evoluíram para resistir ao veneno mortal das cobras

09/04/2024 às 08:002 min de leituraAtualizado em 11/04/2024 às 22:08

Na vastidão das terras australianas e nas densas florestas da Indonésia, uma batalha épica da evolução acontece silenciosamente, mas com resultados impressionantes. É um duelo entre cobras venenosas e lagartos habilidosos, onde a vida e a morte dependem de quem tem a melhor adaptação

De acordo com um estudo recente liderado pelo professor Bryan Fry, da Universidade de Queensland, na Austrália, alguns lagartos criaram estratégias evolutivas surpreendentes para resistir aos venenos mortais das cobras.

A evolução da resistência

O dragão-de-Komodo é um verdadeiro blindado. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)
O dragão-de-komodo é um verdadeiro blindado. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)

A pesquisa revelou que os lagartos desenvolveram estratégias distintas para lidar com as cobras, levando em consideração suas características físicas individuais e necessidades específicas de sobrevivência. Essas adaptações variadas permitem que os lagartos sejam mais eficazes em seus respectivos ambientes.

Os cientistas constataram que, no geral, os lagartos possuem uma resistência biológica às neurotoxinas presentes no veneno das cobras. A questão é que eles também perceberam que algumas das espécies de lagarto perderam um pouco da resistência química ao trocar o método de defesa. 

Os lagartos grandes, como os dragões-de-komodo, adotaram uma abordagem de força bruta. Com suas escamas grossas, cheias de ossos e seus dentes afiados, eles enfrentam as cobras diretamente, como se fossem tanques de guerra invadindo o território inimigo. Esses gigantes confiam em sua constituição física para se protegerem, em vez de depender de resistência química

Por outro lado, os lagartos menores desenvolveram uma defesa mais sutil, mas que também gerou uma menor capacidade de enfrentar o veneno das cobras. Como esses tipos de lagartos não possuem carcaças duras e pesadas, a melhor estratégia encontrada foi viver no alto das árvores, ficando longe dos predadores. 

Enquanto algumas espécies foram perdendo a resistência devido suas adaptações físicas, outros mantiveram a capacidade de suportar a ação das toxinas. Isso aconteceu em grande medida com os lagartos que vivem em buracos no solo e, portanto, estão sempre dando de cara com víboras prontas para atacá-los.

Uma dança evolutiva complexa

As víboras também se evoluem para aperfeiçoar seu veneno. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)
As víboras também se evoluem para aperfeiçoar seu veneno. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)

Acredite, o processo evolutivo nunca é simples. À medida que os lagartos se adaptam de diversas maneiras para driblar o veneno das cobras, estas últimas contra-atacam, desenvolvendo toxinas ainda mais potentes. 

No jogo da sobrevivência, não é apenas um dos lados que busca meios evolutivos para se sobrepor ao outro. Tal mudança acontece para ambos os lados. 

Estudos anteriores já mostraram que algumas cobras vão criando neurotoxinas cada vez mais nocivas e poderosas, numa tentativa adaptativa de destruir as barreiras impostas pelos lagartos. Assim como tivemos a corrida espacial entre Estados Unidos e União Soviética, saiba que há uma corrida armamentista biológica ocorrendo nesse exato momento entre cobras e lagartos. 

Para os cientistas, essa é uma dança complexa de adaptação, onde ganhos e perdas se entrelaçam ao longo do tempo, como as famosas bonecas russas chamadas de Matrioska, em que cada camada vai se sobrepondo à outra. 

No final de contas, resta a certeza de que a natureza está sempre em mudança e se adaptando para sobreviver de qualquer jeito, nem que para isso tenha de refazer seus hábitos e, até, sua composição física e biológica. 

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