Quincy: a cidade onde os habitantes ficaram ricos graças à Coca-Cola

17/12/2023 às 14:003 min de leitura

O valor de uma empresa é normalmente representado pela sua capitalização de mercado, ou pelo preço atual das ações, multiplicado pelo número de ações em circulação. Atualmente, o patrimônio líquido da Coca-Cola é de US$ 238,83 bilhões. De acordo com um gráfico desenvolvido pela Macrotrends, mais de 1,9 bilhão de garrafas de Coca-Cola são vendidas por dia em mais de 200 países, em uma rede que emprega direta e indiretamente 700 mil funcionários. Nos doze meses encerrados em 30 de setembro de 2023, a gigante varejista faturou US$ 44 bilhões.

A Coca-Cola se estabeleceu e se espalhou como uma espécie de vírus por várias partes do mundo, graças à campanha agressiva e estratégia comercial adotada pelo empresário Asa Candler, que comprou os direitos de propriedade da bebida de John Pemberton e dominou o mercado global de refrigerantes ao longo do século XX e XXI. 

Para garantir ampla distribuição do produto, Candler fez acordos com engarrafadoras locais e também parcerias com restaurantes e lanchonetes para que a bebida fosse onipresente e associada sempre a uma boa refeição ou ao lazer.

Em 1919, a empresa entrou para a Bolsa de Valores com ações a US$ 40, mas chegou a cerca de US$ 19 devido a conflitos entre seus fornecedores. Quando veio a Grande Depressão, que quebrou a economia estadunidense, o banqueiro Mark Welch Munroe viu a oportunidade de fazer fortuna. Mas ele não pensou só em si, ele encorajou uma cidade inteira a seguir seus passos.

Conheça a história de Quincy, a cidade onde os habitantes ficaram ricos comprando ações da Coca-Cola.

O banqueiro visionário

Mark Welch Munroe. (Fonte: Florida Memory/Reprodução)Mark Welch Munroe. (Fonte: Florida Memory/Reprodução)

Em meio ao caos da Grande Depressão, Munroe percebeu que, não importasse o quão empobrecida uma pessoa estivesse, ela sempre gastaria seu último centavo em uma garrafa de Coca-Cola. Foi isso que o convenceu de que a bebida seria um investimento perfeito a longo prazo, considerando, principalmente, o quanto a empresa estava se enraizando na cultura e imaginário popular.

O banqueiro, no final das contas, poderia não fazer ideia de que a pechincha que estavam as ações da Coca-Cola naquela época seria o negócio do século, mas sabia que gostava do que via, por isso passou a comprar ações da empresa sem parar. Não contente com isso, Munroe convencia qualquer pessoa que entrava em seu banco a pedir um empréstimo para investir nas ações. Foi assim com professores, agricultores, merceeiros e qualquer outro profissional. O banqueiro não apenas os encorajou a comprar as ações como também os aconselhou a mantê-las, não importasse quais flutuações de mercado de curto prazo elas sofressem.

O negócio era simplesmente tentador e ninguém conseguia dizer não para Munroe. Esse foi o caso, por exemplo, do pai do ex-deputado estadual de Quincy, Bob Woorward Jr., que pediu um empréstimo agrícola de US$ 2 mil ao banqueiro, que liberou US$ 4 mil, com uma condição: que o homem investisse em ações da Coca-Cola. Ele aceitou a proposta e o dinheiro do seu investimento ajudou a família a sobreviver e prosperar durante a Grande Depressão. E isso foi apenas o começo.

A cidade dos milionários

(Fonte: Hulton Archive/Getty Images)(Fonte: Hulton Archive/Getty Images)

O que aconteceu na pacata cidade de Quincy é que ela se tornou a mais rica dos Estados Unidos, com 67 milionários que passaram sua riqueza por várias gerações apenas porque seguiram o conselho de Munroe, não só comprando as ações da Coca-Cola, mas também não abrindo mão delas.

Todo mundo que comprou pelo menos uma ação da empresa em seu IPO por US$ 40, e reinvestiu todos os dividendos, agora teria mais de US$ 10 milhões. Nem seria necessário, no entanto, investir tão cedo para ter um retorno significativo. Ainda que a pessoa tivesse recebido uma ligação da empresa em 1949 dizendo que receberia um bônus de US$ 500 pelo ano, e decidisse investi-lo apenas em 2020, esse investimento ainda valeria mais de US$ 1,23 milhão. Isso porque o retorno total é calculado sob a suposição de que os dividendos estão sendo reinvestidos.

O raciocínio por trás disso funciona como um efeito bola de neve que se agrava com o tempo. Se você está comprando mais ações da ação com seu dividendo, isso aumenta o próximo pagamento de dividendo, aumentando também o número de ações que é possível comprar em seguida, gerando um lucro ainda maior. Além disso, o próprio pagamento de dividendos aumentará com o tempo e à medida que a empresa continue a aumentar seus lucros.

(Fonte: Hulton Archive/Getty Images)(Fonte: Hulton Archive/Getty Images)

Mesmo não sendo de Quincy, o famoso investidor e filantropo Warren Buffet, presidente do conselho e diretor executivo da companhia Berkshire Hathaway, foi atrás das ações da Coca-Cola ao ver a oportunidade. Em 1988, ele comprou 6,2% da empresa por US$ 1 bilhão. Em 2020, ele detinha 9,3% da Coca-Cola, avaliada em quase US$ 22 bilhões, o que lhe rendeu US$ 656 milhões em dividendos — que ele decidiu não reinvestir porque, claramente, conseguiria um negócio melhor.

Buffet é apenas um exemplo de como as ações da Coca-Cola tiveram o poder de transformar a vida de quem sabia investir e, principalmente, ter paciência para esperar. 

A riqueza geracional que mudou o curso das vidas de várias famílias em Quincy gerou um efeito cascata que ajudou a própria cidade, visto que os dividendos das ações da Coca-Cola mantiveram a economia local viva e estável em momentos de necessidade, garantindo que a cidade não só sobrevivesse à Grande Depressão como à todas as recessões que surgiram depois. Uma ação da Coca-Cola dos dividendos da era Munroe vale mais de US$ 10 milhões se reinvestidos, e paga mais de 270 mil por ano em dividendos. Atualmente, 64% dos ativos fiduciários do antigo banco de Munroe permanecem investidos em ações na empresa.

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