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25/09/2022 às 10:00•2 min de leitura
Com ações supervalorizadas, fraude de especuladores e excesso de confiança na compra de ações na margem (compra no crédito, que fica à mercê da alta dos preços), em 29 de outubro de 1929, apesar de ninguém ter ouvido a Bolsa de Valores de Nova York "quebrando", foi possível senti-la de uma maneira tão forte que mudou a história da América do Norte para sempre.
Ainda que tenha marcado o início da crise, a quebra não foi o único fator que contribuiu para a Grande Depressão de 1929. Houve também o boom especulativo da década de 1920 com problemas de excesso de oferta e superprodução, baixa demanda e alto desemprego, erros da Reserva Federal, agitações políticas e tarifa inoportuna.
O resultado disso foi que economias do Sudeste Asiático, Polônia, Argentina e Canadá sofreram uma derrocada com a crise. Mas como o Brasil foi afetado pela Grande Depressão de 1929?
(Fonte: Archive Photos/Getty Images)
No campo econômico, durante os primeiros cinco anos desde o início da crise, a taxa de desemprego subiu para 25%, deixando mais de 12.830 mil norte-americanos desempregados. Com isso, cerca de 273 mil pessoas perderam suas casas em 1932, vítimas da falta de subsídio para pagar a hipoteca quando a estagflação esmagadora os atingiu.
Em agosto de 1929, a economia começou a encolher, chegando a margem de 50% de redução. Até o final daquele ano, um terço de todos os bancos havia falido, o equivalente a 9 mil instituições financeiras, levando consigo US$ 7 bilhões em ativos dos depositantes. Em uma época em que não exista seguro, isso significava que os clientes acabavam sem um centavo quando um banco fechava as portas.
Até 1933, o país havia sofrido pelo menos 4 anos de contração econômica, produzindo apenas US$ 57,2 bilhões de Produto Interno Bruto (PIB), metade do que gerou em 1929 antes da quebra da Bolsa.
(Fonte: General Photographic Agency/Getty Images)
Visando recuperar, reformar a economia e também auxiliar os prejudicados pela crise, o então presidente dos EUA, Franklin Roosevelt, implementou uma série de programas conhecidos como New Deal, entre 1933 e 1937. Os gastos com o projeto impulsionaram o crescimento do PIB em 10,8% em 1934, entrando em uma curva ascendente nos próximos anos.
No entanto, o corte dos gastos do projeto retomou a Depressão, fazendo a economia encolher em 3,3%, e a taxa de desemprego saltar para 19% em 1938. Os preparativos para a Segunda Guerra Mundial aumentaram o PIB para 8% em 1939, e depois para 8,8% no ano seguinte. Em 1941, o Japão bombardeou Pearl Harbor, lançando os EUA para a guerra, e isso fez o PIB saltar para 17,7%.
Enquanto o governo batalhava para controlar a situação, os americanos viviam em um verdadeiro inferno. Sem produção industrial e com colheitas abandonadas nos campos, filas de pão e caldeirões de sopa se tornaram a nova realidade de milhares de habitantes.
Mais de 300 mil sem-tetos tomaram as ruas dos EUA, vagando de um lado para o outro do país, pegando carona em trens e dormindo com famílias inteiras sob pontes. Com base nas estatísticas elaboradas por John Galbraith no livro The Great Crash 1929, estima-se que 23 mil pessoas tenham cometido suicídio devido à crise.
(Fonte: Acervo CPDOC/Reprodução)
Na década de 1920, os Estados Unidos eram o maior comprador do café brasileiro, e quando a Depressão destruiu a economia americana, o índice de importação do produto diminuiu a níveis drásticos, levando a uma queda constante dos preços.
Temendo a desvalorização excessiva do café, o governo do então presidente Getúlio Vargas comprou toneladas de café e as queimou, visando diminuir a oferta e manter o preço do principal produto que movimentava a economia do país. Essa medida paliativa protecionista foi considerada efetiva, uma vez que, com a crise do café, muitos cafeicultores passaram a investir no setor industrial, incentivando-o e alinhando a produção agrária aos novos interesses.