Como o maior organismo unicelular do mundo se tornou uma praga?

01/05/2024 às 12:002 min de leituraAtualizado em 01/05/2024 às 12:00

A Caulerpa taxifolia é considerada o maior organismo unicelular do mundo, mas ela não é uma espécie microscópica. Podendo chegar a incríveis 90 cm de cumprimento, essa alga verde tem características únicas de sobrevivência que acabaram se tornando um problema para o ecossistema marinho.

A C. taxifolia ganhou o apelido de “alga assassina” por conta das toxinas que libera para garantir a sua sobrevivência. Além disso, a planta tem um crescimento descontrolado fora de seu habitat original e compete por luz e nutrientes com outras espécies, o que acaba reduzindo a biodiversidade local.

Nativa das águas quentes do Caribe, do Golfo da Guiné e do norte do Oceano Índico, uma cepa da espécie foi desenvolvida para viver em águas frias e ser utilizada em aquários. Mas a dor de cabeça começou quando o organismo unicelular foi liberado acidentalmente no mar Mediterrâneo pelo Museu Oceanográfico de Mônaco.

Sem paredes celulares

O gênero Calerpa, que abrange mais de 70 espécies, foi descoberto há 150 anos, e se diferencia das outras plantas por sua ausência de paredes celulares e tecidos especializados. Todas as suas partes, incluindo raízes, hastes e folhas são, na verdade, uma única célula.

A sua estrutura celular é formada por diversos núcleos com correntes de citoplasmas ligadas a microtúbulos e bastonetes, que partem da área externa para a área interna da planta.

O organismo celular possui reprodução assexuada e uma enorme capacidade regenerativa. Apenas um pedaço da planta, é capaz de dar origem a um novo indivíduo. Logo após o corte, a alga fecha a parede celular e gera novas raízes e folhas.

Facilidade de propagação

Cepa desenvolvida para aquários foi liberada no mar e se tornou um problema ecológico. (Fonte: Wikimedia/Reprodução)
Cepa desenvolvida para aquários foi liberada no mar e se tornou um problema ecológico. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)

O que torna a Caulerpa taxifolia preocupante é sua capacidade de colonizar uma ampla variedade de substratos marinhos, incluindo rochas, areia, lama e até mesmo tapetes de ervas marinhas.

Essa adaptabilidade permite que ela se estabeleça em profundidades que variam de menos de 1 metro a aproximadamente 12 metros, o que amplia significativamente seu potencial de invasão e impacto nos ecossistemas costeiros.

A propagação dessa alga invasora não se limita apenas às proximidades de suas áreas de origem. A dispersão a longa distância ocorre principalmente através da descarga de água de lastro de navios transoceânicos e do despejo ilegal de plantas de aquários, permitindo que o organismo unicelular viaje grandes distâncias pelo oceano.

Praga

O primeiro lugar onde o maior organismo unicelular do mundo se tornou uma praga, foi na Europa. Na década de 1980, a espécie foi identificada na costa da França e se espalhou por milhares de hectares até chegar ao litoral da Croácia. Nos anos 2000, a espécie também foi encontrada na Austrália e nos Estados Unidos.

Em um lago de San Diego, na Califórnia, foram gastos mais de 7 milhões de dólares ao longo de seis anos para erradicar a planta. Por isso, o estado americano proíbe a posse, venda e o transporte da Caulerpa taxilofia. Além disso, as leis dos EUA também buscam impedir a venda e o transporte interestadual da cepa de aquário.

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