Estilo de vida
26/10/2023 às 12:00•2 min de leitura
As algas marinhas estão entre algumas das nossas aliadas presentes na natureza. Apelidadas de "pulmão do mundo", elas desempenham um papel especial por meio da liberação de oxigênio em grandes quantidades.
Do ponto de vista nutricional, as algas marinhas também possuem uma função importante: são fonte de ferro, potássio, vitaminas e minerais, a depender do tipo. Por esse motivo, figuram entre as opções alimentares mais nutritivas e sustentáveis que temos. E, por incrível que pareça, esse potencial já era explorado pelo homem há oito mil anos.
As algas marinhas, que são uma fonte rica de diversos nutrientes, estiveram presentes na dieta de povos que habitavam a Europa há oito mil anos. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Um novo estudo, publicado no último dia 17 na revista Nature Communications, trouxe novas evidências de que as algas marinhas faziam parte da dieta da população que habitava a Europa há pelo menos oito mil anos. Além das algas, plantas de água doce também eram procuradas.
Pesquisadores examinaram biomarcadores presentes na placa dentária de 74 indivíduos que viveram em períodos variados para investigar seus hábitos alimentares. Retirados de 28 sítios arqueológicos diferentes, os restos eram de pessoas que no passado habitavam diferentes cidades, do norte ao sul do continente, passando pelo território da Escócia e da Espanha, por exemplo.
A partir de um exame cuidadoso, foram detectadas fortes evidências da ingestão generalizada de algas vermelhas, verdes, marrons, além de peixes e plantas aquáticas presentes em águas doces. Inclusive, os pesquisadores descobriram ainda que esse hábito alimentar se manteve difundido no continente europeu até durante o início da Idade Média.
Pesquisadores acreditam que antigas populações estavam cientes dos benefícios nutricionais das algas marinhas. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
O dr. Stephen Buckley, que é coautor do estudo, destacou o que essa descoberta representa: “a evidência biomolecular encontrada neste estudo é mais de três mil anos anterior à evidência histórica no Extremo Oriente."
Ao ponderar sobre a dieta, ele compartilha uma das impressões que o estudo proporcionou: "os benefícios nutricionais das algas marinhas eram suficientemente bem compreendidos por estas populações antigas para que mantivessem a sua ligação alimentar com o mar.”
Ou seja, ao mesmo tempo em que as algas marinhas foram consumidas durante o período Mesolítico, a presença delas na dieta permaneceu durante o Neolítico, quando ocorreu a introdução da agricultura. Ainda segundo Stephen, é geralmente assumido que há abandono da dieta proveniente de recursos marinhos nesse período de transição — o que definitivamente não ocorreu.
Consideradas como uma alternativa aos alimentos industrializados e ultraprocessados, atualmente as algas marinhas estão mais presentes em pratos asiáticos, e são consideradas bastante saborosas. Será que essa é uma deixa para que elas voltem a ser procuradas no ocidente num futuro próximo?