O maior calote da indústria automotiva foi dado pela Coreia do Norte

15/02/2023 às 04:002 min de leitura

Ter um carro roubado é difícil, né? Agora, imagine como é ter mil carros roubados, de uma só vez. Sim, isso é possível e aconteceu com a Volvo. A fabricante sueca vendeu 1000 carros do modelo 144 para o governo da Coreia do Norte, nos anos 1970, e até hoje nunca recebeu por eles. Acredita-se que esse seja o maior calote da indústria automotiva. 

Sendo um país tão fechado, a Coreia do Norte estimula todo tipo de boato — e nem todos têm fundamento. Porém, essa história é confirmada por jornalistas que andaram nos Volvo 144 em Pyongyang e pela própria embaixada da Suécia no país. Até hoje eles mandam a conta para o governo, duas vezes ao ano, sem sucesso.

Mas de onde a Suécia achou que era uma boa ideia fazer negócios com a Coreia do Norte? 

Coreia do Norte: um novo mercado em potencial

(Fonte: Volvo Car Group/Reprodução)(Fonte: Volvo Car Group/Reprodução)

A história dos mil Volvos roubados começa nos anos 1960 — quando o Ocidente sabia ainda menos sobre a Coreia do Norte, provavelmente. Após a Guerra da Coreia, o país estava sendo reconstruído e a economia sob o regime de Kim Il-Sung estava em franco crescimento. Havia uma indústria em ascensão e um mercado com milhões de pessoas. 

As perspectivas de negócio pareciam promissoras. Por isso, políticos de esquerda e direita da Suécia entraram num acordo para aproveitar essa oportunidade e enviaram os carros, além de maquinários para indústrias. O 144 estava saindo de linha, em 1974, mas ainda era um modelo executivo intermediário na linha da Volvo, com bom nível de conforto e equipamentos. Kim Il-Sung ficou muito bem embarcado.

E com tantos negócios no país, a terra do ABBA também foi o primeiro estado ocidental a abrir uma embaixada em Pyongyang, em 1975. 

O diplomata Erik Cornell foi o primeiro embaixador da Suécia na Coreia do Norte. À rede NPR, ele conta que "o país era vazio, tinha neve, vento e frio". Bom... sendo sueco, ele não poderia reclamar do clima, né? Mas ele também diz que não havia cafés ou restaurantes para visitar — então tudo que tinha para fazer era dar um rolê no seu Volvo.

Então veio o calote...

(Fonte: Tanya Procyshyn/Flickr/Reprodução)(Fonte: Tanya Procyshyn/Flickr/Reprodução)

Além de passear com seu Volvo, Erik Cornell também foi encarregado de entender a situação econômica da Coreia do Norte e cuidar dos interesses de seu país na região. Ele notou que a conta não estava fechando: o regime de Kim Il-Sung tinha superestimado a capacidade de sua indústria e não estava faturando tanto quanto pretendia.

Logo, os negócios da Coreia do Norte com o ocidente cessaram. O país não estava pagando o que já tinha comprado e ficou claro que eles não tinham condição de fazer isso. Ninguém mais vendeu para eles, mas também não recebeu pelo que já tinha vendido.

(Fonte: Roman Harak/Flickr/Reprodução)(Fonte: Roman Harak/Flickr/Reprodução)

Até hoje, os modelos Volvo 144 circulam pelas ruas vazias de Pyongyang e funcionam como táxis no interior do país. Como o carro vendeu mais de 1,2 milhão de exemplares pelo mundo, não é difícil encontrar peças de reposição para manter a frota rodando.

A Suécia ainda manda a conta para o neto de Kim Il-Sung. Com juros, o valor dos mil carros já passa de US$ 320 milhões (1,6 bilhão de reais). Pague suas contas em dia, caro leitor.

Mesmo assim, o país nórdico não rompeu relações com a Coreia do Norte. Na verdade, é um dos estados ocidentais mais próximos do regime de Kim Jong-Un. Inclusive, intervém quando outros países que não mantém relações diplomáticas, como os Estados Unidos ou a Austrália, precisam de ajuda. Em 2009, por exemplo, os diplomatas suecos ajudaram a negociar a saída de uma jornalista estadunidense presa pelos norte-coreanos.

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