VX: descubra como funciona o agente usado para assassinar Kim Jong-nam

02/03/2017 às 07:183 min de leitura

Você deve ter ouvido a respeito do assassinato de Kim Jong-nam, meio-irmão do polêmico Kim Jong-un, atual ditador da Coreia do Norte. Ele morreu há alguns dias após ser atacado no aeroporto de Kuala Lumpur, na Malásia, enquanto aguardava para embarcar com destino a Macau, na China e, segundo relatórios preliminares divulgados pelas autoridades malaias, exames no cadáver revelaram que Jong-nam teria sido exposto a um poderoso agente químico chamado VX.

Imagem de Kim Jong-nam falando com funcionários do aeroporto logo após ser atacado em Kuala Lumpur

De acordo com Martin Boland, em um artigo publicado pelo portal The Conversation, o VX — sigla utilizada para identificar o composto etil S-2-diisopropilaminoetilmetilfosfonotiolato — foi desenvolvido no Reino Unido em meados dos anos 50 e é um agente tóxico que atua sobre o sistema nervoso. Embora seja comum que o VX seja considerado um gás, as substâncias químicas usadas em sua fabricação adotam a forma líquida em temperatura ambiente.

Ação letal

Segundo Martin, o que o VX faz é inibir a ação da enzima acetilcolinesterase, responsável por metabolizar o neurotransmissor acetilcolina — que, por sua vez, é responsável por transmitir os impulsos nervosos através das sinapses (ou espaços) que existem entre as células nervosas. Assim, a ação do agente tóxico provoca um acúmulo de neurotransmissores entre as sinapses, e essa saturação faz com que os nervos fiquem constantemente ativos.

Agente superpotente e letal

No caso dos nervos que controlam os músculos, a ação do VX faz com que essas estruturas recebam “ordens” para contrair — e o problema se torna bastante sério quando os músculos que recebem essas ordens são os envolvidos na respiração, por exemplo.

Então, imagine o que aconteceria se a musculatura que controla a expansão da caixa torácica e permite que os pulmões se encham de ar ficasse constantemente contraída enquanto uma pessoa tenta inspirar desesperadamente — e ao mesmo tempo esse indivíduo fica impossibilitado de soltar o ar de seus pulmões!

Basta uma gotícula para matar uma pessoa

Conforme explicou Martin, o mais comum é que as vítimas expostas ao VX morram de asfixia justamente por não conseguir expirar. Mas, apesar de a asfixia ser a causa de morte mais comum entre as pessoas que entram em contato com o VX, existem outros sintomas relacionados com a exposição, como coriza, contração das pupilas e salivação excessiva.

A intoxicação por agentes de ação nervosa pode ocorrer por meio da inalação ou do contato pela pele, e no caso do VX, geralmente ela ocorre através da pele mesmo. E, para matar uma pessoa, basta uma quantidade de 10 mg — ou uma centésima parte de 1 grama — da substância.

Arma química

Segundo Martin, outra peculiaridade do VX é que ele é um agente de baixa volatilidade, o que significa que ele pode ser usado em espaços relativamente confinados — como foi o caso do ataque no aeroporto — sem que haja muito risco de que os indivíduos manipulando o material ou que pessoas próximas à vítima sejam afetadas pela substância.

Ataque a Kim Jong-nam registrado por câmeras de segurança

Além disso, existe um antídoto para o VX, portanto é possível que a contaminação acidental por parte de quem está realizando o ataque seja revertida. Sendo assim, a substância pode ser empregada em ações de “corpo a corpo” sem que os agentes perpetrando o crime tenham que usar equipamentos de proteção.

Aliás, o assassinato de Jong-nam com o uso do VX é bastante preocupante, já que, desde o desenvolvimento dessa substância, lá nos anos 50, outros agentes tóxicos foram criados e produzidos em massa em vários países. Hoje em dia, a fabricação desses compostos é considerada ilegal, e as nações envolvidas na sua produção firmaram acordos internacionais e concordaram em destruir seus estoques e ter a fabricação de armas químicas monitoradas.

Questão problemática

No entanto, existem quatro países, entre eles a Coreia do Norte, que não concordaram em firmar o acordo. Então, é bastante possível que os norte-coreanos não só tenham um respeitável estoque de armas químicas — como o VX e outras tantas —, como sejam capazes de produzi-las em escala industrial, o que é bem preocupante.

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