Ciência
11/12/2014 às 12:24•3 min de leitura
Em tempos de guerra, é comum que companhias e indústrias se adaptem e até modifiquem completamente sua linha de produção para poder suprir as necessidades mais imediatas de seus países durante o período de conflito.
Embora o Brasil não seja uma nação que possamos chamar de belicosa, inclusive por aqui existem diretrizes — descritas no Plano Nacional de Mobilização estabelecido pelo governo brasileiro — para o caso de que o nosso país entre em guerra. Acontece que, apesar de essas adequações serem necessárias, muita gente aproveita a oportunidade para tirar vantagem da situação e lucrar com ela. E isso não é de hoje!
A Segunda Guerra Mundial foi um conflito marcado pelo envolvimento de mais de uma centena de países, pela morte de milhares de militares e civis e pelo Holocausto. Segundo uma reportagem sensacional de Cláudia de Castro Lima da Superinteressante, diversas companhias famosas não só ganharam muito — muito — dinheiro graças aos nazistas como contribuíram com os horrores praticados por eles. Não deixe de ler o artigo completo aqui!
Cláudia afirmou que muitos empresários trabalharam com os nazistas e se uniram ao partido, sem falar que produziram armamentos, demitiram os funcionários judeus e, ainda pior, os usaram como mão de obra escrava. Inúmeras dessas corporações — como laboratórios, montadoras de veículos e gigantes das telecomunicações — continuam ativas até hoje, e nós estamos rodeados por produtos, serviços e tecnologias oferecidos por elas.
Assim, inspirados pela reportagem de Cláudia, nós aqui do Mega Curioso decidimos lançar uma série de matérias periódicas nas quais vamos revelar quem foram algumas dessas corporações que negociaram com os nazistas e que atualmente fazem parte de nossas vidas — assim como alguns dos crimes cometidos por elas. Mas, antes de apresentarmos as primeiras, que tal conferir o contexto histórico da época para entender melhor como tudo aconteceu?
Antes de Hitler ascender ao poder em 1933, o sentimento geral na Alemanha ainda era de humilhação pela derrota na Primeira Guerra Mundial. Além disso, a economia do país também sofria com as consequências da Grande Depressão, e o número de desempregados passava de 4 milhões. Em poucas palavras, a Alemanha estava em frangalhos.
Portanto, tudo o que os alemães precisavam naquele momento era de uma figura carismática como a de Adolf Hitler. Em 1932, o Partido Nacional dos Trabalhadores Alemães conquistou maioria no Parlamento e, no ano seguinte, Hitler foi eleito líder do governo. O Führer desejava que a Alemanha se tornasse autossuficiente na produção de matérias-primas — como borracha, fibras têxteis e metais não ferrosos — e fez de tudo para incentivar o progresso.
Hitler tomou todo tipo de medida para preparar a Alemanha para seus planos imperialistas, e os empresários da época preferiam apoiar os nazistas em vez dos comunistas. Assim, quando os EUA entraram na guerra em 1941, muitas de suas subsidiárias alemãs continuaram negociando com os inimigos, mesmo com a política de genocídio sendo aplicada a todo vapor.
Em outras palavras, algumas companhias não deixaram de lucrar só porque os alemães se tornaram os inimigos do mundo — nem quando os horrores do Holocausto começaram a vir à tona. Muitas inclusive contribuíram com os nazistas. E uma dessas companhias foi a subsidiária alemã da Coca-Cola.
Já comentamos aqui no Mega Curioso que foram os alemães que inventaram a Fanta. Mas o que muita gente desconhece são as circunstâncias do lançamento desse refrigerante. Segundo Manuel Villatoro do portal ABC.es, antes do início da guerra os alemães já haviam se tornado grandes fãs da Coca-Cola, transformando-se nos maiores consumidores da bebida fora dos EUA.
Acontece que, depois que o conflito começou, a matriz em Atlanta cortou relações com a subsidiária alemã e suspendeu o envio dos ingredientes para a produção da Coca-Cola. Sem conseguir importar os produtos necessários para preparar o refresco original, os alemães resolveram desenvolver uma opção que pudesse ser produzida com o que tinham disponível.
Assim, a partir de ingredientes como frutas, polpa de maçã utilizada para a produção de sidra, subprodutos da fabricação do queijo e edulcorantes, a Fanta foi desenvolvida. E a ideia deu tão certo que a bebida também começou a ser fabricada em filiais da Coca-Cola nos territórios ocupados pelos alemães — que tiravam proveito da mão de obra escrava em suas fábricas. A companhia norte-americana se desculpou publicamente depois que a guerra acabou.