Artes/cultura
13/09/2016 às 03:50•2 min de leitura
Embora a lista atual de pessoas mais ricas do mundo seja quase toda formada por grandes empresários, não é um deles que ocupa a primeira posição quando levamos toda a história da humanidade em consideração. Ajustando a riqueza para valores atuais, esse título fica com o maliense Mansa Musa.
Como imperador do Mali durante o século 14, Mansa Musa acumulou uma fortuna que hoje equivaleria a impressionantes US$ 400 bilhões. Grande parte desse dinheiro vinha principalmente das grandes minas de Mali, que chegaram a ser responsáveis por metade do ouro que circulava na África, na Europa e na Ásia.
Mansa Musa ascendeu ao trono do Mali após ser nomeado vice pelo imperador anterior, que viajou em uma expedição com o objetivo de explorar o oceano Atlântico e nunca mais retornou. Musa foi nomeado como décimo imperador e liderou o Império Mali durante o seu auge econômico.
Além do ouro, a riqueza do governante vinha das construções que ele promoveu na época, principalmente de grandes mesquitas, madraças (casas de estudos islâmicos) e universidades, incluindo a Universidade de Sankore, que está em funcionamento até hoje. O imperador também controlava mais da metade de todo o sal do mundo, o que lhe dava um poder de barganha gigante na hora de negociar com os comerciantes europeus.
De acordo com os relatos históricos da época, a cidade de Tombuctu – também conhecida pela grafia em inglês, Timbuktu – era um dos locais com a melhor qualidade de vida do mundo e ponto de encontro para estudiosos de toda a África, que iam conhecer as universidades e bibliotecas do Império Mali.
Um dos casos mais marcantes do reinado de Mansa Musa, e que ilustra bem todo o poder e a riqueza do imperador, é o de sua peregrinação para Meca. Como todo muçulmano devoto, Musa deveria visitar a cidade sagrada do islamismo pelo menos uma vez durante sua vida. Quando resolveu fazer isso, ele levou uma procissão de 60 mil pessoas como companhia.
Uma das funções de toda essa gente era carregar as mais de 5 toneladas de ouro que Musa ia dando para os pobres pelo caminho. Foi tanto ouro distribuído pelo imperador que o metal começou a perder valor, prejudicando a economia de todos os locais por onde ele passava, especialmente nas cidades de Cairo e Medina.
Durante a viagem de volta para Mali, Musa viu o estrago que tinha feito e tentou resolver a situação pegando ouro emprestado de comerciantes locais. Os empréstimos reduziram a quantidade do metal no mercado e restabeleceram a economia dessas cidades.
Ainda existe muita discussão sobre a morte de Mansa Musa. Tudo o que se sabe com certeza é que seu reinado terminou em 1332, embora os registros não deixem claro se ele morreu ou apenas renunciou. Nas décadas após a sua saída, guerras internas acabaram levando o Império Mali à decadência e deixando esses tempos de glória no passado.