Artes/cultura
30/06/2017 às 04:01•3 min de leitura
O jornalista e escritor David E. Hoffman publicou um livro, há alguns anos, abordando questões interessantes sobre os espiões da CIA em uma estação de Moscou, na Rússia, em plena Guerra Fria. Confira algumas revelações impressionantes a seguir:
Como espiões sempre foram homens – exceto em raras ocasiões –, uma forma encontrada pelos agentes da CIA para enganar os russos foi pedir a ajuda das próprias esposas. Quando a ideia era encontrar algum oficial ou agente sem levantar suspeitas, as esposas faziam esse contato. Assim que um agente precisava sumir por uns tempos e não podia deixar rastros, as esposas também ajudavam.
Quando precisavam fazer um trabalho específico, os agentes costumavam criar eventos e cenários falsos, pois sabiam que seriam seguidos. Para isso, combinavam festas de aniversários ou jantares, por exemplo, usando telefones que sabiam que estavam grampeados.
Assim, quando estavam sendo seguidos, às vezes até mesmo carregando um bolo falso de aniversário para sustentar a mentira, o agente que precisaria escapar sem ser visto dava um jeito de saltar do carro em algum beco próximo ao endereço e desaparecia. A esposa do espião aproveitava para posicionar o bolo sobre o assento do marido.
Para dar a impressão de que todos os integrantes do carro ainda estavam dentro do veículo, a esposa do fujão puxava uma manivela no bolo de mentira. O dispositivo abria uma silhueta falsa, que dava a impressão de que havia alguém no assento onde estava o espião.
Um agente da CIA, quando estava em uma missão em Praga, percebeu que havia um policial que o seguia em todos os cantos. Para despistar o cara, o espião resolveu adotar uma rotina extremamente entediante e monótona, repetindo cada um de seus itinerários durante os dias da semana. Basicamente, ele dirigia lentamente, seguia sempre a mesma rota, os mesmos horários, dia após dia.
Entre as tarefas que fez questão de repetir estava dar carona à babá e cortar os cabelos sempre no mesmo lugar, no mesmo horário e no mesmo dia da semana. Dá ou não dá sono espiar a vida de um cara desses?
O fato é que a tática funcionou e, depois de seis meses, o agente percebeu que seu espião tirava um descanso sempre nos horários do corte de cabelo e também quando dava carona à babá. Nesses intervalos, então, ele apenas fingia que estava fazendo as tarefas de sempre e, quando percebia que não estava sendo seguido, conseguia encontrar outros agentes em segurança.
Se por um lado esses caras conseguiam fazer proezas para despistar policiais inimigos, por outro, havia momentos não tão espertos assim. Durante oito anos, por exemplo, a CIA foi monitorada por policiais soviéticos sem saber.
Os russos simplesmente instalaram dispositivos de espionagem na base norte-americana, em lugares como a chaminé e, inclusive, em máquinas de escrever, que acabavam transmitindo áudio e, inclusive, códigos que permitiam identificar o que era digitado nessas máquinas.
Os agentes da CIA aprenderam truques de mágica e ilusionismo para se livrar dos soviéticos em determinados momentos. Um desses truques dependia de dias chuvosos, e o que poderia ser chamado de “tempo ruim” por alguns era uma oportunidade de trocar informações com outros agentes sem qualquer possibilidade de flagrante para os agentes da CIA .
Funcionava assim: em dias de chuva, um dos agentes usava capa de chuva e, na primeira brecha, outro agente se oferecia para tirar a capa do amigo quando estivessem em um local coberto. Essa movimentação acabava facilitando a troca de documentos e informações, pois a pessoa que tirava a capa conseguia passar documentos para a outra imperceptivelmente e literalmente por baixo dos panos.
Um agente da CIA relatou uma situação cômica a respeito dos espiões soviéticos. Ele já sabia que estava sendo seguido e que seus telefones estavam grampeados. Um dia, por telefone, marcou um jantar com sua esposa.
No caminho do restaurante, reparou que um carro atrás do dele e outro à frente o estavam acompanhando. Depois de um tempo rodando, percebeu que estava perdido e não saberia chegar até o local do jantar. A solução? Ele começou a seguir o carro da frente que, misteriosamente, o levou até o restaurante que ainda não tinha conseguido encontrar.
Você talvez já tenha ouvido falar a respeito das pílulas suicidas, que eram solicitadas por agentes soviéticos recrutados pela CIA. Essas pílulas eram conhecidas por provocar a morte instantânea. Ainda que a própria agência nunca tenha aprovado o uso dessa substância, as cápsulas de cianeto eram usadas de maneira sorrateira.
Para que ninguém soubesse, essas pílulas eram entregues em tampas de canetas e foram muitas vezes usadas pelos agentes russos.