Artes/cultura
03/03/2016 às 08:10•3 min de leitura
Quando pensamos em “propaganda”, geralmente relacionamos o termo com a ideia de publicidade — e com os anúncios supercriativos que vemos por aí. Só que a essência da propaganda é influenciar a atitude das pessoas com respeito a uma marca, produto ou companhia, e muitos Governos se apoiaram nela para plantar ideologias e manipular a população. Confira alguns exemplos a seguir:
Tempos difíceis muitas vezes pedem medidas desesperadas — e foi o que os aliados fizeram durante a Segunda Guerra Mundial. Espiões britânicos, por exemplo, contrataram um judeu alemão para que ele criasse previsões astrológicas falsas para os nazistas mais proeminentes do regime, incluindo Adolf Hitler.
O homem inclusive chegou a publicar diversos prognósticos em revistas alemãs e dar entrevistas — que ganharam bastante atenção da mídia — alertando sobre a queda do Terceiro Reich e o destino sombrio da Alemanha na guerra. Curiosamente, Joseph Goebbels, o Ministro de Propaganda de Hitler, também usou da mesma artimanha que os aliados, criando profecias de Nostradamus falsas sobre a derrota dos aliados para assustar a população.
Se há um local famoso pelo uso indiscriminado da propaganda é a Coreia do Norte. Mas não pense que eles começaram a usar e abusar da criatividade — e dos meios de comunicação — recentemente. Na década de 50, por exemplo, para convencer os sul-coreanos a atravessar a fronteira, os norte-coreanos tentaram fazer os vizinhos acreditarem que o país era um paraíso na Terra construindo uma cidade perfeita posicionada em um lugar onde todos podiam ver.
Apelidada de “Vilarejo da Paz” pelos seus arquitetos, a cidade de Kijong-dong foi criada logo após a Guerra da Coreia e, além de contar com casas pintadas com cores alegres, tem escolas, creches e até um hospital. No entanto, apesar de os norte-coreanos afirmarem que o local abriga cerca de 200 habitantes (felizes), observações feitas a partir da Coreia do Sul jamais identificaram uma viva alma residindo por lá.
Na realidade, dizem que os edifícios são estruturas ocas e que as janelas sequer contam com vidros. Além disso, as luzes são controladas por temporizadores e as únicas pessoas que às vezes são vistas perambulando pelas ruas são trabalhadores contratados para fazer a manutenção de Kijong-dong. O engraçado é que, até 2004, alto-falantes gigantes transmitiam mensagens aos sul-coreanos, convidando os cidadãos descontentes a atravessar a fronteira.
Voltando à Segunda Guerra Mundial, como você deve imaginar, milhares de soldados foram obrigados a deixar suas esposas ou namoradas em casa enquanto serviam suas pátrias no conflito — e os alemães decidiram tirar proveito da situação para tentar enfurecer os militares. Para inflamar os sentimentos de ciúmes (e cutucar o brio) das tropas francesas, os nazistas criaram uma série de ilustrações mostrando os britânicos tirando proveito de suas mulheres.
E os alemães não se contentaram em provocar apenas os franceses! Eles também criaram cartazes para os britânicos, em que davam a entender que suas mulheres estavam liberando geral enquanto eles se encontravam nas frentes de batalha, e folhetos para os poloneses — mostrando suas esposas/namoradas na maior suruba com judeus.
A moda, além de muitas outras coisas, não deixa de ser uma forma de expressão cultural e individual. Portanto, quando um Governo passa a controlar a maneira como a população se veste, ele também acaba por interferir no senso de identidade do povo. Um exemplo emblemático disso é o que aconteceu na China — onde as vestimentas tradicionais foram trocadas por modelos genéricos e monocromáticos quando o comunismo foi instaurado.
A moda uniformizada foi adotada pelos líderes do Governo — que passaram a usar os “ternos maoístas” —, e não demorou até que quem insistisse em se vestir como bem entendesse fosse visto como antipatriota. Em pouco tempo, as expressões individuais deixaram de existir, e os chineses passaram a usar os mesmos estilos de roupas, trocando a variedade pelo coletivismo.
Por sorte, as coisas mudaram bastante ao logo dos anos, e os chineses novamente desfrutam de liberdade para se vestir como bem entenderem. No entanto, na Coreia do Norte, por exemplo, a população só pode usar roupas e modelitos pré-aprovados pelo Governo, e inclusive existe uma espécie de “patrulha da moda” que tem como função garantir que os norte-coreanos usem apenas o que o seu ditador permite.
Você conhece exemplos de como os Governos usaram da propaganda para manipular a população? Comente no Fórum do Mega Curioso