Ciência
18/06/2019 às 02:00•2 min de leitura
Pode até ser que você não use o garfo em absolutamente todas as suas refeições, mas você concorda que seria mais complicado lidar com alguns alimentos se esse utensílio não existisse, certo? Aliás, muitos provavelmente não conseguiriam imaginar como seriam as suas vidas à mesa sem esse item por perto! Entretanto, você sabia que, dos três talheres básicos, o garfo foi o último a ser inventado e inclusive sofreu bastante resistência antes de ser adotado?
A existência de facas e colheres remonta aos primórdios da civilização humana. As facas, embora fossem rudimentares quando comparadas às que temos hoje em dia, surgiram na pré-história, a partir da necessidade dos nossos ancestrais de, por exemplo, ter armas e ferramentas, assim como instrumentos com os quais caçar animais e, depois, fatiar sua carne em porções menores para que ela servisse como alimento.
Lâminas feitas de pedra
As colheres — igualmente rudimentares — também surgiram na pré-história na forma de conchas e cascas que ajudavam na obtenção e no consumo de grãos e outros alimentos. Apesar de esses objetos só terem ganhado os característicos cabos que dão a eles a aparência atual há alguns milhares de anos, é inegável que esses utensílios estão por aí há muito, muito tempo.
Exemplos de colheres rudimentares
Já os garfos têm uma história bem mais recente. Os primeiros modelos surgiram na Grécia Antiga — você se lembra do tridente de Poseidon? —, mas, no dia a dia, tinham formato e função um pouco diferentes dos atuais. Eles contavam com apenas dois “dentes” e eram usados principalmente para cozinhar, assar e servir alimentos, porém não à mesa. Na hora de consumir as comidas, os gregos preferiam usar colheres, facas e os dedos mesmo.
Eles eram usados na cozinha, mas não à mesa
Aos poucos, os garfos foram ganhando espaço junto aos demais talheres, e existem evidências arqueológicas de que eles eram usados pelos antigos egípcios e chineses. Alguns registros apontam que membros da nobreza persa faziam uso de utensílios semelhantes aos garfos atuais por volta dos séculos 8 e 9, e que esses talheres fizeram sua aparição no Império Bizantino, por volta do século 11. Mas demorou até que eles se espalhassem pelo mundo!
Uma das lendas é de que os primeiros garfos teriam chegado à Europa quando uma princesa bizantina — Theodora Anna Doukaina ou Maria Argyropoulina, dependendo da fonte consultada — se casou com um figurão veneziano e levou consigo um jogo de garfos como parte de seu dote.
Eles chegaram à Europa graças aos bizantinos
O curioso é que tanto os líderes religiosos como os nobres de Veneza não acharam muita graça na novidade apresentada pela princesa. A reação dos venezianos foi considerá-la pretenciosa e arrogante, sem falar que os utensílios trazidos pela mulher bizantina também foram vistos como uma afronta a Deus — que nos deu dedinhos lindos que podiam muito bem ser utilizados para levar os alimentos à boca!
Os garfos não tiveram um bom começo junto à elite religiosa europeia — apesar de na Bíblia existirem relatos de como os servos dos sacerdotes judaicos usavam garfos na realização de sacrifícios — e só entravam em ação na hora de lidar com alimentos difíceis de manusear com os dedos.
Catarina de Mèdici foi quem popularizou o utensílio junto à nobreza europeia
Tudo mudou por volta do século 16, quando Catarina de Mèdici, esposa do Rei Henrique II da França, apresentou os garfos à nobreza francesa — e os utensílios ganharam popularidade. Tudo bem que o talher só foi conquistar um espaço permanente ao lado de colheres e facas três séculos mais tarde, após a Revolução Industrial, quando os garfos deixaram de ser um item de uso exclusivo dos poderosos e passaram a fazer parte dos jogos de mesa da população comum também.
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