2 casos de pessoas que cometeram crimes só porque queriam ser presas

Existe a ideia de que prisões tendem a tornar os criminosos piores do que eram anteriormente, não é para menos que ganharam a alcunha de "escolas para o crime". Isso surgiu porque o ato de encarcerar infratores sob condições difíceis, por vezes inumanas, os fazem aprenderem novos truques do ofício.

Há uma inevitabilidade na percepção de que, ao entrar em uma prisão, a pessoa se transformará em um cidadão ainda mais corrupto ou violento quando sair — se sair. Ou seja, desde que o sistema prisional foi criado e estabelecido no século XIX, se tornou uma ferramenta não para reformar, mas para punir, acreditando que assim impedirá as pessoas de cometerem crimes e voltarem para aquele tipo de instalação miserável.

Por isso que muitos fogem da prisão ou temem irem parar em uma. Apenas alguns foram à contramão dessa ideia e essas são 2 pessoas que cometeram crimes só porque queriam ser presas.

1. Michael Zehaf-Bibeau

(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Michael Zehaf-Bibeau acreditava que merecia ficar atrás das grades e isso dizia respeito mais ao seu estado de saúde mental instável do que à sua ficha criminal – apesar de ter sido longa antes do ponto alto de sua vida, que aconteceu em 2014.

Aos 20 anos, Bibeau já possuía 12 condenações no Quebec por crimes que envolviam posse de drogas, direção perigosa, assalto à mão armada, lesão corporal, roubo e posse de ferramentas de arrombamento.

No entanto, em 2010, quando entrou em uma delegacia em Vancouver, o canadense de 32 anos foi confessar um assalto à mão armada ocorrido no ano 2000, só que a polícia não encontrou registro algum sobre o acontecimento. Sendo assim, não demorou muito para perceberem que esse crime sequer havia existido. Bibeau foi preso segundo a Lei de Saúde Mental, mas foi liberado na manhã seguinte.

Contrariado, o homem foi até o McDonald’s mais próximo carregando um pedaço de madeira afiado para que isso o qualificasse como armado conforme a lei. O caixa do restaurante não lhe entregou o dinheiro, mas chamou a polícia, que efetuou a prisão de Bibeau no local.

Michael Zehaf-Bibeau. (Fonte: MacLeans/Reprodução)

De volta à delegacia, Bibeau confessou que queria ficar preso porque só assim superaria seu vício em crack. Apesar de seu comportamento errático, o psiquiatra que o analisou disse que ele não parecia ter uma doença mental e o descreveu apenas como um "muçulmano dedicado".

O homem foi solto após 4 anos atrás das grades, mas isso não foi o suficiente, portanto, decidiu que faria algo mais extremo. Em outubro de 2014, o homem foi ao National War Memorial, em Ottawa, e matou um soldado a tiros usando um rifle de caça.

Como resultado, Bibeau foi baleado por meia dúzia de oficiais presentes no local, matando-o antes que pudesse atacar qualquer outra pessoa.

2. Ichiro Kojima

(Fonte: GettyImages/Reprodução)

A história de Ichiro Kojima é uma crônica social moderna japonesa. Apesar de o país ter "apenas" entre 1.500 a 2 mil pessoas dormindo nas ruas dos bairros centrais de Tóquio, conforme uma pesquisa feita pelo Advocacy Research Center for Homelessness (ARCH), ainda assim, existem — ao contrário do que muitos ainda pensam — pessoas sem teto no Japão.

Em 9 de junho de 2018, Kojima decidiu que a prisão era preferível à vida nas ruas da cidade. Você deve estar imaginando que, como Bibeau, ele cometeu algum crime menor em uma tentativa de ser encarcerado, certo? A resposta é não. Kojima foi extremo de uma vez só, porque seu objetivo não era apenas parar atrás das grades, mas ser condenado à prisão perpétua.

Portanto, ele embarcou no trem de Tóquio para Osaka com uma faca e um facão, que usou para atacar duas mulheres, ambas de 20 anos. No que o passageiro Kotaro Umeda, de 38 anos, tentou intervir, foi esfaqueado repetidas vezes por Kojima, causando sua morte. Com isso, o homem simplesmente parou seu ataque, se sentou e esperou a polícia chegar.

Kojima foi condenado à prisão perpétua exatamente como desejava.