Turismo carcerário: cresce o interesse pelo mundo atrás das grades

07/12/2022 às 04:002 min de leitura

Todo mundo conhece aquela pessoa que sonha em viajar para a Disney, conhecer a Europa ou simplesmente se aventurar pelos países asiáticos. Porém, recentemente uma nova tendência tem surgido entre os viajadores: o turismo prisional, marcado por visitas à antigas prisões com histórias marcantes.

Segundo especialistas, esse tipo de turismo tem reivindicado valor para prisões que já nem estavam mais em funcionamento e estavam prestes a se tornar obsoletas, mas que se tornaram atrativas, seja pela sua arquitetura, história ou outro fator interessante. Conheça mais sobre esse crescente modelo de negócio!

Turismo sombrio

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Segundo o professor do programa de Turismo da Universitat Oberta de Catalunya (UOC), Pablo Díaz Luque, existe um aspecto sombrio sobre visitar antigas prisões com histórias marcantes, onde seres humanos foram privados de sua liberdade. “Há um crescimento deste turismo, como muitas outras práticas turísticas originais, pois supõe uma vivência e o conhecimento de uma parte da história de uma cidade, região ou país”, acrescentou.

Conforme mostram estudos pelo mundo, o "boom" do turismo prisional é realmente impressionante. Penitenciárias como a de La Modelo, na Colômbia, demonstraram um aumento excepcional de visitantes nos últimos anos, pondo o local entre as atividades de lazer para se fazer em Bogotá. Em 2018, um ano após ter encerrado suas funções, o local recebeu mais de 154 mil pessoas. 

Diante do número de pessoas registradas, parece claro que a ideia de conhecer o interior de uma prisão tem sido aceita de bom grado pelos turistas. No entanto, esse sucesso não é exatamente recente. Embora não tenham sido prisões para infratores, os campos de concentração durante o Holocausto abriram portas para esse tipo de turismo inusitado.

Inspiração no passado

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Na visão de Díaz Luque, a motivação que explica a quantidade de visitas aos centros de extermínio nazista guarda algumas semelhanças com o turismo prisional, com algumas ressalvas. "Nos centros nazistas, seus ocupantes foram sistematicamente presos e assassinados. Isso não acontece nas prisões, embora também tenham sido palco de tortura e morte, ou locais de fugas míticas. Todos eles são fatores que servem para dar conteúdo e narrativa às visitas", afirma o especialista. 

Para o psicanalista e professor de psicologia da UOC, José R. Ubieto, a vontade de saciar a morbidez de ver de perto o horror sofrido pelas vítimas de um sistema pode ser algo que une o turismo prisional ao turismo de guerra. Segundo os pesquisadores, existem três tipos de motivos para alguém se interessar por esse tipo de viagem: razões morais, fascínio ou curiosidade mórbida por cenas de sofrimento humano e interesse por algo patológico ou violento. 

Os estudiosos acreditam que muitos visitantes têm apenas a vontade de mostrar nas redes sociais que estiveram nesses locais. De todo modo, o turismo prisional não precisa ser visto como algo negativo. Na visão de Ubieto, visitas orientadas e comentadas podem ajudar a contar mais sobre a história de determinado local e serem usadas para refletir sobre aspectos de injustiça, desigualdade e por aí vai.

Porém, é preciso destacar: o descaso com o passado do local pode ser uma afronta. Em termos gerais, o único ponto negativo que esse tipo de prática pode realmente oferecer é gerar a banalização de um fato histórico. No fim das contas, prisões fazer parte da história de onde estão localizadas e conservá-las significa evitar repetir os erros cometidos por outros humanos no passado. 

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