Ciência
30/05/2017 às 06:59•4 min de leitura
Como você deve saber, a cidade italiana de Pompeia foi completamente destruída quando o Monte Vesúvio entrou em erupção há quase 2 mil anos, em 79 d.C. Estima-se que, quando o vulcão explodiu, liberou uma quantidade de energia térmica 100 mil vezes superior à liberada pela bomba atômica de Hiroshima — matando milhares de pessoas —, além de sepultar a localidade e seus habitantes sob uma espessa camada de cinzas e rochas.
Um dos famosos corpos de Pompeia
Pompeia permaneceu esquecida durante cerca de 1,6 mil anos sob mais de 6 metros de material, até o final do século 16, quando o arquiteto Domenico Fontana descobriu as ruínas. As escavações no local foram iniciadas no século 18, mas foi só a partir de 1860, quando o arqueólogo Giuseppe Fiorelli se tornou diretor das operações, que as descobertas começaram a ser devidamente documentadas.
Os corpos se desintegraram deixando cavidades nas cinzas
Aliás, foi Fiorelli quem percebeu que havia espaços entre as camadas de cinzas contendo ossos humanos — e que essas cavidades correspondiam aos vazios deixados depois que os cadáveres se desintegraram. Quer saber mais coisas interessantes sobre Pompeia e seus habitantes? Então confira as curiosidades que reunimos para você a seguir:
Conforme acabamos de comentar, Fiorelli percebeu que os espaços contendo ossos tinham sido criados pelos cadáveres dos antigos habitantes de Pompeia. O arqueólogo, então, desenvolveu a técnica de recriar as vítimas carbonizadas despejando gesso nesses “ocos”. Sendo assim, ao contrário do que muitas pessoas pensam, os corpos que podem ser vistos hoje em dia não são realmente os cadáveres das pessoas que faleceram durante a erupção.
Os ossos foram encapsulados pelo gesso
Outra crença comum é a de que esses “manequins” são compostos apenas por gesso. No entanto, quando esse material foi injetado nas cavidades — com o objetivo de preservar as vítimas como evidência arqueológica —, diversas delas ainda continham ossos e eles acabaram ficando encapsulados.
Quando os arqueólogos começaram a criar os modelos de gesso, eles perceberam que muitas das vítimas se encontravam em posição fetal — uma posição comum adotada por pessoas que morrem de asfixia. Com isso, uma das teorias iniciais sobre como os habitantes de Pompeia pereceram foi a de que muitos deviam ter sufocado com os gases superquentes que atingiram a cidade durante a erupção.
Fim trágico
Além disso, os arqueólogos argumentavam que muitos habitantes que buscaram refúgio em casas e edifícios morreram esmagados quando essas estruturas desmoronaram sob a chuva de rochas e cinzas. No entanto, hoje em dia os pesquisadores acreditam que, na verdade, o fim das vítimas foi muito mais rápido — mas não menos dramático!
Quando o Vesúvio entrou em erupção, além de cinzas e rochas, a cidade foi atingida pelo que os cientistas chamam de “explosão piroclástica”, isto é, por rajadas de gases superquentes que, ademais de matar as vítimas, fizeram com que seus músculos se contraíssem instantaneamente devido à desidratação extrema — daí a posição fetal de tantas delas. A existência de fissuras em muitos dos ossos (possivelmente provocadas pelo calor) apoia essa teoria, assim como o fato de inúmeros indivíduos terem sido encontrados em posições mais casuais.
Outra descoberta interessante relacionada com Pompeia é que, ao contrário do que muitos acreditavam, a população era bastante diversa. Um indivíduo em particular, batizado como “Celta da Gália” por conta de sua grande estatura e pela forma como estava vestido quando morreu, é um exemplo disso.
Variedade populacional
Na verdade, por muito tempo se debateu se esse homem não seria um escravo, uma vez que o Império Romano costumava escravizar seus inimigos. Contudo, durante o século 1, Pompeia era um importante polo comercial, e mercadores de todo o Mediterrâneo visitavam a cidade e inclusive chegaram a se mudar para lá.
Análises de DNA conduzidas nos ossos revelaram que a Pompeia abrigava pessoas da Gália, Grécia e outras regiões mediterrâneas, o que significava que ela era uma cidade bastante cosmopolita. Ademais, a localidade contava com uma respeitável comunidade de libretti, ou seja, de antigos escravos que ganharam a liberdade e ganhavam a vida por lá.
Se por um lado os restos mortais descobertos em Pompeia revelaram muitos aspectos sobre como a população faleceu, as análises também permitiram que os cientistas descobrissem muitas coisas fascinantes sobre o cotidiano dessas pessoas. Os pesquisadores concluíram, por exemplo, que os habitantes eram, em média, mais altos do que os italianos que vivem em Nápoles hoje em dia.
Os habitantes tinham hábitos supersaudáveis
Os arqueólogos também descobriram que, embora exista a crença de que as pessoas do passado não viviam o suficiente, havia um bom número de indivíduos de meia-idade e idosos em Pompeia. Na realidade, a infância parecia ser a fase mais crítica, por conta de todas as doenças para as quais não existia remédio na época.
Mais descobertas interessantes sobre a população de Pompeia: a maioria tinha excelentes hábitos alimentares, costumava ter uma vida fisicamente ativa e apresentava dentes praticamente perfeitos e livres de cáries. Isso faz sentido, já que, na época, os alimentos processados ainda não existiam, e as dietas eram ricas em proteínas, frutas e fibras — e nada de açúcar —, sem falar que a proximidade do vulcão tornava os níveis de flúor no ar e na água mais altos.
De acordo com os relatos deixados por Plínio, o Jovem, a erupção que destruiu Pompeia teria acontecido em agosto do ano 79, isto é, em pleno verão europeu. No entanto, após examinar cuidadosamente as vítimas, os arqueólogos argumentam que, na realidade, a tragédia provocada pelo Monte Vesúvio pode ter acontecido no final do outono daquele fatídico ano.
A catástrofe pode ter acontecido em uma data diferente da que foi documentada
Os pesquisadores chegaram a essa conclusão depois de analisar fibras de tecidos descobertos junto aos mortos e descobrir que se tratava de materiais bem mais grossos e pesados do que as pessoas usariam durante o calor do verão. Sendo assim, faz mais sentido que a erupção tenha acontecido mais para o final do ano, durante os meses mais frios, e não em agosto.
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