Quadro de Monet leva 3 anos para ser restaurado – entenda como é o processo

24/01/2015 às 06:112 min de leitura

Quando estiver em um museu ou galeria, lembre-se sempre da regra básica para as pessoas que visitam esses lugares: não toque nas obras. Um irlandês chamado Andrew Shannon, há três anos, resolveu não apenas contrariar essa regrinha básica quando visitava a National Gallery, em Dublin, na Irlanda, como, em um momento de fúria, simplesmente destruiu uma tela de ninguém mais ninguém menos que Monet, um dos maiores representantes do impressionismo.

Graças ao ataque de ira de Shannon, a obra “Agenteuil Basin with a Single Sailboat”, avaliada em 8 milhões de libras – o equivalente a R$ 31 milhões – ficou completamente destruída. Devido ao ocorrido, Shannon está cumprindo uma pena de cinco anos de reclusão, e a restauração do quadro levou quase o mesmo tempo para, finalmente, ser concluída.

Como funciona?

Detalhes do processo de restauração foram divulgados por peritos que trabalham na National Gallery. Se você está curioso para saber como um dano desse nível pode ser reparado, saiba que o processo é extremamente lento e delicado.

O primeiro passo é se certificar de que todos os pedaços da obra estão reunidos. Por ser uma pintura de 130 anos, na hora do golpe, micropedaços da tela e fragmentos de tinta caíram no chão ou na moldura do quadro. Os especialistas em restauração precisaram recolher todos esses pedacinhos para dar início ao processo de recuperação.

Mesmo depois de coletar todos os fragmentos, a dificuldade do trabalho só estava começando, afinal algumas peças eram pequenas demais, ao ponto de que era quase impossível colocá-las de novo na pintura, mesmo com a ajuda de microscópios. Para completar a tarefa, os pedaços passaram por uma análise em laboratório, para descobrir os componentes químicos presentes na tinta usada por Monet.

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Galeria 1

Uma vez que a composição da tinta foi descoberta, a restauração começou. A ordem de reforma foi de ponta-cabeça. Para preservar a obra, os restauradores a cobriram com uma cola animal à base de água. A ideia era deixar a tela mais resistente enquanto passava pela reforma.

O processo contou com a utilização de microscópios e ferramentas minúsculas, como uma miniespátula aquecida para direcionar doses localizadas de calor à pintura. Assim, muito lentamente, cada pedacinho foi realinhado ao quadro. A finalização do processo contou com uma lâmina adesiva especial para esse tipo de procedimento, que foi desenvolvida na Alemanha e é utilizada há 40 anos nesse tipo de reparo.

Todos os dias, depois das horas exaustivas de trabalho em miniatura, a obra era envolta em uma espécie de estufa de vidro, que mantinha o adesivo em uma temperatura constante.

Precisão

Em termos de comparação, restaurar uma obra é como uma cirurgia microscópica. Cada fragmento frágil pode ser comparado aos minúsculos vasos sanguíneos que preenchem o corpo humano. Qualquer erro pode ser fatal e, por isso, toda a cautela é pouca. Até mesmo gesso foi utilizado na reconstrução do quadro – para reparar as linhas mais marcantes provocadas pelo golpe.

Uma das coisas mais bizarras sobre esse processo de restauração é o fato de que cada alteração feita na tela é irreversível, ou seja: só há uma chance de que o trabalho seja feito corretamente. Não é à toa que o processo todo levou três anos para ser concluído. E aí, você fazia ideia de que restaurações eram assim tão complicadas?

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