Essa ilusão visual, que tem intrigado observadores por séculos, revela mais sobre o funcionamento do nosso cérebro do que sobre a Lua. Veja como essa percepção é, na verdade, um truque dos nossos sentidos.

A <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/o-tempo-passa-mais-rapido-na-lua-mas-quanto-agora-nos-sabemos" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Lua</a> tem uma capacidade mágica de impressionar qualquer pessoa, especialmente quando está nascendo ou se pondo no horizonte. Em momentos assim, ela parece gigante, espiando entre prédios ou surgindo atrás de montanhas, deixando muitos observadores maravilhados. Mas, apesar da sensação de grandiosidade, essa visão é, na verdade, uma ilusão.&nbsp;Chamamos isso de "ilusão da Lua", um truque que nossos cérebros nos pregam, confundindo nossa percepção de tamanho. E o mais intrigante: embora a Lua pareça maior, seu tamanho real não muda. Medições mostram que, seja no horizonte ou no alto do céu, a Lua permanece com o mesmo diâmetro.<h2 style="text-align:justify;">Teoria mais aceita</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/21/21192658306023.jpg" alt="Será que a Lua fica mesmo "><figcaption>Será que a Lua fica mesmo "grande"? (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Por mais que essa <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/pareidolia-auditiva-o-que-e-o-fenomeno-que-nos-faz-ouvir-vozes" rel="noopener noreferrer" target="_blank">ilusão</a> seja conhecida há milênios, ainda não há uma explicação definitiva para ela. Ao longo da história, diversos pensadores tentaram decifrá-la. Aristóteles, por exemplo, achava que a atmosfera terrestre era a responsável, agindo como uma lente de aumento. Hoje, sabemos que essa não é a resposta correta, mas a explicação moderna também não é completamente clara.&nbsp;A maioria dos cientistas acredita que essa distorção é causada pela maneira como nossos cérebros processam informações visuais. Mas como assim?&nbsp;Quando a Lua está no horizonte, temos objetos familiares, como árvores e prédios, que criam um contexto para o nosso cérebro comparar o tamanho da Lua. Isso faz com que ela pareça muito maior do que realmente é. Já quando está no alto, sem essas referências, ela parece menor, porque a percepção de distância muda.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/21/21192958086026.jpg" alt="Na ilustração fica claro perceber que as linhas azuis têm o mesmo tamanho, apesar da ilusão de Ponzo nos dê a impressão que são diferentes. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>Na ilustração fica claro perceber que as linhas azuis têm o mesmo tamanho, apesar da ilusão de Ponzo nos dê a impressão que são diferentes. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Um fenômeno semelhante pode ser observado na ilusão de Ponzo, que ocorre quando linhas paralelas parecem convergir à distância, como <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/127557-como-funcionam-as-rodas-dos-trens.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">trilhos de trem</a>. Se duas linhas horizontais de tamanho idêntico forem colocadas entre essas linhas convergentes, a linha superior parecerá maior, mesmo que ambas sejam do mesmo tamanho.&nbsp;Esse efeito visual, que engana nossos cérebros, pode ser comparado ao que ocorre com a Lua no horizonte. Ao vê-la cercada por elementos conhecidos, como montanhas ou edifícios, nossa mente "enche" o tamanho da Lua.<h2 style="text-align:justify;">Fazendo o teste</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/21/21194632951029.jpg" alt="A Lua pode "><figcaption>A Lua pode "mudar" de cor. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Curiosamente, uma maneira de desmascarar essa ilusão é simples: basta tirar uma f<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/113238-china-revela-fotos-incriveis-do-lado-oculto-da-lua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">oto da Lua</a> perto do horizonte e outra quando ela estiver alta no céu. Ao comparar as imagens, é fácil perceber que o tamanho da Lua nas duas fotos será o mesmo.&nbsp;Outro truque é olhar para a Lua através de um tubo de papel ou utilizando um papel, ou um pano, para deixar apenas o nosso satélite natural visível. Essas ações removem o contexto visual ao redor da Lua e ajudam a reduzir a ilusão.De qualquer modo, apesar das teorias, a explicação completa para a ilusão da Lua no horizonte permanece um mistério. Até <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/113681-ivan-ivanovich-o-boneco-sovietico-que-foi-para-o-espaco-ha-59-anos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">astronautas</a> em órbita, sem objetos para influenciar a percepção, relatam o efeito, sugerindo que a causa está mais no funcionamento do cérebro humano do que em elementos da paisagem.<h3 style="text-align:justify;">Mais efeitos</h3>Cabe aqui adicionar mais um detalhe interessante sobre nossas observações da Lua, que é quanto a sua cor. Você certamente já percebeu que, quando ela está próxima do horizonte, tem uma aparência mais amarela ou laranja. Quando está mais alta, fica com a tonalidade "natural" que acostumamos ver e reproduzir. Qual a razão disso?A explicação é puramente física: ao passar por uma camada maior da atmosfera,&nbsp;a luz da Lua tem seus <a href="https://www.megacurioso.com.br/fisica-e-quimica/39993-voce-sabia-que-cientificamente-a-cor-rosa-nao-existe-.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">comprimentos de onda</a> curtos, como os azuis, dispersos, enquanto os longos, como os vermelhos, chegam até nós, dando à Lua essa tonalidade mais quente.

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A fascinante ilusão da Lua: por que ela parece maior no horizonte?

Inovações "pequenas" resolveram o enigma da construção rápida do maior edifício do mundo na época.

O mistério de como o imponente Crystal Palace (Palácio de Cristal) foi erguido em apenas 190 dias, na <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120850-6-mitos-sobre-a-era-vitoriana.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Londres vitoriana</a>, finalmente foi resolvido. O segredo da construção ultrarrápida desse marco arquitetônico, que abrigou a Grande Exposição de 1851, estava escondido na simplicidade das porcas e parafusos padronizados — uma inovação que, apesar de parecer banal hoje, revolucionou o mundo da engenharia na época.&nbsp;Com 30 mil dessas peças conectando as colossais 3.300 colunas de ferro fundido, o palácio tornou-se o maior edifício do mundo e um símbolo do poder industrial da Grã-Bretanha.<h2 style="text-align:justify;">Simples padronização</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/21/21223830690000.jpg" alt="Parafuso prende estrutura em torre do Crystal Palace. (Fonte: John Gardner &amp; Ken Kiss/ Divulgação)"><figcaption>Parafuso com porcas prende estrutura em torre do Crystal Palace. (Fonte: John Gardner &amp; Ken Kiss/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>O Crystal Palace, projetado por Joseph Paxton (1803-1865), foi encomendado para ser construído no Hyde Park, em Londres, e seria o centro de uma exposição internacional que atrairia cerca de seis milhões de visitantes, incluindo nomes ilustres como <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/120288-charles-darwin-e-sua-obra-sobre-psicologia-que-poucos-conheceram.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Charles Darwin</a> e Charlotte Brontë.&nbsp;No entanto, apesar de sua grandiosidade, o verdadeiro enigma por mais de 170 anos foi como o edifício, com suas vastas dimensões e complexidade estrutural, pôde ser concluído em tão pouco tempo. A resposta veio de um estudo recente liderado pelo professor John Gardner, da Universidade Anglia Ruskin.&nbsp;Gardner e seu colega, Ken Kiss, curador do Crystal Palace Museum, descobriram que o palácio foi o primeiro grande projeto a utilizar parafusos padronizados, desenvolvidos pelo engenheiro Joseph Whitworth (1803-1887) em 1841.Antes da <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/106582-os-padroes-mudam-veja-como-eram-os-fortoes-do-inicio-no-seculo-20.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">padronização</a>, cada parafuso e porca era fabricado individualmente por artesãos, o que tornava praticamente&nbsp;impossível substituir peças perdidas ou quebradas sem longos atrasos. Nesse contexto, grandes construções dependiam de tijolos e argamassa, materiais mais tradicionais e demorados de se trabalhar.&nbsp;Por isso, o Crystal Palace representou uma ruptura com essa abordagem, utilizando o conceito inovador de roscas e parafusos do mesmo padrão, o que permitiu um ritmo de construção muito mais rápido. Essas peças, feitas em diferentes oficinas e encaixadas com precisão em todas as partes do edifício, garantiram a eficiência necessária para completar a obra no prazo estabelecido.<h2 style="text-align:justify;">Um marco na engenharia</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/21/21225251181002.jpg" alt="O Crystal Palace foi uma obra monumental para a época. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>O Crystal Palace foi uma obra monumental para a época. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)</figcaption></figure></figure><a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128939-edificio-feito-em-impressora-3d-mais-alto-do-mundo-levara-900-horas-para-ser-construido.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">O edifício</a>, com mais de 560 metros de comprimento e 92 mil metros quadrados de área, foi um feito extraordinário. Seu telhado de vidro maciço era sustentado pelas 3.300 colunas de ferro fundido, todas interligadas pelos parafusos padronizados de Whitworth.&nbsp;Após a exposição, o palácio foi transferido para Sydenham, no sul de Londres, onde ficou até ser destruído por um incêndio em 1936. Durante esse processo, muitos parafusos originais se perderam, atrasando a descoberta desse detalhe crucial. Uma escavação recente, porém, revelou os últimos parafusos restantes, permitindo que Gardner e Kiss os analisassem.Os pesquisadores confirmaram que os parafusos seguiam o padrão criado por Whitworth, conhecido como British Standard Whitworth (BSW), e que esses mesmos padrões só se tornaram oficialmente adotados pelo Reino Unido mais de 50 anos depois, em 1905.&nbsp;<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/21/21224650534001.jpg" alt="Utilizando o padrão W, os pesquisdores criaram um modelo de parafuso que se encaixou perfeitamente na porca do parafuso antigo. (Fonte: John Gardner &amp; Ken Kiss/ Divulgação)"><figcaption>Utilizando o padrão Whitworth, os pesquisadores criaram um modelo de parafuso que se encaixou perfeitamente na porca do parafuso antigo. (Fonte: John Gardner &amp; Ken Kiss/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>A introdução da padronização não apenas acelerou a construção do Crystal Palace, mas também foi um marco que impactou o desenvolvimento da engenharia industrial global.&nbsp;Logo após o sucesso da construção, a demanda por parafusos padronizados cresceu exponencialmente, tornando-se a base para inovações que incluíram a produção em massa de motores a vapor e equipamentos militares, como as canhoneiras da <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121166-ucrania-e-russia-as-origens-de-um-conflito-de-quase-um-seculo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Guerra da Crimeia</a>.A solução do mistério do Crystal Palace mostra que, por trás da grandiosidade da arquitetura vitoriana, a revolução estava nos simples, mas transformadores, parafusos padronizados. Sem eles, esse marco da engenharia não seria possível, e o avanço foi essencial para fortalecer a posição da Grã-Bretanha como potência industrial e militar no século XIX.

Victor Henrique de Oliveira Nicolli Soares

A fascinante ilusão da Lua: por que ela parece maior no horizonte?

Mistério do Crystal Palace: como ele foi erguido em apenas 190 dias no século 19?