Arqueólogos encontraram artefatos de 4.000 anos que questionam a origem de antigo jogo de tabuleiro egípcio.

Uma descoberta arqueológica recente pode transformar o entendimento sobre a origem de um dos <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/jogos-de-tabuleiro-de-1-mil-anos-sao-descobertas-em-castelo-alemao" rel="noopener noreferrer" target="_blank">jogos de tabuleiro</a> mais antigos já registrados. Arqueólogos encontraram seis superfícies de rocha com desenhos esculpidos que se assemelham ao padrão do jogo Hounds and Jackals (também chamado de Cães e Chacais&nbsp;ou 58 Buracos) em locais do Azerbaijão, datando de cerca de 2000 a.C.&nbsp;Os pesquisadores Walter Crist, da Universidade de Leiden, e Rahman Abdullayev, da Sociedade Histórica de Minnesota, lideraram o estudo, que foi publicado recentemente no European Journal of Archaeology. Eles encontraram os tabuleiros esculpidos em seis locais diferentes na Península Absheron e na Reserva Gobustan, no Azerbaijão.A descoberta é importante porque sugere que&nbsp;o jogo, até então associado ao Egito antigo, pode ter surgido no sudoeste da Ásia. Isso coloca em dúvida a suposição de que os egípcios inventaram o jogo e abre espaço para uma nova interpretação sobre como os povos antigos se conectavam através do entretenimento.<h2 style="text-align:justify;">Mudando de origem</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/10/07/07000711999015.jpg" alt="Desenhos dos tabuleiros encontrados em. (Fonte: Walter Cristo e Rahman Abdullayev/ Divulgação)"><figcaption>Desenhos dos tabuleiros encontrados em Agdasdüzü, no Azerbaijão. (Fonte: Walter Cristo e Rahman Abdullayev/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>O Hounds and Jackals é um <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121933-5-dos-mais-antigos-jogos-de-tabuleiro-da-humanidade.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">jogo</a> semelhante ao clássico mundial Snakes and Ladders (Serpentes e Escadas, em português) ou ao Ludo (esse bem conhecido no Brasil). No tabuleiro, que possui 58 buracos, os jogadores movem suas peças – tradicionalmente na forma de cães e chacais – na tentativa de chegar ao fim antes de seus oponentes.&nbsp;O mais antigo exemplo do jogo foi encontrado no Egito, em uma tumba datada de cerca de 2000 a.C., o que levou à suposição de que ele havia surgido na terra dos faraós. No entanto, as novas descobertas no Azerbaijão revelam que&nbsp;o jogo também era jogado em locais distantes, e em contextos sociais bem diversos.Três dos seis tabuleiros foram encontrados em Agdasdüzü, e os outros em Çapmali, Yeni Türkan e Dübandi. A datação dessas peças mostrou que elas são de cerca de 2.000 anos a.C., tornando-os contemporâneos ao <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/113465-senet-o-jogo-para-falar-com-os-mortos-no-egito-antigo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tabuleiro egípcio</a> encontrado em El-Assasif e, talvez, até mesmo anteriores.&nbsp;Esse fato pode significar que o jogo teve múltiplas origens ou que ele se espalhou de forma mais rápida e ampla do que imaginado anteriormente. E não apenas em termos geográficos, mas também entre <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120895-como-era-a-piramide-social-do-egito-antigo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">diferentes classes sociais</a>, já que os tabuleiros foram encontrados tanto em abrigos de pastores quanto em tumbas de elites.<h2 style="text-align:justify;">Interação social</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/10/07/07001116332016.jpeg" alt="Jogo de tabuleiro Hounds and Jackals, exposto do The Met Museum, em Nova Iorque. (Fonte: The Met Museum/ Divulgação)"><figcaption>Jogo de tabuleiro Hounds and Jackals, exposto do The Met Museum, em Nova Iorque. (Fonte: The Met Museum/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>A história dos jogos de tabuleiro, de forma geral, parece ser muito mais antiga e difusa do que se imaginava. Jogar era uma forma de entretenimento, mas também um mecanismo para forjar <a href="https://www.megacurioso.com.br/medicina-e-psicologia/100942-existem-3-maneiras-de-fazer-amizades-qual-e-a-sua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">laços sociais</a> e fortalecer interações.&nbsp;Crist e Abdullayev argumentam que jogos como o Hounds and Jackals podem ter atuado como uma ferramenta social, facilitando a convivência entre grupos de diferentes origens e status. No caso específico do Azerbaijão, o jogo pode ter sido uma forma de conectar os pastores de gado nômades com as elites locais, criando um elo comum em uma época marcada por intensas trocas culturais e comerciais.Embora a origem exata do jogo seja incerta, a descoberta no Azerbaijão revela que ele ia além de um passatempo, sendo uma prática social que unia diferentes povos e classes. Independentemente de onde surgiu, o fato é que Hounds and Jackals teve um papel significativo nas sociedades antigas, cruzando fronteiras geográficas e sociais.Essa descoberta abre novas questões sobre como jogos de tabuleiro influenciaram as <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/127419-as-6-maiores-civilizacoes-da-idade-do-bronze.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">sociedades antigas</a> e sobre o papel que eles podem ter desempenhado nas interações entre culturas. E, assim como acontecia há 4.000 anos, eles continuam sendo uma forma universal de entretenimento, aproximando as pessoas ao redor do mundo.

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Descoberta no Azerbaijão pode reescrever a história dos jogos de tabuleiro 

Sítio arqueológico isolado em Madagascar revela possível ligação com antigas práticas funerárias zoroastrianas.

Um enigma arqueológico no coração de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/conheca-as-fossas-os-superpredadores-de-madagascar" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Madagascar</a> está mexendo com a cabeça de especialistas: o misterioso sítio de Teniky, localizado no Parque Nacional de Isalo, pode ter sido construído por uma comunidade com raízes zoroastrianas, uma antiga religião persa. As estruturas, esculpidas na rocha, se destacam pela sua arquitetura singular e diferente de tudo o que se conhece na região.As escavações mais recentes, conduzidas pelo professor Guido Schreurs e sua equipe, revelaram características que remetem diretamente a práticas funerárias do zoroastrismo, o que levanta a intrigante hipótese de que essas pessoas chegaram à ilha por meio de redes de comércio no Oceano Índico.<h2 style="text-align:justify;">Ossários antigos</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/10/06/06213055984007.jpg" alt="Blocos de rocha entalhados achados em Teniky. (Fonte: Guido Schreurs et al/ Divulgação)"><figcaption>Blocos de rocha entalhados achados em Teniky. (Fonte: Guido Schreurs et al/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>A descoberta de Teniky não é recente. Por mais de 100 anos, naturalistas e arqueólogos sabiam da existência desse local, mas a sua localização remota dificultou pesquisas aprofundadas. A área é acessível apenas após uma longa caminhada — cerca de 20km — por terrenos acidentados, e as escavações dependem de colaborações internacionais e autorizações governamentais.&nbsp;No entanto, em 2019, a situação começou a mudar. Imagens de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128810-6-fatos-sobre-os-polemicos-satelites-starlink-da-spacex.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">satélite</a> de alta resolução revelaram que o local é muito maior do que se pensava anteriormente. Terraços artificiais, câmaras esculpidas, nichos circulares e retangulares e grandes bacias de pedra são apenas algumas das estruturas que vieram à tona com as novas investigações.Um dos aspectos mais intrigantes de Teniky é que a sua arquitetura tem semelhanças impressionantes com nichos escavados na rocha encontrados no Irã, datados do primeiro milênio. Em particular, esses nichos podem ter servido como ossários para rituais zoroastrianos, onde os mortos não eram enterrados imediatamente.&nbsp;Em vez disso, os corpos eram expostos ao ar livre em nichos conhecidos como “dakhmas” (também chamados <a href="https://www.megacurioso.com.br/bizarro/63100-conheca-as-torres-do-silencio-o-local-de-descanso-final-dos-zoroastrianos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Torres do Silêncio</a>) até que restassem apenas os ossos, que depois eram recolhidos e guardados em pequenos compartimentos.&nbsp;<h2 style="text-align:justify;">Conexões comerciais</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/10/06/06213601651010.jpg" alt="Artefatos encontrados no local mostram que os habitantes de Teniky tinham conexões com outros povos. (Fonte: Guido Schreurs et al/ Divulgação)"><figcaption>Artefatos encontrados no local mostram que os habitantes de Teniky tinham conexões com outros povos. (Fonte: Guido Schreurs et al/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>Apesar da semelhança entre os nichos iranianos e os de Teniky, ainda não foram encontrados <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/128875-sementes-alucinogenas-utilizadas-na-roma-antiga-sao-encontradas-dentro-de-ossos-animais.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">ossos</a> no local, o que mantém a hipótese sob debate. Os arqueólogos sugerem que os restos mortais podem ter sido removidos ao longo do tempo pelas comunidades que sucederam os construtores originais.Outro dado interessante é a evidência de que os habitantes de Teniky tinham conexões comerciais com lugares distantes, como o Sudeste Asiático e a China, algo revelado pela cerâmica encontrada no local. Isso indica que as pessoas que construíram Teniky faziam parte de redes de comércio marítimo que atravessavam o Oceano Índico.&nbsp;Essa possibilidade, inclusive, vai contra o pensamento que se tinha até então de que <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/127468-joana-angelica-a-abadessa-brasileira-assassinada-pelos-portugueses.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">foram os portugueses os responsáveis</a> por criar esse ambiente. Isso porque os portugueses só chegaram na região no século 15, porém a ocupação da área se deu entre os séculos 10 e 12.Todo esse panorama sugere que essa população que habitava onde hoje é o sítio de Teniky, apesar de estar isolada no interior de Madagascar, mantinha vínculos com culturas e práticas de lugares distantes.<h2 style="text-align:justify;">Dúvidas persistem</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/10/06/06214556751013.jpg" alt="Câmaras encontradas foram esculpidas detalhadamente. (Fonte: Guido Schreurs et al/ Divulgação)"><figcaption>Câmaras encontradas foram esculpidas detalhadamente. (Fonte: Guido Schreurs et al/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>Ainda que a hipótese <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121436-zoroastrismo-a-religiao-persa-que-influenciou-o-ocidente.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">zoroastriana</a> seja fascinante, não há consenso entre os especialistas. Alguns sugerem que as práticas e crenças dessas pessoas podem ter evoluído e se adaptado ao longo do tempo em Madagascar, criando uma cultura híbrida.&nbsp;De qualquer maneira, o mistério permanece: quem eram essas pessoas, por que elas se estabeleceram em um local tão remoto e o que aconteceu com elas? Foram dizimadas, não resistiram ou simplesmente foram embora? Essas perguntas, pelo menos por enquanto, irão continuar.&nbsp;É por isso que o trabalho arqueológico em Teniky está longe de acabar. Em 2025, Schreurs e sua equipe planejam retornar ao local para novas escavações, incluindo o uso de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/124011-5-civilizacoes-escondidas-debaixo-de-nossos-pes-reveladas-pela-tecnologia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tecnologia LiDAR</a> para detectar mais estruturas escondidas.&nbsp;Quem sabe, as próximas escavações possam trazer novas pistas que ajudem a desvendar esse mistério milenar e confirmar ou refutar a hipótese zoroastriana. Por enquanto, Teniky continua a ser uma janela para o passado distante de Madagascar, envolto em mistério e especulação.

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O enigma de Teniky: indícios de uma comunidade zoroastriana em Madagascar

A Caverna dos Nadadores revela um passado surpreendente do Saara, quando o deserto era verde e habitado por quem parece ter nadado em suas águas.

Descoberta em 1933, a Caverna dos Nadadores, localizada no planalto de Gilf Kebir, no Saara, guarda um mistério fascinante: figuras humanas pintadas como se estivessem nadando. A arte rupestre, encontrada pelo explorador húngaro László Almásy, desafia o cenário árido do deserto. Na verdade, há cerca de 8.000 anos, a região era bem diferente, marcada por lagos e vegetação.&nbsp;Essas pinturas não só revelam aspectos da vida pré-histórica, mas também levantam debates sobre as <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/clima-maluco-por-que-a-terra-esta-passando-por-eventos-extremos" rel="noopener noreferrer" target="_blank">condições climáticas</a> da época. Enquanto alguns acreditam que as figuras nadavam em águas de verdade, outros veem um simbolismo mais profundo, ligado até mesmo a tradições espirituais antigas.<h2 style="text-align:justify;">Um Saara verdejante</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/10/03/03220429791000.jpg" alt="Imagens representam nadadores, afirmam os especialistas. (Fonte: Bradshaw Foundation/ Divulgação)"><figcaption>Imagens representam nadadores, afirmam os especialistas. (Fonte: Bradshaw Foundation/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>No sul do Egito, Wadi Sura, onde está localizada a caverna, era um ambiente mais hospitaleiro durante o período Neolítico (cerca de 10.000 a.C. e 3000 a.C.). A descoberta de representações de animais como girafas e hipopótamos ao lado das figuras humanas reforça a ideia de que a paisagem era, em tempos remotos, rica em fauna e recursos hídricos.&nbsp;Almásy foi um dos primeiros a sugerir que as pinturas indicavam a presença de corpos d'água significativos, uma teoria ousada à época, mas hoje amplamente aceita. A própria geologia e outras descobertas arqueológicas sugerem que o Saara já foi uma área verdejante e cheia de vida, antes das <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/5-civilizacoes-destruidas-pelas-mudancas-climaticas" rel="noopener noreferrer" target="_blank">mudanças climáticas</a> transformarem-no no deserto que conhecemos.A “Caverna dos Nadadores” ganhou ainda mais notoriedade com sua aparição no romance O Paciente Inglês (1992) e em sua adaptação cinematográfica (1996), que a imortalizou como um dos grandes mistérios do Saara. No entanto, a representação dessas figuras não é tão simples. Alguns pesquisadores defendem que as imagens sejam mais do que um registro da vida cotidiana.&nbsp;Estudiosos como Hans Rhotert e Jean-Loïc Le Quellec acreditam que essas figuras representam almas flutuando nas águas de Nun, um conceito espiritual egípcio, conectando as pinturas a crenças sobre a vida após a morte. Esse <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/121442-5-simbolos-ancestrais-que-foram-usados-na-modernidade.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">simbolismo</a> acrescenta uma camada de profundidade à arte rupestre, tornando-a tanto uma janela para o passado quanto um enigma.<h2 style="text-align:justify;">Coisa de filme</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/10/03/03220558647001.jpg" alt="Entrada da Caverna dos Nadadores. (Fonte: "><figcaption>Entrada da Caverna dos Nadadores. (Fonte: Bradshaw Foundation/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>A dificuldade de datar com precisão as pinturas rupestres aumenta o mistério. Estima-se que elas tenham entre 6.000 e 9.000 anos, mas as técnicas de criação e os significados das figuras ainda são debatidos. As pegadas humanas e de animais, os arcos de arqueiros e as cenas de atividades cotidianas formam um painel vibrante de uma era que precedeu a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119761-como-era-o-saara-antes-de-ser-um-deserto.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">desertificação do Saara</a>.&nbsp;Essas pinturas não se limitam a retratar nadadores, mas incluem uma diversidade de representações, com figuras adornadas e animais exóticos. As impressões de mãos "negativas", feitas ao soprar pigmento sobre os dedos abertos, são particularmente marcantes, evocando uma conexão entre o passado remoto e a humanidade moderna.O aumento do turismo desde o filme O Paciente Inglês tem acelerado a deterioração das pinturas da Caverna dos Nadadores, principalmente por causa do graffiti, da remoção de fragmentos e pelo uso de água para destacar as imagens. Embora medidas de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/122450-por-que-usamos-alcool-para-preservar-coisas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">preservação</a>, como o treinamento de guias e limpeza da área, estejam em andamento, o risco de danos continua a crescer com o aumento do turismo.Mesmo que o significado das pinturas ainda seja debatido, a Caverna dos Nadadores revela um passado em que o Saara era verde e vibrante. Seja como retrato real de nadadores ou simbolismo espiritual, essas figuras milenares continuam a fascinar quem busca entender as mudanças na paisagem e na cultura humana.

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Os nadadores do Saara: a arte rupestre que revela um deserto perdido

Conhecidas por sua beleza exótica e hábitos furtivos, as genetas conquistam admiradores, mas sua natureza independente as mantém longe da convivência humana.

As genetas (Genetta genetta) são criaturas tão enigmáticas quanto fascinantes. Embora pareçam <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128724-os-6-felinos-mais-mortais-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">felinos</a>, com corpo esguio, manchas escuras e uma longa cauda anelada, elas não têm parentesco próximo com os gatos. Na verdade, esses pequenos carnívoros pertencem à família Viverridae, um grupo que também inclui civetas e mangustos. Além disso, ao contrário dos gatos, essas criaturas não são nada amigáveis.Esses mamíferos são noturnos e preferem se esconder nas sombras das florestas e áreas arborizadas. Durante o dia, as genetas se abrigam em tocas feitas de vegetação, cavidades rochosas ou mesmo entre os arbustos. Quando a noite cai, elas saem para caçar com uma agilidade impressionante, escalando árvores com facilidade graças às suas garras afiadas e semi-retráteis.&nbsp;Embora sejam principalmente <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/123289-6-plantas-carnivoras-que-se-alimentam-de-animais.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">carnívoras</a>, alimentando-se de pequenos roedores, pássaros e répteis, sua dieta é mais variada. Elas também consomem insetos e frutas, o que as classifica como mesocarnívoras, assim como outros animais semelhantes, como raposas e texugos.<h2 style="text-align:justify;">Atravessando continentes</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/24/24102725451060.jpg" alt="As genetas são animais noturnos, algo que dificulta encontrá-los na natureza. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>As genetas são animais noturnos, algo que dificulta encontrá-los na natureza. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>A introdução das genetas na Europa, especialmente em Portugal, é um mistério que intriga os cientistas até hoje. Acredita-se que tenham chegado ao continente europeu através dos fenícios ou dos mouros, há séculos.&nbsp;Embora <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/nos-humanos-surgimos-na-africa-mas-por-que-especificamente-la" rel="noopener noreferrer" target="_blank">originárias da África</a>, elas se adaptaram tão bem ao clima europeu que se espalharam por diversos habitats, desde áreas florestais densas até ambientes mais abertos, desde que próximos a áreas arborizadas. E essa capacidade de adaptação é o que lhes permitiu sobreviver e prosperar, mesmo em regiões onde o avanço urbano afeta drasticamente a vida selvagem.Esses pequenos predadores têm uma rotina solitária e evitam contato com outros animais e, principalmente, com seres humanos. É raro ver uma geneta em ação, exceto em registros fotográficos de armadilhas instaladas em florestas.&nbsp;O mais comum é que sua presença seja percebida por meio de marcas de cheiro que deixam para delimitar território. Isso ocorre porque as genetas possuem <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/118471-glandula-pineal-entenda-o-orgao-responsavel-por-regular-o-sono.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">glândulas</a> odoríferas, responsáveis por uma secreção com um cheiro forte que transmite informações sociais e reprodutivas para outros indivíduos. Além disso, machos e fêmeas marcam território com urina e fezes, uma estratégia comum entre pequenos carnívoros para evitar disputas.<h2 style="text-align:justify;">Não são pets</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/24/24102508958053.jpg" alt="As genetas podem até lembrar um felino, mas não são. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>As genetas podem até lembrar um felino, mas não são. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Mesmo sendo criaturas arredias, as genetas são vistas com frequência em regiões de safári na África e, ocasionalmente, em áreas urbanizadas, onde se adaptam à presença humana em busca de alimento. Contudo, apesar delas "aceitarem" os humanos, &nbsp;tentar manter esses animais exóticos como pets geralmente é uma péssima ideia.&nbsp;As genetas, quando adultas, tendem a ficar bastante agressivas, o que não é ideal para quem deseja tê-las como animais de estimação. Ademais, como já foi mencionado, elas liberam secreções com cheiro forte e têm o hábito de marcar território com excrementos, o que pode ser bem incômodo em ambientes domésticos.Embora sejam animais solitários, as genetas se tornam mais sociáveis durante o acasalamento, quando o macho segue a fêmea em uma dança em zigue-zague até ser aceito. Após cerca de 70 dias de <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/123249-gravidez-silenciosa-como-e-possivel-estar-gravida-e-nao-saber.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">gestação</a>, nascem de um a quatro filhotes, que permanecem sob os cuidados da mãe até aprenderem a caçar, por volta dos quatro meses de idade.Como percebido, as genetas exemplificam a engenhosidade da natureza, adaptando-se a diversos ambientes, de florestas a áreas urbanas. Embora pouco afetuosas, seu charme irresistível encanta quem as encontra na <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/como-o-ciclo-lunar-impacta-a-vida-selvagem-de-mamiferos" rel="noopener noreferrer" target="_blank">vida selvagem</a>, mas é na natureza que elas revelam sua verdadeira beleza e mistério — por isso, é melhor que as deixemos em paz.&nbsp;

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Genetas: os encantadores animais selvagens que você não vai querer como pet

Paleontólogos revelam a descoberta de um fóssil de 375 milhões de anos que não apenas ilumina a evolução dos peixes, mas também desafia a ideia de que os celacantos não evoluíram desde a extinção em massa do Cretáceo.

Um recente fóssil achado na Austrália Ocidental está desafiando nossas ideias sobre a evolução dos celacantos. Batizado de Ngamugawi wirngarri, esse peixe, com cerca de 375 milhões de anos, foi descoberto na famosa Formação Gogo, oferecendo uma visão fascinante de um período crítico da história da Terra, quando a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/127861-placas-tectonicas-tudo-sobre-os-blocos-de-construcao-da-terra.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tectônica de placas</a> e as extinções em massa moldavam a vida aquática.&nbsp;O estudo que detalha essa descoberta foi publicado na conceituada revista Nature Communications e revela que a atividade tectônica não apenas influenciou a evolução do celacanto, mas também ajudou a moldar novos habitats que facilitaram o surgimento de novas espécies.<h2 style="text-align:justify;">Questões naturais</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/10/03/03113931111110.jpg" alt="Celacantos são chamados de "><figcaption>Celacantos são chamados de "fósseis vivos" por terem uma pequena evolução dentro de milhões de anos. (Fonte: GattyImages/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Os celacantos, conhecidos como <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/124015-celacanto-o-fossil-vivo-redescoberto-na-africa-do-sul.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">"fósseis vivos"</a>, são peixes de nadadeiras lobadas — tipo de estrutura óssea que se assemelha aos nossos membros — que habitam águas profundas, sendo hoje representados por apenas duas espécies: uma encontrada na costa da África (Latimeria chalumnae) e outra na Indonésia (Latimeria menadoensis).&nbsp;Durante um bom tempo, a crença era que os celacantos não tinham sobrevivido às diversas extinções em massa do período Devoniano (aproximadamente 416 milhões e 359 milhões de anos atrás), até que as duas espécies de Latimeria foram encontradas no século 20. &nbsp;Porém, a nova espécie encontrada em Gogo está ligada a um período em que os movimentos das placas tectônicas do período estavam intensificados, criando novas oportunidades evolutivas.&nbsp;As extinções em massa que ocorreram durante o período Devoniano, que afetaram cerca de 70 a 80% de todas as espécies marinhas, tiveram um impacto profundo na <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/125295-quase-50-das-especies-na-terra-estao-caminhando-para-a-extincao.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">biodiversidade</a> da época. Embora os cientistas ainda não saibam ao certo o que causou essas extinções, acredita-se que mudanças climáticas rápidas, impactos de asteroides e as atividades tectônicas tenham desempenhado papéis significativos.A Formação Gogo, onde o Ngamugawi foi encontrado, é famosa por ser um dos locais mais ricos em fósseis do mundo. Estima-se que há 380 milhões de anos, essa região era um vibrante recife tropical repleto de diversas espécies de peixes.<h2 style="text-align:justify;">Conhecendo nossa evolução</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/10/03/03113554405108.jpg" alt="Imagem mostra as relações filogenéticas e as datas de divergência dentro dos celacantos. (Fonte: Alice M. Clement/ Divulgação)"><figcaption>Imagem mostra as relações filogenéticas e as datas de divergência dentro dos celacantos. (Fonte: Alice M. Clement/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>O que torna essa descoberta ainda mais fascinante é o que ela revela sobre nossa própria evolução. Os celacantos estão mais intimamente relacionados aos <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/por-que-a-maioria-dos-mamiferos-tem-5-dedos" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tetrápodes</a>, os vertebrados com braços e pernas, do que a muitos outros peixes.&nbsp;Isso significa que algumas características da nossa anatomia, como mandíbulas e corações com câmaras, têm raízes que remontam a mais de 350 milhões de anos. De acordo com os autores do estudo, o Ngamugawi wirngarri nos dá uma perspectiva de como era a anatomia inicial que provavelmente levou aos humanos.Historicamente, pensava-se que os celacantos não tinham evoluído significativamente desde o período Cretáceo, quando desapareceram do registro fóssil, possivelmente devido à <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/estamos-mesmo-passando-por-uma-6-extincao-em-massa" rel="noopener noreferrer" target="_blank">extinção em massa</a> provocada por um impacto de asteroide. Contudo, a descoberta de Ngamugawi&nbsp;questiona essa narrativa.&nbsp;Enquanto os pesquisadores exploram a Formação Gogo, novas evidências podem emergir, esclarecendo tanto a história dos celacantos quanto a evolução da vida na Terra. O estudo dessa espécie promete ampliar nossa compreensão de como as espécies sobrevivem, se adaptam e evoluem diante de grandes mudanças ambientais.

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Fóssil misterioso na Austrália é de animal que sobreviveu a extinção em massa de 375 milhões de anos atrás

Pesquisadores finalmente decifram o mistério da eletricidade estática e suas implicações.

A <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119419-por-que-tomamos-choque-quando-o-clima-esta-frio-e-seco.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">eletricidade estática</a>, fenômeno que já intrigava filósofos da Grécia antiga, finalmente encontrou sua explicação científica mais clara. Uma equipe da Northwestern University, liderada pelo professor Laurence Marks, lançou luz sobre essa questão, revelando que a resposta é surpreendentemente simples e se relaciona a deformações que ocorrem durante o atrito entre materiais.Desde as primeiras observações de Tales de Mileto até os experimentos de Benjamin Franklin, muito se aprendeu, mas a verdadeira mecânica por trás da eletricidade estática sempre permaneceu envolta em mistério. Sim, por mais que você já tenha visto várias pessoas com os cabelos em pé após o contato com essa manifestação física, o seu funcionamento não era totalmente esclarecido pela ciência. Até agora.<h2 style="text-align:justify;">Choque de resistência</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/27/27094741169026.jpg" alt="Você certamente já se divertiu com a eletricidade estática. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>Você certamente já se divertiu com a eletricidade estática. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>O estudo recente revela que a eletricidade estática é gerada quando dois objetos deslizam um sobre o outro, criando diferenças de carga elétrica em suas superfícies. Essas diferenças são resultado de uma mecânica chamada "cisalhamento elástico", que ocorre quando um material resiste a uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/tsunami-gigante-surpreendeu-cientistas-na-groenlandia" rel="noopener noreferrer" target="_blank">força de deslizamento</a>.&nbsp;Para entender isso, imagine deslizar um prato sobre uma mesa: ao parar de empurrá-lo, o prato rapidamente se detém, e essa resistência gera uma acumulação de cargas elétricas que podem resultar em uma corrente elétrica. É esse fenômeno que explica por que esfregar dois materiais resulta em um choque, uma resposta que antes parecia inatingível.Antes dessa pesquisa, muitos cientistas tentaram decifrar o que acontecia quando dois objetos eram esfregados, mas frequentemente faziam suposições que não eram sustentáveis.&nbsp;A nova abordagem do grupo de Marks, que investiga as interações em uma escala nanométrica, não só conseguiu explicar o que antes era um <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/o-enigma-de-altamura-revelando-os-segredos-do-neandertal-preso-na-caverna" rel="noopener noreferrer" target="_blank">enigma</a>, como também demonstrou que pequenas imperfeições na superfície dos materiais desempenham um papel crucial na geração da eletricidade estática. Mas como?Ao esfregar dois materiais, as irregularidades criam variações nas cargas que, quando combinadas com o movimento de deslizamento, levam à formação de uma corrente elétrica. É justamente isso que ocorre quando você toma um choque ao tentar pegar um pet que passou o dia todo deitado rolando de um lado para o outro.&nbsp;<h2 style="text-align:justify;">O fenômeno no dia a dia</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/27/27094339719024.jpg" alt="A eletrecidade estática é a responsável pelo choque que a pessoa leva ao tocar em animais. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>A eletrecidade estática é a responsável pelo choque que a pessoa leva ao tocar em animais. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Embora muitos associem a eletricidade estática a situações divertidas, como o <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/por-que-sentimos-um-choque-quando-batemos-o-cotovelo" rel="noopener noreferrer" target="_blank">choque</a> ao tocar um objeto, ela também pode causar incêndios industriais e problemas no manuseio de medicamentos em pó. Com essa nova compreensão, especialistas poderão criar soluções que reduzem os riscos, tornando o trabalho mais seguro e os processos industriais mais eficientes.Marks também destaca o impacto da eletricidade estática em fenômenos naturais e cotidianos. Ele explica que a formação de planetas, por exemplo, depende de interações eletrostáticas entre partículas, um processo que, sem a eletricidade estática, poderia ser radicalmente diferente.&nbsp;Além disso, a forma como os grãos de café são moídos e o sabor resultante podem ser influenciados pela eletricidade estática acumulada. Essa capacidade de afetar tanto o micro quanto o macrocosmos nos lembra de como fenômenos aparentemente simples podem ter efeitos profundos em nossas vidas e no <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/colisao-cosmica-adiada-a-incerteza-sobre-o-futuro-da-via-lactea" rel="noopener noreferrer" target="_blank">universo</a>.Como se pode ver, a pesquisa não apenas preenche lacunas em nosso entendimento científico, A pesquisa não só preenche lacunas científicas, mas também abre portas para inovações tecnológicas, como melhorar processos de fabricação e criar materiais que controlem a eletricidade estática, aumentando a segurança em várias aplicações.

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Finalmente descobrimos como de fato funciona a eletricidade estática

A arte rupestre dos povos San revela uma conexão profunda com criaturas extintas, desafiando a compreensão moderna da paleontologia indígena.

No coração das áridas montanhas do Karoo, na África do Sul, uma intrigante <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/pinturas-rupestres-revelam-que-deserto-do-saara-ja-foi-verde-e-tinha-gado" rel="noopener noreferrer" target="_blank">pintura rupestre</a> está desafiando o entendimento sobre a arte e a paleontologia indígena. O biólogo evolucionista Julien Benoit propôs que a famosa "Serpente Chifruda", uma obra dos antigos povos San, retrata um dicinodonte, um ancestral dos mamíferos, que pode ter habitado a região há impressionantes 260 milhões de anos, muito antes que os cientistas ocidentais descobrissem esses fósseis.A arte, datada entre 1821 e 1835, revela não apenas a habilidade artística dos San, mas também uma conexão profunda com a história da vida na Terra, sugerindo que esses povos antigos já reconheciam e reinterpretavam os vestígios de animais extintos que encontravam.<h2 style="text-align:justify;">Decifrando a pintura</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/30/30164358320288.png" alt="Reprodução em desenho do animal registrado no painel da Serpente Chifruda. (Fonte: Julien Benoit/ Divulgação)"><figcaption>Reprodução em desenho do animal registrado no painel da Serpente Chifruda. (Fonte: Julien Benoit/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>As presas do animal representado, que se curvam para baixo, não se assemelham a nenhum <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/109799-13-animais-da-africa-que-voce-provavelmente-nunca-ouviu-falar.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">animal atual da África</a>, o que levou a muitas especulações sobre sua identidade. Alguns sugeriram que a criatura poderia ser uma espécie de morsa ou mesmo um gato dente-de-sabre, mas Benoit argumenta que a semelhança com os dicinodontes é inegável.&nbsp;Os dicinodontes, animais herbívoros que dominaram a Terra antes do surgimento dos dinossauros, tinham características que se alinham perfeitamente com a pintura. O autor do estudo destaca que os San, que viviam na área do Karoo, podem ter descoberto e estudado fósseis desses animais, incorporando-os em sua arte e, possivelmente, em suas tradições orais.A conexão entre os San e a paleontologia não é um conceito novo, mas o que Benoit sugere é um reconhecimento da consciência indígena sobre esses fósseis muito antes de qualquer pesquisa científica ocidental.&nbsp;Os relatos de grandes criaturas, como “brutos enormes” que vagavam pela terra, fazem parte da mitologia San, reforçando a ideia de que esses povos viam os fósseis não apenas como um punhado de ossos, mas como vestígios de seres que uma vez coexistiram com eles.&nbsp;Isso abre novas perspectivas sobre como <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/128608-6-civilizacoes-antigas-que-cairam-no-esquecimento.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">culturas antigas</a> poderiam interpretar e integrar a paleontologia em suas crenças e narrativas.&nbsp;<h2 style="text-align:justify;">Reconhecendo</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/30/30164743279291.jpg" alt="As imagens C, D e E são dos fósseis do dinodeconte encontrados na região, indicando que as representaç~ A e B são suas representações"><figcaption>As imagens C, D e E são dos fósseis dos dicinodontes encontrados na região, corroborando com as representações (A e B). (Fonte: Julien Benoit/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>Benoit notou a semelhança entre a pintura e os dicinodontes pela primeira vez em um livro da década de 1930. Porém, foi só após visitar a obra original e observar fósseis próximos é que ele solidificou sua teoria.&nbsp;A região do Karoo é repleta de fósseis, muitos deles pertencentes a dicinodontes, que se tornaram parte do ambiente em que os San caçavam e viviam. Essa proximidade e familiaridade com o passado <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/lokiceratops-o-gigante-prehistorico-com-um-capacete-colossal" rel="noopener noreferrer" target="_blank">pré-histórico</a> podem ter inspirado a arte rupestre, que, segundo Benoit, não é apenas uma expressão estética, mas um meio de narrar a história do mundo natural.A postura peculiar do animal na pintura, que lembra a "pose de morte" frequentemente observada em fósseis, sugere que os San poderiam ter estudado as características físicas dos ossos e crânios que encontravam. Essa ideia de que a arte rupestre pode ter raízes em uma interpretação visual e cultural de fósseis antigos desafia a noção de que a paleontologia é uma invenção exclusivamente moderna.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/30/30165742153300.jpg" alt="Na imagem A temos a vista geral do painel da Serpente Chifruda, com as demais fotos detalhando melhor o painel. "><figcaption>Na imagem A temos a vista geral do painel da Serpente Chifruda, com as demais fotos detalhando melhor o painel. (Fonte: Julien Benoit/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>Por fim, a pesquisa de Benoit e seus colegas destaca a importância de reavaliar o papel das culturas indígenas na história da ciência.&nbsp;A ideia de que os povos San podiam ter uma compreensão intuitiva <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128627-5-fosseis-de-insetos-curiosos-que-desafiam-a-imaginacao.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">dos fósseis e das criaturas</a> que já habitaram a região é revolucionária. Em vez de serem meros espectadores do passado, os San eram, na verdade, os primeiros paleontólogos, integrando seus conhecimentos ancestrais em uma rica tapeçaria de arte e mitologia.&nbsp;Essa nova perspectiva não só ilumina a história da ciência, mas também convida a uma maior apreciação da sabedoria e da criatividade dos povos indígenas em relação à sua relação com o mundo natural.

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Arte rupestre na África pode representar animal com mais de 260 milhões de anos

Arqueólogos descobriram um delineador, possivelmente o mais antigo do mundo, que desafia as origens da maquiagem e revela os hábitos de beleza das sociedades neolíticas na Anatólia.

Uma descoberta arqueológica recente trouxe à tona um artefato notável: um delineador de 8.200 anos encontrado em Izmir, na Turquia. O pequeno objeto, desenterrado no Monte Yesilova, é feito de pedra e possivelmente é o exemplo mais antigo do mundo de um aplicador de kohl, um <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/como-cosmeticos-prejudicam-a-saude-de-maes-e-bebes" rel="noopener noreferrer" target="_blank">cosmético</a> utilizado desde a antiguidade para realçar os olhos.&nbsp;Essa descoberta reescreve parte da história da maquiagem, deslocando suas origens para muito antes do que se imaginava, cerca de 3.000 anos antes das primeiras evidências no Egito Antigo. Além de seu valor estético, o artefato revela um pouco sobre a cultura e os hábitos das sociedades pré-históricas da Anatólia.<h2 style="text-align:justify;">Embelezamento: uma preocupação antiga</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/26/26100134323030.jpg" alt="Professor Zafer Derin mostra delineador encontrado. (Fonte: SondaKika/ Divulgação)"><figcaption>Professor Zafer Derin mostra delineador encontrado. (Fonte: SondaKika/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>Os arqueólogos, liderados pelo professor Zafer Derin, da Universidade Ege, na Turquia, vêm trabalhando no Monte Yesilova desde 2005, em busca de pistas sobre a vida no <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/115145-pre-historia-morte-impulsionou-revolucao-artistica-no-neolitico.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">período Neolítico (cerca de 10.000 a 3.000 a.C.)</a>. O local, que foi habitado entre 6.500 e 4.000 a.C., é considerado o assentamento humano mais antigo da região de Izmir.&nbsp;A descoberta de artefatos, como o delineador de pedra, nos ajuda a entender melhor a vida cotidiana das pessoas que viveram ali. Ao lado de outros itens encontrados no local, como recipientes usados para armazenar maquiagem e adornos pessoais, esse delineador mostra que as preocupações com a beleza e o autocuidado não são exclusividade das sociedades modernas.Com cerca de 9,5 centímetros de comprimento, a caneta de kohl apresenta um resíduo preto em sua ponta, o que indica que era utilizada para aplicar uma substância cosmética, provavelmente à base de óxido de manganês, um mineral amplamente utilizado em épocas antigas.&nbsp;Esse tipo de maquiagem, comum no <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/122871-os-6-mais-importantes-deuses-do-egito-antigo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Egito</a> e na Grécia, tinha função não apenas estética, mas também de proteção contra o sol e possíveis infecções oculares. A descoberta de um aplicador de kohl tão antigo sugere que os antigos habitantes da Anatólia já se preocupavam com a aparência e com os cuidados pessoais, muito antes de o uso de maquiagem se popularizar em outras culturas.<h2 style="text-align:justify;">Intercâmbio de culturas</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/26/26104603441059.jpg" alt="A preocupação com o embelezamento não é algo recente e muitas culturas antigas já faziam o uso produtos de beleza. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>A preocupação com o embelezamento não é algo recente e muitas culturas antigas já faziam o uso produtos de beleza. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Estudiosos acreditam que a descoberta em Izmir pode redefinir as práticas de beleza na Antiguidade. Embora o Egito seja visto como berço do kohl, a evidência sugere que a Anatólia também foi crucial no desenvolvimento de maquiagem, revelando um intercâmbio cultural no Mediterrâneo que influenciou hábitos de beleza por milênios.Além do delineador, o Monte Yesilova revelou <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/115181-conchas-eram-usadas-no-paleolitico-para-adornar-seres-humanos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">joias de conchas</a>, ossos e pedras, evidenciando a valorização da aparência pelas sociedades neolíticas da região. O uso de conchas, por exemplo, mostra a conexão dessas comunidades com o ambiente costeiro, sugerindo que os adornos indicavam não apenas uma forma de embelezamento, mas também status social e vínculo com a natureza.Além dos cuidados com a aparência, as escavações no Monte Yesilova revelam que essas sociedades também davam importância à privacidade e ao espaço pessoal. Ao contrário de Çatalhöyük — um dos maiores assentamentos que existiu na Anatólia —, onde as casas eram construídas muito próximas umas das outras, os habitantes dessa região viviam em habitações separadas.&nbsp;Isso pode ter permitido mais individualidade e oportunidades para a prática de rituais de <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/127324-4-praticas-totalmente-bizarras-de-autocuidado.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">autocuidado</a> e beleza. Essas descobertas sugerem que, mesmo na pré-história, as pessoas buscavam maneiras de expressar sua identidade através da estética e dos adornos.Cada nova escavação amplia nosso entendimento do passado. A descoberta do delineador em Izmir nos leva a repensar as origens da maquiagem e a refletir sobre como os rituais de beleza e autocuidado sempre fizeram parte da experiência humana ao longo das eras.

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"Delineador" de 8.200 anos achado na Turquia transforma a história da maquiagem

Matemáticos descobrem classe de formas suaves que preenchem espaços sem cantos, transformando a compreensão da natureza e abrindo portas para inovações.

Uma descoberta recente está agitando os campos da matemática e biologia: uma nova classe de formas, chamadas células moles, capazes de preencher o espaço sem cantos agudos. O mais fascinante é que essas estruturas podem, em breve, inspirar tanto modelos biológicos mais precisos quanto novas construções arquitetônicas.Matemáticos de Oxford e da Universidade de Tecnologia e Economia de Budapeste identificaram essas formas suaves em abundância na natureza, desde <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/por-que-nao-devemos-retirar-conchas-das-praias" rel="noopener noreferrer" target="_blank">conchas</a> até células musculares.O problema do revestimento de espaço com formas simples é antigo. Triângulos, quadrados e hexágonos são soluções clássicas em duas dimensões, enquanto cubos e outros poliedros cumprem essa função em três dimensões. No entanto, essas formas tradicionais possuem bordas retas e cantos afiados, algo que a natureza evita.&nbsp;Como explica o Professor Alain Goriely, de Oxford, “a natureza não só abomina o vácuo, como também parece abominar cantos afiados”. Basta cortar uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/121973-5-tipos-de-cebola-diferentes-e-como-usa-las-na-cozinha.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">cebola</a> ao meio ou observar as células de um tecido muscular para perceber que, no mundo natural, formas curvas e suaves são a regra. A pergunta que intrigava os matemáticos era: por que e como a natureza evita esses cantos?<h2 style="text-align:justify;">As células moles</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/21/21190031994010.jpeg" alt="A repetição dos padrões "><figcaption>A repetição dos padrões "moles" vão desde à natureza às criações humanas. (Fonte: Alain Goriely et al. / Divulgação)</figcaption></figure></figure>As células moles respondem a essa questão. Essas formas, que possuem bordas curvas e poucos ou nenhum canto afiado, são capazes de preencher espaços de maneira eficiente, sem deixar lacunas. Ao contrário dos ladrilhos rígidos que conhecemos, como <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/124408-conheca-o-quadrado-de-sator-um-dos-maiores-enigmas-da-antiguidade.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">quadrados</a> ou hexágonos, as células moles possuem uma suavidade que reflete os padrões encontrados na natureza.&nbsp;Quando pensamos em um corte transversal de uma concha ou na distribuição das fibras musculares, vemos essa geometria suave em ação. Essas formas curvas parecem ser as preferidas pela natureza por causa da sua eficiência em preencher o espaço sem desperdício.Os pesquisadores descobriram que, em duas dimensões, essas formas possuem bordas curvas e no máximo dois cantos, enquanto em três dimensões elas se tornam ainda mais complexas e interessantes. As células moles tridimensionais não têm cantos afiados, um fenômeno observável, por exemplo, nas câmaras internas das conchas de náutilo.&nbsp;<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/21/21184355966002.jpg" alt="A perfeição das curvas de uma concha de náutilo. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>A perfeição das curvas de uma concha de náutilo. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Essas câmaras são exemplos naturais de células moles em três dimensões, enquanto sua seção transversal revela células moles em duas dimensões. Isso demonstra que, tanto em 2D quanto em 3D, essas formas são fundamentais para a construção de estruturas naturais.Além disso, segundo Goriely e sua equipe, manter cantos afiados em células físicas exige muita energia, o que leva a natureza a suavizar esses ângulos. As células moles são, portanto, a solução ideal para preencher espaços sem gastar energia extra com estruturas rígidas, explicando sua presença em <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/125181-pesquisadores-desenvolvem-tecido-feito-de-fungos-capaz-de-se-regenerar.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tecidos biológicos</a> e outros exemplos naturais, como o crescimento de plantas e a formação de ilhas fluviais.<h2 style="text-align:justify;">Inovações futuras</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/21/21184623896003.jpg" alt="Será que as células moles vão "><figcaption>Será que as células moles vão "invadir" a engenharia e a arquitetura? (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Além das implicações biológicas, essas descobertas podem abrir portas para novas inovações tecnológicas. Já existem arquitetos que utilizam essas formas intuitivamente para criar construções sem cantos agudos. Um exemplo disso é o trabalho da <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/4-obras-de-arquitetura-que-chamam-a-atencao-do-mundo" rel="noopener noreferrer" target="_blank">renomada arquiteta</a> Zaha Hadid, que muitas vezes empregou formas curvilíneas em seus projetos.&nbsp;As células moles podem, portanto, revolucionar o design arquitetônico, permitindo que prédios e outras estruturas sejam criados de maneira mais orgânica e eficiente, além de proporcionar suavidade e harmonia à estética dos imóveis.&nbsp;O fato é que a descoberta dessas formas suaves não apenas resolve um antigo problema da geometria, mas também esclarece mais um ponto do funcionamento da natureza. Ao minimizar cantos e bordas retas, as células moles permitem que a natureza crie estruturas flexíveis, eficientes e <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/pessoas-bonitas-nao-jogam-tanto-videogame-quanto-as-feias-diz-estudo" rel="noopener noreferrer" target="_blank">esteticamente agradáveis</a>. O que será criado a partir disso? Só o tempo — e a criatividade humana — irá dizer.&nbsp;

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Células moles: conheça a nova classe de formas que revoluciona a natureza

Essa ilusão visual, que tem intrigado observadores por séculos, revela mais sobre o funcionamento do nosso cérebro do que sobre a Lua. Veja como essa percepção é, na verdade, um truque dos nossos sentidos.

A <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/o-tempo-passa-mais-rapido-na-lua-mas-quanto-agora-nos-sabemos" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Lua</a> tem uma capacidade mágica de impressionar qualquer pessoa, especialmente quando está nascendo ou se pondo no horizonte. Em momentos assim, ela parece gigante, espiando entre prédios ou surgindo atrás de montanhas, deixando muitos observadores maravilhados. Mas, apesar da sensação de grandiosidade, essa visão é, na verdade, uma ilusão.&nbsp;Chamamos isso de "ilusão da Lua", um truque que nossos cérebros nos pregam, confundindo nossa percepção de tamanho. E o mais intrigante: embora a Lua pareça maior, seu tamanho real não muda. Medições mostram que, seja no horizonte ou no alto do céu, a Lua permanece com o mesmo diâmetro.<h2 style="text-align:justify;">Teoria mais aceita</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/21/21192658306023.jpg" alt="Será que a Lua fica mesmo "><figcaption>Será que a Lua fica mesmo "grande"? (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Por mais que essa <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/pareidolia-auditiva-o-que-e-o-fenomeno-que-nos-faz-ouvir-vozes" rel="noopener noreferrer" target="_blank">ilusão</a> seja conhecida há milênios, ainda não há uma explicação definitiva para ela. Ao longo da história, diversos pensadores tentaram decifrá-la. Aristóteles, por exemplo, achava que a atmosfera terrestre era a responsável, agindo como uma lente de aumento. Hoje, sabemos que essa não é a resposta correta, mas a explicação moderna também não é completamente clara.&nbsp;A maioria dos cientistas acredita que essa distorção é causada pela maneira como nossos cérebros processam informações visuais. Mas como assim?&nbsp;Quando a Lua está no horizonte, temos objetos familiares, como árvores e prédios, que criam um contexto para o nosso cérebro comparar o tamanho da Lua. Isso faz com que ela pareça muito maior do que realmente é. Já quando está no alto, sem essas referências, ela parece menor, porque a percepção de distância muda.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/21/21192958086026.jpg" alt="Na ilustração fica claro perceber que as linhas azuis têm o mesmo tamanho, apesar da ilusão de Ponzo nos dê a impressão que são diferentes. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>Na ilustração fica claro perceber que as linhas azuis têm o mesmo tamanho, apesar da ilusão de Ponzo nos dê a impressão que são diferentes. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Um fenômeno semelhante pode ser observado na ilusão de Ponzo, que ocorre quando linhas paralelas parecem convergir à distância, como <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/127557-como-funcionam-as-rodas-dos-trens.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">trilhos de trem</a>. Se duas linhas horizontais de tamanho idêntico forem colocadas entre essas linhas convergentes, a linha superior parecerá maior, mesmo que ambas sejam do mesmo tamanho.&nbsp;Esse efeito visual, que engana nossos cérebros, pode ser comparado ao que ocorre com a Lua no horizonte. Ao vê-la cercada por elementos conhecidos, como montanhas ou edifícios, nossa mente "enche" o tamanho da Lua.<h2 style="text-align:justify;">Fazendo o teste</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/21/21194632951029.jpg" alt="A Lua pode "><figcaption>A Lua pode "mudar" de cor. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Curiosamente, uma maneira de desmascarar essa ilusão é simples: basta tirar uma f<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/113238-china-revela-fotos-incriveis-do-lado-oculto-da-lua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">oto da Lua</a> perto do horizonte e outra quando ela estiver alta no céu. Ao comparar as imagens, é fácil perceber que o tamanho da Lua nas duas fotos será o mesmo.&nbsp;Outro truque é olhar para a Lua através de um tubo de papel ou utilizando um papel, ou um pano, para deixar apenas o nosso satélite natural visível. Essas ações removem o contexto visual ao redor da Lua e ajudam a reduzir a ilusão.De qualquer modo, apesar das teorias, a explicação completa para a ilusão da Lua no horizonte permanece um mistério. Até <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/113681-ivan-ivanovich-o-boneco-sovietico-que-foi-para-o-espaco-ha-59-anos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">astronautas</a> em órbita, sem objetos para influenciar a percepção, relatam o efeito, sugerindo que a causa está mais no funcionamento do cérebro humano do que em elementos da paisagem.<h3 style="text-align:justify;">Mais efeitos</h3>Cabe aqui adicionar mais um detalhe interessante sobre nossas observações da Lua, que é quanto a sua cor. Você certamente já percebeu que, quando ela está próxima do horizonte, tem uma aparência mais amarela ou laranja. Quando está mais alta, fica com a tonalidade "natural" que acostumamos ver e reproduzir. Qual a razão disso?A explicação é puramente física: ao passar por uma camada maior da atmosfera,&nbsp;a luz da Lua tem seus <a href="https://www.megacurioso.com.br/fisica-e-quimica/39993-voce-sabia-que-cientificamente-a-cor-rosa-nao-existe-.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">comprimentos de onda</a> curtos, como os azuis, dispersos, enquanto os longos, como os vermelhos, chegam até nós, dando à Lua essa tonalidade mais quente.

Victor Henrique de Oliveira Nicolli Soares