Ciência
12/09/2018 às 03:00•2 min de leitura
O pescoço humano é bastante delicado. Não é à toa, por exemplo, que essa é a parte do corpo que assassinos adoram quebrar nas cenas de luta dos filmes de ação. Porém, o mesmo golpe, com as devidas proporções respeitadas, poderia não ser tão eficaz contra as corujas, já que essas aves conseguem girar suas cabeças a 270°, sem qualquer dano.
Se uma pessoa tentasse rotacionar a cabeça de maneira semelhante, ela teria suas artérias estouradas e acabaria morrendo. Então por que isso não ocorre com as corujas? Para responder essa pergunta, pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, estudaram os corpos de 12 corujas congeladas que morreram ao se chocar contra carros, e encontraram revelações surpreendentes.
Com a ajuda de exames clínicos como tomografias e angiografias, a equipe de pesquisadores chegou à conclusão de que existem diversas adaptações biológicas nessas aves que tornam esse movimento possível. Para começar, suas artérias não passam através de cada vértebra e, quando o fazem, elas passam por canais bem maiores do que os encontrados no corpo humano. Isso, por si só, já torna menos provável que o osso acabe pressionando e rompendo tecidos mais frágeis.
(Fonte da imagem: Reprodução/Fabian de Kok-Mercado)
Outro mistério que permanecia sem solução era o fato de que, apesar de toda a torção do movimento, o sangue continua chegando até o cérebro do animal. Com a ajuda de constrastes aplicados às veias das corujas, os cientistas descobriram que a evolução encontrou uma saída bastante eficaz para contornar o problema: as artérias na base da cabeça da ave possuem a capacidade de se tornarem verdadeiros repositórios, garantindo que o sangue continue chegando até o cérebro.
Movimento da cabeça compensa falta de mobilidade ocular (Fonte da imagem: Reprodução/Fabian de Kok-Mercado)
O estudo também rendeu ao ilustrador científico Fabian de Kok-Mercado o prêmio do concurso International Science & Engineering Visualization Challenge, de 2012, cujo trabalho pode ser consultado nas ilustrações deste texto.
*Publicado originalmente em 05/02/2013.
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