Ciência
30/11/2018 às 03:00•7 min de leitura
O grande barato dos filmes de ação é que o foco todo nas coisas explodindo, nos prédios desabando e nas naves viajando pelo espaço faz com que as pessoas se divirtam e não se preocupem em saber se aquilo realmente seria possível na vida real ou não.
A questão é: e se fosse? Se realmente pudéssemos criar uma Estrela da Morte de “Guerra nas Estrelas” ou então tivéssemos que tirar um cidadão como Matt Damon de todas as enrascadas em que ele se mete? A quantidade de itens tecnológicos necessários para um resgate interestelar, o custo para reerguer todas as construções que são destruídas, todas essas coisas poderiam custar ao mundo muito dinheiro.
ALERTA: estamos falando de filmes, portanto pode ter um ou outro spoiler perdido por aí. Prossiga com cuidado!
Reunimos em uma lista, então, quais seriam os custos que apareceriam caso algumas situações resolvessem sair das telas para acontecer no mundo real:
É impossível falar de dinheiro no mundo da ficção e dos heróis sem falar de Bruce Wayne e Tony Stark. Especificamente sobre o Homem de Ferro, conhecido por ostentar toda a sua fortuna tanto nos gibis quanto nas adaptações cinematográficas de suas histórias, o seu custo de vida e o valor de seu patrimônio são alvos constantes de pesquisas e comparativos – afinal de contas, quem não gostaria de ter armaduras maneironas como as dele e um assistente como o Jarvis?
Um dos levantamentos mais recentes, feito pelo site MoneySupermarket.com, mostrou que o valor de todas as 42 armaduras diferentes construídas por Stark, que aparecem no último filme do herói, é de US$ 7 bilhões (algo em torno de R$ 28 bilhões).
Somando isso ao desenvolvimento de um sistema de inteligência artificial como o Jarvis (aproximadamente R$ 40 milhões), a imensa mansão em Malibu (R$ 100 milhões), todos os carros do magnata (R$ 6,8 milhões) e alguns outros patrimônios, o valor para ser Tony Stark é algo em torno de R$ 40,1 bilhões – considerando apenas os três filmes do herói. Nada mal, não?
Enfrentar organizações terroristas internacionais e salvar o mundo, pelo visto, exige um conjunto de itens um tanto particulares: um bom terno, um supercarro e inúmeros aparatos tecnológicos que vão salvar sua vida mais cedo ou mais tarde. Essa é a vida de James Bond e, claro, não é barato.
O site Tech Insider levantou os valores de alguns itens usados pelo Agente 007 em seu último filme, "Spectre": somente os óculos usados por ele – dois pares – são vendidos por algo em torno de R$ 3,5 mil. Já o smoking branco e a jaqueta preta da Tom Ford saem por R$ 17,5 mil e R$ 8,8 mil, respectivamente. A blusa de gola alta é uma N.Peal que custa R$ 1,2 mil – quem tem coragem de pagar isso por uma blusa de gola alta!?
Os gadgets e acessórios também impressionam. Começando por uma câmera Sony RX100 IV que a agente Moneypenny usa, de mais de R$ 3,7 mil, passando pelo smartphone Sony Xperia Z5, que aqui no Brasil custa entre R$ 3,5 mil e R$ 4,2 mil, e chegando ao relógio Omega Seamaster 300 de Bond, que não sai por menos de R$ 30 mil – isso a versão mundana, que só mostra as horas.
Nem mesmo as bebidas passam despercebidas: a vodka Belvedere utilizada nos martinis do 007 é uma edição limitada que custa R$ 160. Menos etílico, mas proporcionalmente caro, é o Aston Martin DB10 usado pelo personagem de Daniel Craig: é esperado que o veículo seja leiloado por aproximadamente R$ 6 milhões.
Com mais um apetrecho aqui e acolá, o custo total para se manter um agente como James Bond em uma missão passa do valor equivalente a R$ 12 milhões. É importante reforçar que esse dinheiro sairia do pagamento de impostos dos ingleses, que não devem nem querer saber quanto custaria manter Bond em seus outros 23 filmes.
Sem sair da Grã-Bretanha, a especulação imobiliária não perdoa nem mesmo as instalações da ficção. O site de imóveis Movoto divulgou um material que mostra o valor estimado da estrutura de Hogwarts com base em três princípios: localização, tamanho da área e comparativo com construções similares.
Se os livros não dizem onde Hogwarts fica, os caras bolaram uma teoria muito interessante: o trem que vai para o lugar sai de Londres às 11 da manhã, viajando a 105 km/h para chegar ao seu destino quando o sol está se pondo. Considerando a logística, só existe um lugar para onde o Expresso Hogwarts pode ter ido: a Escócia.
Pelo que pôde ser visto nos filmes do jovem bruxo, a paisagem remete a uma região muito específica do país, chamada Galloway Hills. O preço do metro quadrado nessa área é de quase R$ 2 mil, e Hogwarts está situada em um terreno de aproximadamente 11,3 hectare.
Com algumas outras contas feitas por Corss, o espaço total é de 38 mil metros quadrados – sem contar as salas especiais, os campos de quadribol e tudo mais. Em suma, considerando apenas a construção principal, o terreno e as torres, o patrimônio de Hogwarts está avaliado em algo em torno de R$ 815 milhões – mais de três vezes o maior valor total pago pela Mega-Sena aqui no Brasil.
O lagartão japonês já é experiente na destruição de cidades, espalhando o caos e derrubando prédios desde a década de 50. Em 1998, ele ganhou uma adaptação norte-americana que muita gente tem hoje apenas como uma lembrança ruim de um filme horrível.
Ainda assim, o pessoal do CinemaSins e do VSauce 3 foi corajoso em assistir a tudo de novo para contabilizar que o réptil gigante destruiu em suas aventuras por Nova Iorque, e não deixou escapar nada: desde os prédios e veículos militares até os hidrantes e pacotinhos de doces, absolutamente tudo foi levado em conta.
Apenas o navio militar USS Anchorage que é afundado por Godzilla já faz com que o custo chegue a R$ 4,4 bilhões. Os prédios da MetLife e da Chrysler, que também são destruídos no filme, custam R$ 2,3 bilhões e R$ 760 milhões cada, respectivamente.
Considerando o Madison Square Garden, a Ponte do Brooklyn, todos os carros, os danos do metrô e até mesmo uma vara de pescar, o valor total da visita do grande lagarto aos Estados Unidos saiu por volta de R$ 13,2 bilhões que, ajustados à inflação, passam para quase R$ 20 bilhões. Definitivamente, o Godzilla não seria um visitante desejado por qualquer país.
Sem sair de Manhattan – afinal, boa parte das tentativas de acabar com a humanidade acontece lá –, os Vingadores tiveram, em 2012, a difícil missão de salvar a todos. É claro que, quando você está lutando contra uma ameaça eminente à raça humana, dificilmente você vai considerar o custo colateral disso, mas alguém tem que fazer as contas, certo?
O pessoal da Kinetic Analysis Corp. estimou que os danos físicos decorrentes da batalha entre os heróis e o exército Chitauri poderiam ficar entre US$ 60 bilhões e US$ 70 bilhões (aproximadamente R$ 240 bilhões e R$ 280 bilhões), com mais as despesas de reparação, perdas humanas e impacto financeiro decorrente, repelir a invasão da Terra custaria US$ 160 bilhões, ou R$ 640 bilhões. O valor é maior do que o que foi gasto na recuperação dos ataques de 11 de setembro (US$ 83 bilhões) e do furacão Katrina (US$ 90 bilhões).
Então você gostaria de dar umas voltas por um parque cheio de dinossauros? Pois saiba que criar o Jurassic Park na vida real não seria nada barato – o assunto, inclusive, foi abordado no último filme da saga.
A primeira estrutura, criada lá em 1993, fica localizada em duas ilhas próximas à Costa Rica. Apenas o terreno, nesse caso, já custaria R$ 40 bilhões para ser adquirido. Popular essa área com profissionais voltados para a criação e a manutenção do parque e dos animais acrescenta R$ 32 milhões à conta.
O simples fato de criar os dinossauros já seria uma tarefa um tanto cara: para as 50 espécies que andavam pelo Jurassic Park, o custo seria de aproximadamente R$ 34 milhões – o que nem é tanto assim, se for parar para pensar. A parte absurda fica pelos R$ 36 milhões que seriam gastos para encontrar o famigerado mosquito com o DNA necessário para recriar os bichos.
A construção do parque, segundo o pessoal da Fandango Movieclips, sairia aproximadamente R$ 6 bilhões, com base nos custos de parques de diversão “proporcionais” que existem hoje. No fim, ainda há a despesa de cuidados dos simpáticos répteis, que deve estar na casa de R$ 828 milhões por ano.
Ou seja, para se construir um parque jurássico, seria necessário desembolsar R$ 94 bilhões, além dos R$ 48 bilhões por ano para manter a coisa toda funcionando até um desastre acontecer e o T-Rex fugir e comer todo mundo (as custas judiciais para essa situação não foram contabilizadas, infelizmente).
Se o Homem de Aço resolvesse levar a cabo sua briga com o General Zod fora das telas, não seria apenas o mercado financeiro que sofreria – embora a cifra total para reparar os danos da rixa não seja nada modesta. Inclusive, é dito que a batalha entre o Super-Homem e Zod é uma das mais destrutivas de todos os filmes de heróis até hoje.
Os danos totais acumulam um prejuízo de impressionantes R$ 3 trilhões, vitimando 129 mil pessoas, desaparecendo com (e talvez matando) outras 250 mil, fora os inúmeros feridos. A destruição causada pela treta heroica é equivalente à explosão de uma bomba atômica.
Depois de tudo terminado, limpo e recuperado, o resultado da situação poderia chegar facilmente a R$ 8 trilhões. Mais amor e menos tretas, galera – brigar pode custar caro demais.
Quanto custaria construir uma nave espacial? E se ela fosse, mais especificamente, a USS Enterprise de “Jornada nas Estrelas”? Foi isso que o pessoal do Gizmodo tentou descobrir ao levantar os materiais necessários.
A Enterprise é gigantesca: tem 725 metros de comprimento, 191 metros de altura e o disco gigantesco tem 305 metros de diâmetro. Só de material já estamos falando de R$ 50 bilhões. Para mandar esse conjunto para o espaço – porque de nada vale ter tudo isso em aço se ele não for montado –, o serviço de envio através da SpaceX, com seu Falcon Heavy, sairia por singelos R$ 1,8 trilhão.
Com o aço no espaço, é hora de montar a nave e enchê-la de apetrechos maneiros, como replicadores e holodeck, que sairiam por R$ 1,2 bilhão e R$ 26 milhões cada.
Somando o sistema de defesa da Enterprise, com mísseis, ogivas nucleares e torpedos, que custariam R$ 24 bilhões, e mais os R$ 12 bilhões de tripulação e mantimentos, o custo total para se ter uma USS Enterprise seria de R$ 1,9 trilhão – o equivalente ao PIB da Noruega.
E se você mora do outro lado da rua e, em vez de gostar de “Jornada nas Estrelas”, prefere “Guerra nas Estrelas”? Pois bem, você poderia criar uma Estrela da Morte para chamar de sua, com algumas observações importantes.
Brinquedinho caro
De acordo com estudantes de Economia da Universidade Lehigh, nos Estados Unidos, somente a parte externa da imensa nave de 140 quilômetros de diâmetro necessitaria de 1,08 quadrilhão de toneladas de aço – que levariam 830 mil anos para serem produzidos na atual escala da indústria mundial.
O custo disso, além do tempo, é de US$ 852 quadrilhões, o que dá... Bem, bastante dinheiro se convertido para reais – mais especificamente 13 mil vezes o PIB do mundo inteiro em 2013. Lembrando: estamos falando apenas da “casca” da sua Estrela da Morte, sem considerar motores, eletrônicos, estruturas internas, enfim, mais nada.
É, talvez não seja tão fácil assim.
Ainda bem que não existe no mundo real um cara como os personagens vividos por Matt Damon nas telinhas.
No papel do médico Andrew Ilario em “Coragem sob Fogo”, ele precisou de um resgate emergencial de helicóptero que custaria R$ 1,2 milhão. Ao viver o soldado James Francis Ryan em “O Resgate do Soldado Ryan”, o deslocamento de um esquadrão de resgate sairia R$ 400 mil. O voo particular para retirá-lo do Oriente Médio em “Syriana”? Mais R$ 2 milhões, mesmo valor que seria necessário desembolsar para tirá-lo de Bagdá em “Zona Verde” – totalizando R$ 4 milhões.
Se outro continente não é longe o suficiente, lá vai o rapaz para o espaço: em "Elysium", o custo de enviá-lo para a estação espacial e os danos decorrentes da aventura saem por R$ 400 milhões. De lá, ele precisa ser resgatado de Marte em “Perdido em Marte”, uma operação de R$ 800 bilhões.
Evacuar a Terra como acontece em “Titan A.E.” acrescenta mais R$ 800 bilhões ao total, além da nave utilizada por ele em “Interstelar”, que fecha o cálculo com mais R$ 2 trilhões. Ao todo, as desventuras de Matt Damon custariam mais de R$ 3,6 trilhões.
Portanto, Matt, fique em casa – caso contrário, a construção da Estrela da Morte passará a ser uma opção bem plausível.
Via TecMundo.
*Publicado em 14/01/2016