Ciência
14/06/2018 às 05:16•5 min de leitura
Em períodos de Copa do Mundo, as preocupações normalmente se limitam a quem vai encabeçar cada grupo, quem vai chegar às oitavas, às quartas e à semifinal e, por fim, quem vai erguer a taça e provocar o chororô geral de uma nação — e espera-se que seja o Brasil, naturalmente. Entretanto, passada a euforia, restarão as memórias, fotos e um souvenir muito comum: os ingressos das partidas.
Bem, o que se pode dizer? Ainda bem que essa mania “colecionista” não é nem de longe recente. Dessa forma, é possível perceber como esse item de essencial importância para o torcedor — embora um tanto subvalorizado em sua própria época — se modificou e mostrou tendências ao longo de décadas de Mundiais.
Vai-se do estilo relativamente acético dos ingressos para a primeira Copa do Mundo, em 1930, às logomarcas acrescentadas na década de 1970 e daí aos grafismos cada vez mais elaborados — culminando no festim de cores e linhas que se viu na gloriosa edição de 1994, em que nós conquistamos o tetracampeonato. De fato, são mais de 80 anos de uma história registrada de forma discreta, mas constante. Confira abaixo a seleção realizada pelo site Creative Bloq.
Com tipografia simples e design funcional, os ingressos da primeira Copa do Mundo, sediada no Uruguai, podem valer uma pequena fortuna atualmente em leilões.
Um tanto mais elaborados do que os ingressos utilizados no evento anterior, a primeira Copa do Mundo realizada na Itália lançou mão da arrojada solução tridimensional como fonte, dando destaque ao local do evento. Ademais, mosaicos e esquemas em azul e branco complementam a arte do ticket — o que ainda pode ser visualizado, a despeito da idade do impresso.
Estilo com traços minimalistas em uma bela combinação de fontes — mais uma faixa em verde um tanto incomum.
Após uma pausa de 12 anos por conta das convulsões globais notórias da época (Segunda Guerra Mundial), trata-se da primeira edição realizada em território tupiniquim. Na ocasião, o ticket reassume parte do estilo originalmente utilizado em 1938, em um esquema baseado em três cores. Trata-se, ademais, do primeiro ingresso a incluir um canhoto.
Na edição comemorativa dos 50 anos da FIFA, o ingresso da Copa do Mundo realizada na Suíça volta a um design mais tradicional, embora com alguns elementos gráficos aleatórios (e sem canhoto).
A edição da Copa do Mundo da FIFA realizada na Suécia aparece com ingressos bem menos sutis do que os anteriores. Uma tipografia diferenciada e faixas horizontais coloridas complementam o emblema na parte superior-direita.
Sim, é verdade, os ingressos da Copa do Mundo sediada no Chile, em 1962, se pareciam um bocado com figurinhas colecionáveis. Repare que o exemplar acima traz ainda um belo diferencial: um autógrafo do Pelé.
Os ingressos para a Copa do Mundo de 1966, realizada na Inglaterra, embora não se destaquem tanto pelo design, traziam uma funcionalidade muito bem-vinda: os tickets mostravam exatamente onde você deveria se sentar dentro do estádio.
A edição do tricampeonato brasileiro é também a da primeira utilização de uma logomarca associada ao evento — em contraponto ao horário da partida, exibido de forma analógica.
Os ingressos de 1974 também ganham pontos pela funcionalidade. Além do horário da partida exibido de forma analógica, há também o número correspondente ao assento e uma imagem que não deixa dúvidas em relação ao seu lugar no estádio.
Em 1978 a FIFA lançava mão de um estilo que geraria eco nas edições subsequentes do evento. Trata-se da pontuação estilo “placar eletrônico”. Ademais, há ainda o horário mostrado de forma analógica (com o digital, em formato 24 horas, imediatamente acima) e a data da partida.
A Copa do Mundo de 1982, sediada na Espanha, trouxe ingressos cujas cores faziam menção às cores do país. Trata-se ainda da primeira aparição de um mostrador digital do horário da partida e também do preço ingresso.
Ao retornar para o México, a Copa do Mundo ganha ingressos que são uma mescla do estilo de 1970 (também sediada naquele país), embora mantendo a pontuação tradicional utilizada em 1978.
Sediada na Itália, a Copa do Mundo de 1990 admitia entrada nos estádios por meio de um ingresso cujas cores, propositalmente desgastadas, faziam referência à bandeira do país. Curiosamente, o design dos tickets resgata a fonte tridimensional utilizada anteriormente apenas nos ingressos de 1934.
Montes de cores para marcar o ingresso da partida histórica que garantiu à Seleção Brasileira o tetracampeonato — além de marcar um dos pênaltis mais famosos em copas da FIFA, para desalento da Itália. Ademais, havia ali um logo bastante pronunciado destacando os anfitriões, os Estados Unidos da América (World Cup USA) — mais uma profusão de detalhes e fontes diferentes para as letras.
Eis aqui o ingresso para a fatídica final entre Brasil e França durante a Copa do Mundo de 1998. Esquemas de cores com azul e branco ganhavam ainda um vistoso globo avermelhado (um tanto desgastado aí pelo tempo, é verdade). Com texto marcado por impressora matricial, trata-se ainda do primeiro ingresso pós-1970 a não trazer uma logomarca do evento.
Eis aqui uma edição particularmente pioneira. Afinal, foi a primeira vez em que dois países sediaram uma Copa do Mundo (Japão e Coreia do Sul), e também foi a primeira vez em que o evento foi realizado em locais fora das Américas e da Europa. Quanto aos ingressos, o que houve ali foi um resgate do estilo particularmente colorido utilizado na Copa dos Estados Unidos da América em 1994.
Quem comprou um destes conseguiu ver em primeira-mão a conquista do tetracampeonato por parte da Itália... E também a famosa cabeçada de Zinedine Zidane. Quanto ao design, é possível ver a mesma fonte exclusiva utilizada para letras na logo e nos nomes do estádio e dos times. Cada ticket continha um número, o que, de fato, era a única informação contida no canhoto do ingresso.
Com elementos combinados das edições de 2002 e 2006 da Copa do Mundo, os ingressos para a décima nona edição do evento, realizado na África do Sul, também faziam uso de algumas soluções de design utilizadas no ticket de 1994. Novamente, repare na fonte personalizada para as letras. Há também a escolha por uma impressão vertical e um belo complemento das cores dourado, vermelho, verde e púrpura.
Estes são alguns dos ingressos que garantiram lágrimas, tensão, alegrias e alguns traumas (jamais nos esqueceremos o 7 a 1!) durante a edição da Copa do Mundo da FIFA aqui no Brasil, a segunda realizada em território tupiniquim. Além do multicolorido — embora um tanto controverso — Fuleco, não faltaram informações e escolhas de cores que distanciaram tremendamente o souvenir dos impressos austeros da primeira metade do século passado.
Finalmente chegamos aos ingressos da Copa do Mundo de 2018, que tem início hoje — com o jogo de abertura entre os donos da casa e a Arábia Saudita. Apesar de o clima de festa ainda estar um pouco frio, quando comparado a edições anteriores do mundial, mas os brasileiros amam futebol e é impossível resistir e não se juntar à torcida. E que venha o hexa, né?
Agora é esperar para ver que tipo de emoção estará associada a esses singelos papeizinhos em um futuro próximo.
*Publicado originalmente em 24/06/2014 e atualizado em 14/06/2018.
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