Ciência
25/05/2018 às 04:30•4 min de leitura
O dia 25 de maio é especial para quem é fã de literatura de ficção científica. Afinal, trata-se do "Dia da Toalha", data em que o legado do autor Douglas Adams é celebrado por fãs de todas as partes do mundo. Adams é o autor por trás da série de livros (que depois virou série de rádio e filme) "O Guia do Mochileiro das Galáxias", que mistura humor, ciências e questões filosóficas como poucas obras do gênero.
A data foi posteriormente adotada também pelo "Dia do Orgulho Nerd", em que o "direito" de ser fã de quadrinhos, cinema, games e afins é celebrado e enaltecido. Porém, pensando na comemoração inicial, o TecMundo reuniu algumas tecnologias pensadas pelo escritor e que seriam úteis — ou extremamente perigosas — no mundo real.
Não colocamos as toalhas, que são tão importantes para a nossa sobrevivência, de acordo com os livros. Afinal, já temos hoje em dia modelos confortáveis, quentinhos e que garantem proteção suficiente na Terra atual.
Você passa anos e anos estudando um idioma para viajar para o local onde essa língua é falada. No fim das contas, só fala pausado, gaguejando e cheio de sotaque, ainda tendo que apelar para um dicionário. O "Guia do Mochileiro das Galáxias" tem um mecanismo chamado "peixe-babel", que é de fato um pequeno animal.
Ele não é exatamente uma tecnologia, mas um ser que se alimenta de ondas cerebrais e decodifica idiomas, traduzindo instantaneamente qualquer língua para quem tiver um peixe desses grudado no ouvido. O site de tradução BabelFish, pioneiro até do Google Translate, teve o nome inspirado na obra.
Mais ou menos! Já existem alguns dispositivos que prometem funcionar como tradutores, usando texto ou uma voz artificial. Iniciativas já foram criadas, como o Travis (atualmente em fase de financiamento coletivo) e até um projeto da Microsoft para reuniões e conversas, mas nenhum ainda é tão eficiente para ser incorporado no cotidiano.
Bateu aquela vontade de uma refeição "nível MasterChef", mas você tem zero ingredientes ou vontade de cozinhar em casa? Na série de Douglas Adams, é possível obter qualquer bebida usando um replicador chamado "Nutrimatic" — e esse conceito é usado também em outras sagas espaciais, como Star Trek.
Ele faz uma análise do metabolismo e até dos gostos da pessoa antes de despejar o líquido em um copo. Porém, segundo o autor, o protagonista Arthur Dent não é tão fã assim da máquina — ela seria capaz apenas de produzir "um líquido quase, mas não totalmente, inteiramente diferente do chá".
Longe. Nenhuma máquina é capaz de sintetizar qualquer alimento do zero, mas existem alguns leves avanços. Um deles é o Genie, criação de uma startup de Israel que parece uma máquina de café instantâneo, porém para comidas. Ele funciona a partir de cápsulas com substâncias congeladas que contêm os ingredientes, como arroz com frango, macarrão ou até sobremesas. A máquina mistura, cozinha e organiza o alimento em um pote para você.
Várias discussões que acontecem hoje em redes sociais envolvem um dos lados desrespeitando a opinião do outro e não dando a mínima para o outro lado. Mas e se ela pudesse transportar o sentimento para o colega e fazer com que ele enxergue exatamente o que você está sentindo?
É isso que a arma do ponto de vista faz. Criada especificamente para o filme de 2005, ela é uma espingarda desenhada pelo Pensador Profundo que faz o alvo sentir exatamente o que o atirador pensa, passando a incorporar os pensamentos e agir como ele momentaneamente. Se usada para o bem, ela deixa as discussões mais sensatas e racionais.
Nenhuma arma está perto de fazer algo parecido. Um pouco de conversa e empatia poderiam fazer o trabalho, mas isso é bem mais difícil do que apontar um dispositivo futurista para alguém. Já pensou algo assim na política ou nos comentários do Facebook?
Você é uma daquelas pessoas que trabalham sob pressão e em momentos tensos e cheios de adrenalina, o indutor de crise seria perfeito para você! Ele é um dispositivo em formato de pulseira ou relógio que cria em seu cérebro a sensação de crise ou emergência, fazendo você ficar "pilhado" e extremamente focado em alguma coisa, com os sentidos apurados ao máximo.
O indutor existe apenas na série de rádio baseada na saga e é usado por uma personagem chamada Lintilla, uma mulher que foi clonada 578 bilhões de vezes por acidente.
É possível usar estimulantes para aumentar adrenalina, endorfina e outros hormônios do corpo. Alimentos específicos e até drogas lícitas ou não alteram o desempenho de atletas, por exemplo. E o usuário do indutor precisa ser bem seguro de si mesmo: já pensou se a pessoa não lida direito com pressão e "quebra" quando liga o aparelho?
Esse par de óculos é um ótimo contra-ataque contra o indutor de crise. Eles foram especialmente feitos para que você fique relaxado quando está diante de um perigo.
Como ele faz isso? É simples: a qualquer sinal de problema, ele escurece completamente a lente e impede você de enxergar o que está errado.
É fácil fazer um par de óculos escuros que bloqueie totalmente a visão do usuário, o duro é sincronizá-lo e fazer com que ele "sinta" o perigo da situação. É tentador ter algo assim para os momentos de crise, mas ele às vezes pode mais atrapalhar do que ajudar: já pensou perder a visão quando está prestes a bater o carro, por exemplo?
O objeto que dá nome ao primeiro livro e até batizou toda a franquia seria muito útil fora da ficção. Como o próprio nome sugere, ele é um livro em formato eletrônico para que viajantes espaciais tenham em mãos todo o conhecimento necessário sobre espécies e planetas.
Cada verbete é narrado com muito bom humor e há vários pesquisadores de campo que viajam para conhecer mais a fundo sobre o que vão escrever. Ford Prefect, um dos personagens da série, é um deles.
A internet, os buscadores e as enciclopédias colaborativas como a Wikipédia são hoje uma fonte vasta e quase imediata de informação sobre o que você precisa saber — ao menos para sobreviver na Terra. Em outros planetas e galáxias, talvez você precise recorrer a serviços diferentes.
O grande atrativo da nave Coração de Ouro é também um dos artefatos mais incríveis e perigosos do universo criado por Douglas Adams. Ao pressionar o botão do gerador, qualquer coisa pode acontecer em uma viagem espacial.
Sim, absolutamente qualquer coisa, desde a destruição completa da nave e das pessoas que nela estão até a transformação do veículo em um objeto (como novelos de lã, exemplo do vídeo acima) ou em um animal aleatório. Ah, existe ainda uma pequena chance de você viajar pelo espaço e parar exatamente no ponto onde gostaria — e é isso que torna o mecanismo algo tão impressionante.
Nem um pouco. Ou será que ele já foi usado, estamos vivendo um efeito dele e nem desconfiamos?
Via TecMundo.
*Publicado originalmente em 25/05/2018.