Ciência
30/04/2015 às 09:57•2 min de leitura
Perdendo apenas para a água e o café, o chá é a terceira bebida mais consumida no planeta. Certamente, quem mais contribui para esse número é a China, com quase um quinto da população mundial e a tradição milenar na ingestão dessa bebida. E é exatamente lá onde se encontram os registros mais antigos do consumo dela, datados da dinastia Shang, em torno do século 10 a.C.
Porém, segundo as lendas chinesas, o chá teria sido “descoberto” acidentalmente no ano de 2737 a.C. pelo também lendário imperador Shennong, quando folhas caíram sem querer na água que estava sendo fervida para seu consumo. Com tudo isso, não é de se espantar que beber chá tenha se tornado uma força cultural não apenas na China, mas na Ásia inteira
Esse costume foi passado para os britânicos após as campanhas de navegação do Reino Unido para o Oriente. A hora do chá na Inglaterra é quase religiosa. Com o domínio cultural inglês durante o século 19, o hábito também se espalhou por muitas outras partes do mundo.
No entanto, foi nos Estados Unidos, país conhecido por tornar quase tudo mais prático, que inventaram essa maneira econômica e mais fácil de fazer a infusão. A história mais conhecida credita o importador de chá Thomas Sullivan como o inventor do popular saquinho em 1908. Segundo relatos, ele costumava distribuir pequenos compartimentos individuais feitos de seda, cheios de folhas aromáticas, como amostra para seus possíveis clientes.
Os consumidores passaram a usar esses compartimentos como infusores individuais e descartáveis de chá, o que era muito mais prático do que preparar quantidades grandes da bebida, que acabavam sendo desperdiçadas.
O que ninguém sabia até recentemente, no entanto, é que o saquinho de chá já havia sido inventado sete anos antes disso, e existem registros que comprovam tal façanha. Duas americanas de Milwaukee, no Wisconsin, chamadas Roberta C. Lawson e Mary McLaren, registraram em 1901 uma patente de um sachê impressionantemente parecido com o que usamos hoje em dia.
A ideia das duas mulheres era evitar o desperdício de chá feito em grandes quantidades, podendo saboreá-lo mais fresco, visto que você preparava a bebida em porções unitárias na hora do consumo, e economizar na quantidade de matéria-prima na preparação. O saquinho onde as folhas deveriam ser armazenadas era feito de algodão e não afetava o gosto da bebida, enquanto que o “acidente” de Thomas Sullivan produzia um sabor alterado pelo tecido do compartimento e pela cola usada para fechá-lo.
Primeira patente do saquinho de chá.
Apesar de tudo isso, o produto inventado pelas mulheres de Milwaukee não teve muito sucesso comercial e o sachê só se popularizou quando Thomas Sullivan percebeu que poderia fazer dinheiro com aquele hábito estranho das pessoas de jogarem suas amostras em água quente.
A praticidade do saquinho de chá permitiu que ele fizesse parte da ração alimentar de soldados americanos na Primeira Guerra Mundial, mas, ainda assim, o Reino Unido demorou bastante tempo para adotá-lo. Durante a Segunda Guerra Mundial, a falta de matéria-prima impediu que os britânicos desfrutassem da versatilidade dessa ideia e só nos anos 50, finalmente, o produto chegou para ficar na Terra da Rainha. Hoje em dia, 96% do mercado no Reino Unido é dominado pelo chá em saquinho, enquanto em sua terra natal, os EUA, ele abrange “apenas” 90%.
O seu maior concorrente, o café, tem ganhado mercado no mundo, inclusive no próprio Reino Unido, que vê o consumo de chá cair a cada ano. Hoje em dia, o maior consumidor da bebida que nasceu na China é a Turquia, onde cada pessoa utiliza, em média, pouco mais de 7 kg de chá por ano. Nessa lista, o Reino Unido fica apenas na quinta posição.