Ciência
28/10/2018 às 05:00•2 min de leitura
Estamos na reta final das eleições, e, com batalhas intensas entre defensores de candidatos nas redes sociais, a palavra “fascismo” passou a ser usada com mais frequência do que nunca. Porém, embora muitos empreguem o termo sem medo de serem felizes, a verdade é que tal conceito é mais complexo do que se imagina — tanto que diversos estudiosos, professores e escritores debatem há anos uma forma apropriada de descrever esse tipo de atitude política.
Geralmente, falar sobre fascismo nos remete a líderes autoritários que assumiram o poder no século XX, o que inclui o italiano Benito Mussolini, o espanhol Francisco Franco, o argentino Juan Perón e — claro, por último, mas não menos importante — o austríaco Adolf Hitler, que comandou a Alemanha entre 1934 e 1945. Todos eles possuem algumas características em comum que podem nos ajudar a entender o fascismo.
De acordo com Robert Paxton, professor de ciências sociais da Universidade Columbia e um dos maiores estudiosos sobre o assunto, o fascismo pode ser definido como “uma forma prática de política própria da década de 20 que desperta o entusiasmo popular através de sofisticadas técnicas de propaganda para uma agenda anti-liberal, anti-socialista, violentamente excludente e nacionalmente expansionista”. Ainda conforme Paxton, outras definições dependem de documentos produzidos por Mussolini, Hitler e outros similares.
Apesar da dificuldade de definir o fascismo, todos os movimentos que se enquadrem nesse perfil compartilham de algumas características em comum que nos ajudam a identificá-los.
Paxton afirma que o núcleo do fascismo é tornar uma nação mais forte, mais poderosa, maior e bem-sucedida. Fascistas costumam enxergar o poder como a única coisa que pode tornar uma nação “boa”, e passam a empregar todos os meios — inclusive violentos — para atingir tal objetivo. E é justamente esse nacionalismo exacerbado que costuma fazer com que regimes fascistas adotem práticas similares.
O professor norte-americano ressalta que, para ganhar a simpatia do povo, líderes fascistas investem em propaganda e grandes gestos, como entradas dramáticas e desfiles praticamente cinematográficas. Além disso, fascistas têm o costume de demonizar outros grupos políticos, sociais, culturais ou religiosos (tal como Hitler demonizou os judeus e Mussolini demonizou os bolcheviques).
No geral, o fascismo se aproveita mais de sentimentos do que de ideias filosóficas. Em um de seus livros, Paxton descreve algumas crenças que defendem a mobilização fascista, como a ideia de que um determinado grupo social é uma vítima, a adoração suprema de um “líder” (que geralmente é do sexo masculino) e a objeção ao individualismo e ao liberalismo, que são encarados como fatores de decadência para a sociedade.
Uma vez no poder, “ditadores fascistas sufocam liberdades individuais, prendem oponentes, proíbem greves, autorizam o uso ilimitado de força policial em nome da união nacional e cometem agressões militares”, destaca Paxton.
Mesmo tendo estudado o fascismo ao longo de toda a sua vida, Paxton afirma que é difícil encontrar uma definição universal para o termo, visto que cada regime adota características próprias de seu país. O professor afirma que, embora o fascismo “tradicional” tenha desaparecido ao longo dos últimos anos, seus resquícios ainda podem ser observados em outros tipos de regimes e movimentos políticos, mesmo que em menor escala.
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