Estilo de vida
29/01/2019 às 07:00•3 min de leitura
Quando lemos sobre os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, algo que costuma passar despercebido é que todos os personagens que marcaram a história também possuíam suas vidas pessoais. Nem sempre isso é considerado, mas as condições de vida podem explicar pelo menos em parte o comportamento de grandes líderes mundiais — ainda que não se trate de uma desculpa para que atos desumanos sejam cometidos, pois a grande maioria das pessoas enfrenta dificuldades durante a vida.
A seguir, contamos um pouco mais sobre a mãe de Adolf Hitler, Klara.
Quando Klara Pölzl nasceu no pequeno vilarejo de Weitra, no extinto Império Austríaco, em 12 de agosto de 1860, ninguém imaginava a importância que ela teria na história mundial. Integrante de uma família simples, ainda muito nova começou a trabalhar como empregada doméstica na casa de Alois Hitler, seu primo de segundo grau.
A diferença de idade entre os dois era de 23 anos, por isso ela se acostumou a chamar o primo de “tio”. Em 1880, Franziska Matzelsberger, então esposa de Alois, exigiu que Klara voltasse a morar com seus pais. O afastamento não durou muito, pois pouco tempo depois ela adoeceu e a jovem voltou ao posto para auxiliar a família no momento de dificuldade.
Franziska, que acabou falecendo em 1884, provavelmente tinha motivos reais para exigir que Klara fosse demitida, visto que a empregada engravidou logo após ter voltado ao trabalho. Os dois, Klara e Alois, resolveram se casar após a morte da antiga esposa, mas o grau de parentesco exigia que a Igreja fornecesse uma permissão especial para o enlace.
A autorização demorou alguns meses, pois foi necessária a solicitação ao Vaticano, mas após a burocracia eles se casaram oficialmente.
Antes do nascimento de Adolf, Klara passou pelo trauma de ver três filhos mortos pela difteria, com o mais velho entre eles chegando aos 2 anos e 7 meses. Quando Adolf nasceu, ela tomou todas as precauções para que o pequeno menino conseguisse sobreviver a todas as ameaças de saúde da época.
A relação entre os dois se tornou muito intensa, pois ela temia que o pequeno Adolf tivesse o mesmo fim de seus falecidos irmãos. Alguns psicólogos dizem que as emoções da mãe são detectadas de forma intensa pelo bebê durante o seu primeiro ano de vida, e isso teria influência direta no desenvolvimento pessoal da criança.
Por esse motivo, existem sugestões de que tal comportamento tenha influenciado o futuro líder, graças ao medo e à ansiedade que a mãe sentiu até que seu filho se tornasse grande o suficiente para não correr mais grandes riscos de morrer.
Conforme cresceu, Adolf sofreu muita pressão de seu pai, além de ser submetido frequentemente a situações humilhantes. Alois trabalhava como oficial de alfândega e desejava que seu filho seguisse o mesmo caminho, mas o jovem tinha outros planos para sua vida, então não se importava muito com o que lhe ensinavam na escola.
No dia 3 de janeiro de 1903, Alois Hitler morreu de forma inesperada, o que culminou na mudança de Adolf e sua mãe para Linz, na Áustria. Ele continuou estudando, mas a falta de interesse fez com que ele largasse a escola em 1905 para se dedicar a leitura, desenho e estudo de arte, de forma independente.
Essa atitude fez com que Klara apoiasse o filho quando ele decidiu se mudar para Viena, em 1907, com a intenção de se tornar um artista. No mesmo período, ela passou por uma complicada cirurgia para a retirada de um câncer de mama, fato que não impediu Adolf de prosseguir com seu sonho de entrar para a Escola de Belas Artes da cidade.
Quando ele não conseguiu ingressar na instituição, voltou para Linz e cuidou de sua mãe. No intuito de buscar a cura de forma eficaz, foram utilizadas técnicas experimentais de quimioterapia. A técnica causou muitas dores e fez com que a garganta dela ficasse paralisada, perdendo a capacidade de engolir.
Klara morreu no dia 21 de dezembro de 1907m e Eduard Bloch, médico responsável pelo tratamento, disse que nunca tinha visto um familiar tão abalado quanto Hitler ao saber da notícia. Apesar de não ter conseguido salvar a vida de sua mãe, ele sempre foi muito grato ao profissional, que era judeu, e garantiu sua passagem para os EUA em 1940, quando o Holocausto tomava forma.
Apesar de suas atitudes abomináveis, Hitler tinha muito carinho por sua mãe. Quando ocupou o posto de Führer alemão, ele instituiu que 12 de agosto, data de nascimento de Klara, seria o dia de honra das mães alemãs. Registros também mostram que ele possuía um retrato dela em seu escritório, além da foto que carregava em seu bolso.