Artes/cultura
21/01/2019 às 06:00•4 min de leitura
Você já pensou em como um fato pode influenciar algo que ocorre anos depois em outros continentes? Que consequências um acontecimento histórico de um país pode gerar para outros? De que forma os momentos do passado de uma nação e as decisões de um grupo de governantes podem impactar os trabalhadores do povo de outra?
A história é cheia dessas implicações. Os fatos que marcam os dias 21 e 22 de janeiro, por exemplo, mostram um espaço de 15 anos em que tudo mudou para a França e, com isso, para Portugal e o Brasil — e tudo por causa de um único homem! Se o que aconteceu com esse homem fosse diferente, será que você estaria lendo este texto agora e o Brasil teria a configuração atual? É uma sensação muito “Efeito Borboleta”, não acha?
Acompanhe com a gente outros fatos históricos que podem muito bem ter contribuído com o país — e o mundo! — que temos hoje!
1793: Luís XVI da França é executado
Quase 4 anos após a tomada da Bastilha — fato que deu início oficialmente à Revolução Francesa, em julho de 1789 —, o rei Luís XVI foi condenado por traição, pela forma como havia administrado o país e seus atos considerados crimes contra a nação.
Assim, depois de um julgamento com apenas um voto de diferença, ele foi condenado à morte pela Convenção Nacional Francesa e executado pela guilhotina.
A Revolução, que durou 1 década, começou com boas intenções — como o fim da monarquia para a instituição de uma democracia baseada nos direitos do povo —, mas culminou na radicalização dos ideais iluministas que deram base a ela e abriu espaço para a ascensão de Napoleão Bonaparte.
1808: Chegada da Família Real portuguesa ao Brasil
A vinda dos herdeiros da Coroa portuguesa para as terras da colônia — um dos fatos mais famosos da história brasileira — é, de certa forma, consequência do fato que contamos ali em cima. Não fosse a Revolução Francesa, talvez Napoleão nunca tivesse se tornado imperador e não fosse possuído por suas ambições de conquistador.
Quando a França entrou em guerra com boa parte da Europa e deu a entender que logo o exército de Bonaparte daria as caras em Portugal, Dom João VI não quis pagar para ver. Embarcou a corte inteira em seus navios e atravessou o oceano, para se esconder por aqui.
Sua chegada, acompanhado da esposa Carlota Joaquina, significou uma transformação completa na forma de vida que as principais cidades brasileiras levavam — especialmente Salvador, onde a família permaneceu até março, e o Rio de Janeiro, que era então a capital nacional e viu nascer uma série de instituições, materializadas para o conforto da corte. Foi com essa motivação que nasceram, entre outros, o Banco do Brasil e a primeira agência dos Correios no território.
1912: Convenção do Ópio
A cidade de Haia — ou Hague — é hoje uma das três mais populosas da Holanda, mas não exatamente um grande palco histórico de importantes eventos. Em 1912, no entanto, foi ela quem sediou a Convenção Internacional do Ópio, que reuniu representantes da China, da França, da Itália e do Japão, entre quase uma dezena de outros, para deliberar sobre um tema que vinha preocupando a população mundial — especialmente os habitantes da Europa e da Ásia: o consumo de drogas.
Sete anos depois, a decisão tomada pelos países em Haia obteve abrangência quase mundial, quando todos os signatários do Tratado de Versalhes se tornaram parte da Convenção Internacional do Ópio. Nela, 25 artigos em 6 capítulos discutiam o uso de ópio e morfina, aos quais também se somaram cocaína e heroína, substâncias extremamente prejudiciais, mas sobre as quais ainda não se sabia muito.
1939: Sismo em Chillán mata 28 mil pessoas
Oitenta anos atrás, dezenas de milhares de pessoas foram dormir na pequena cidade de Chillán, ao centro do Chile, e, mesmo sabendo que o país é dado a grandes terremotos, não tinham a menor ideia de que um dos maiores da história do país estava prestes a acontecer.
O sismo que atingiu o local às 23h32 foi um dos mais mortais no nosso vizinho latino-americano: com magnitude de 7,8 graus na escala Richter, tirou a vida de cerca de 28 mil pessoas, levando para o chão metade das construções do município e impactando outros desde Valparaíso até Temuco.
Veja o vídeo com depoimentos de sobreviventes do sismo de Chillán:
1934: Fundação da Universidade de São Paulo (USP)
Foi com o Decreto nº 6.283 que, em 25 de janeiro de 1934, ficaram autorizadas as atividades daquela que é uma das mais importantes universidades brasileiras: a USP.
Uma importante fase da História nacional, a década de 1930 presenciava o crescimento de pequenas revoltas contra a política convencional que vinha sendo praticada. A necessidade de inovações no âmbito intelectual se somava ao fato de que os filhos de famílias mais ricas precisavam ter onde estudar sem precisar, para isso, deixar o país.
Seguindo a criação da Escola Livre de Sociologia e Política, em 1933, então, nasceu o projeto da USP, criado pelo interventor Armando Sales. Na época, o projeto integrou a Faculdade de Saúde Pública da USP, que já estava em operação desde 1918.
1905: Diamante Cullinan encontrado na África do Sul
Ele tinha 3.106 quilates — mais de 600 gramas — e foi encontrado na mina Premier, na África do Sul, sendo chamado de Cullinan em homenagem ao dono da mina, Thomas Cullinan. Seu descobridor, no entanto, se chama Frederick Wells, gerente da área de mineração onde ele foi localizado.
Posteriormente, o diamante raríssimo foi dado de presente ao rei Eduardo VII. Depois de lapidado, ele foi dividido em 11 grandes gemas, vendidas e distribuídas pelo mundo. Hoje, as duas mais importantes estão expostas na Torre de Londres, juntamente a outras joias da Coroa britânica.
1973: Termina a Guerra do Vietnã
Com um saldo de quase 3 milhões de vietnamitas e outros 58 mil soldados norte-americanos mortos, a Guerra do Vietnã foi um dos mais sangrentos conflitos bélicos dos últimos anos. Iniciada na década de 50, a guerra dividiu o país entre Norte e Sul, sendo que este último teve apoio massivo dos norte-americanos.
Em janeiro de 1973, acordos realizados em Paris oficializaram a paz, encerrando oficialmente o conflito — embora, na prática, ele tenha durado ainda cerca de 2 anos e tenha consequências para a população até hoje.