Ciência
03/09/2022 às 01:30•2 min de leitura
Entre janeiro e outubro de 2021, cerca de R$ 40 bilhões de dinheiro em espécie deixaram de circular pelo Brasil — uma queda de 10,5% em relação ao mesmo período de 2020. O grande motivo disso foi a criação do Pix, o sistema de pagamento instantâneo do Banco Central feito por meios digitais que teve alta aceitação dos brasileiros.
A plataforma já conta com 350 milhões de chaves individuais cadastradas e movimenta mais de R$ 550 bilhões por mês em cerca de 1 bilhão de transações. Tendo esses números em mente, a pergunta que não quer calar é: o dinheiro impresso deixará de existir por aí? Entenda o que nós sabemos até então.
(Fonte: Pixabay)
O término da criação de novas cédulas de dinheiro impresso já é uma pauta discutida em vários países ao redor do mundo. Na Suécia, alguns bancos já pararam de usar papel-moeda e o Banco Central Sueco informou à população que a circulação desse método de pagamento chegou a regredir para os mesmos patamares existentes em 1990.
Com isso, o país europeu estuda encerrar com o papel-moeda até 2030. O mesmo vale para a China, que em 2016 já realizava 80% de suas transações por meios eletrônicos, e para a Noruega, onde apenas 4% das transações ainda são feitas com dinheiro físico.
No Brasil, alguns políticos já apresentaram Projetos de Lei que propõem a extinção da produção e circulação do dinheiro em espécie. Como argumento, os defensores alegam que essa medida ajudaria na diminuição da sonegação fiscal, corrupção e violência. Porém, nada verdadeiramente concreto foi encaminhado até então.
(Fonte: Pixabay)
O papel-moeda brasileiro só é produzido a partir de solicitações do Banco Central à Casa da Moeda, de maneira que isso corrobore para a macroeconomia do país. Estima-se que a primeira versão de um dinheiro físico tenha surgido na China durante o século VII, mas demorou ainda mais para se consolidar ao redor do mundo.
As cédulas de dinheiro serviram como uma maneira de desenvolver e aprimorar as práticas de escambo e troca direta de mercadorias. Os primeiros bancos, então, surgiram no século XVII para iniciar todo o processo de monetarização da economia que conhecemos hoje em dia.
Em sua origem, o papel-moeda não só viabiliza qualquer tipo de transação comercial e financeira de forma muito mais ágil do que as trocas de produto, como diminui os custos de transação e torna o processo para todas as partes envolvidas na troca. É inegável dizer que esse tipo de moeda foi fundamental para o desenvolvimento da economia mundial, porém sua existência parece ter congelado no tempo.
(Fonte: Pixabay)
Se analisarmos o caso brevemente, será difícil encontrar argumentos para dizer que o papel-moeda deve continuar sendo utilizado ao redor do mundo. Afinal, os processos eletrônicos cumprem basicamente a mesma função do dinheiro físico, são rastreáveis e parecem ser muito mais confiáveis do que os meios usados no passado.
Entretanto, apesar das soluções digitais estarem crescendo no Brasil, o alto nível de desigualdade social entre a nossa população torna inviável a substituição completa do câmbio. Em algumas localizações, boa parte da população ainda não possui internet e os pagamentos com dinheiro físico acabam sendo uma necessidade para muitos.
O Brasil e o mundo caminham para a digitalização e é facilmente possível imaginar um futuro em que os sistemas analógicos deixem de existir gradualmente, mas isso não quer dizer que o dinheiro impresso será totalmente eliminado ou que nós estamos a um curto passo de alcançar esse desenvolvimento.