Estilo de vida
11/06/2014 às 08:26•2 min de leitura
O título da notícia perece confuso para você? Afinal, como todo mundo sabe, apenas são necessários um pai e uma mãe para gerar uma criança, não é mesmo? Então, que história é essa de três pessoas envolvidas no processo? Mas, antes que você comece a pensar em bobagens, saiba que estamos falando de uma nova técnica de fertilização.
De acordo com a BBC, trata-se de um método que envolve a utilização dos óvulos de duas mulheres e o esperma de um homem para evitar que os bebês nasçam com doenças mitocondriais potencialmente mortais. A ideia é utilizar o material do casal que pretende ter filhos e o óvulo de uma mulher com mitocôndrias saudáveis.
Basicamente, as mitocôndrias são pequenos geradores de energia presentes no interior de todas as células do corpo, e são passadas geneticamente apenas de mãe para filho. Segundo a BBC, um em cada 6,5 mil bebês nasce com alguma disfunção grave provocada por problemas mitocondriais.
Como consequência, o organismo dessas crianças não tem energia suficiente para funcionar corretamente, e alguns os problemas relacionados são a cegueira, fraqueza muscular, falência cardíaca e morte. Para contornar esse problema, os cientistas desenvolveram duas formas de aplicar a nova técnica: a de reparação do embrião e a de reparação do óvulo.
O primeiro procedimento envolve fertilizar dois óvulos para criar um embrião dos pais e outro dos doadores. Depois, os pronúcleos — que são os que contêm a informação genética — são removidos dos dois embriões, e apenas o material genético dos pais é mantido. Então, um embrião saudável é criado a partir da introdução do pronúcleo dos pais no embrião dos doadores, que finalmente é implantado no útero.
O segundo procedimento consiste em coletar óvulos de uma mulher com problemas mitocondriais e de uma doadora saudável. O próximo passo envolve remover a maior parte do material genético de ambos os óvulos e, por último, introduzir o material genético da mãe no óvulo da doadora e, depois, fertilizá-lo com o esperma.
Segundo os pesquisadores que defendem a aplicação do novo método, o órgão que regulamenta as fertilizações no Reino Unido não encontrou qualquer evidência de que ele seja perigoso. Além disso, se a regulamentação atual for revista — e permitir que a técnica seja empregada —, os pesquisadores poderão começar a criar bebês com três pais dentro de dois anos. E é claro que já existem grupos fazendo campanha contra a liberação.
Para começar, ainda existe a necessidade de se realizar mais testes antes que quaisquer dos dois procedimentos possam ser efetuados. Isso inclui um estudo mais detalhado sobre a eficácia dos dois métodos, assim como um levantamento sobre os riscos de transferir mitocôndrias modificadas aos bebês ou gerações subsequentes. Além disso, até que um bebê saudável nasça através da nova técnica, será impossível saber com total certeza se o ela é ou não segura em humanos.
A turma do contra também apresentou algumas preocupações éticas. Conforme explicaram, caso aprovada, a nova técnica poderia abrir precedentes para a modificação genética em humanos. De momento, apesar de ainda estar aguardando o parecer de um comitê científico encarregado de avaliar a nova técnica, o governo britânico apoia a sua aplicação, baseado na ideia de que através dela será possível salvar muitas vidas.