Ciência
20/03/2017 às 13:08•3 min de leitura
Ninguém sabe dizer de quem era a peça que você vai ver a seguir, nem quem foi o artista responsável pela sua fabricação. Mas, aparentemente, a inspiração para a criação do elmo foi o “Leão da Nemeia” — uma criatura que, segundo a mitologia grega, aterrorizava a região de Nemeia até que Hércules apareceu por lá, a matou e passou a usar sua pele como manto e a cabeça como capacete. Confira:
Hércules era retratado com frequência durante a Renascença, e sua imagem era usada como símbolo de coragem, perseverança e força indomável. No caso do item acima, os historiadores acreditam que ela seja de origem italiana, e o interessante é que a cabeça de leão — feita em ouro e cobre — fica montada sobre um elmo convencional.
Como é que o cara que usava o elmo a seguir conseguia enxergar o campo de batalha com precisão com essa coisa diante de seu rosto é um mistério! A peça pertenceu ao Rei Jaime II da Inglaterra e traz o Real Brasão de Armas do Reino Unido — composto por um leão e um unicórnio segurando um escudo adornado com a coroa imperial. Veja:
O elmo fazia parte de uma armadura produzida por Richard Holden para Jaime II no final de 1686. O conjunto era composto por uma placa peitoral à prova de tiro de carabina e uma placa posterior resistente aos disparos de pistola, e as únicas aberturas visíveis eram as áreas vazadas na peça que protegia o rosto do monarca.
O elmo esquisitão abaixo — que parece adornado com uma enorme boca de sapo — pertenceu a Maximiliano I, um cara que, entre os séculos 15 e 16, foi Arquiduque da Áustria, Rei da Germânia e esteve à frente do Sacro Império Romano-Germânico. Fabricada em 1494, a peça foi produzida em aço, latão e couro e contava apenas com essa estreita abertura frontal que você viu na imagem, o que limitava quase completamente a visão periférica.
Além disso, o elmo ficava preso ao resto da armadura, o que significa que era impossível que a pessoa que o estivesse usando movesse a cabeça — sem falar que a peça, juntamente com a parte frontal e a traseira, pesava quase 20 quilos! É claro que usar um trambolho desses no campo de batalha equivalia a assinar a própria sentença de morte. Mas essa não era a função do sorriso de sapo.
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A armadura completa foi projetada para ser usada naquelas competições em que os cavaleiros se enfrentavam empunhando lanças e montados a cavalo — situação para a qual o elmo era perfeito. Mais especificamente, a peça foi usada por Maximiliano durante um combate organizado para celebrar suas bodas. A noiva deve ter adorado a ideia...
Essa coisa de usar elmos curiosos devia ser de família, pois Carlos V, neto de Maximiliano I, também tinha uma peça bastante peculiar em seu acervo de armaduras: uma que vinha enfeitada com uma farta barba dourada e uma invejável cabeleira composta por delicados cachinhos. Olha só:
Na verdade, o elmo acima está incompleto, já que ainda existia uma placa de metal que era encaixada na parte frontal e cobria totalmente o rosto de Carlos V. A peça foi criada pelo italiano Filippo Negroli, um dos fabricantes de armaduras mais importantes da Renascença e, como você já deve ter deduzido, não era para ser usada em combate, mas durante aparições públicas do monarca.
E não pense que os elmos pitorescos associados a Maximiliano I se limitam aos dois exemplos acima! A peça a seguir, feita de ferro, dotada com um impressionante par de chifres e com uma aparência ligeiramente perturbadora, fazia parte de uma armadura que foi dada de presente pelo Imperador a Henrique VIII, Rei da Inglaterra, em 1514. Veja:
Infelizmente, apenas o elmo sobreviveu à passagem dos séculos — já imaginou como seria a armadura completa? —, e existe um debate entre os historiadores sobre a finalidade do conjunto. Na verdade, como as feições da máscara se assemelham bastante à figura de um bufão, uma das suspeitas é de que ela fosse originalmente usada pelo bobo da corte de Henrique.