Ciência
03/07/2015 às 06:04•2 min de leitura
A Bandeira dos Estados Confederados é assunto de bastante discussão nos Estados Unidos devido ao peso simbólico e histórico que possui no país. Caso você não esteja se lembrando das aulas de história no Ensino Médio, nós fazemos um breve resumo aqui no Mega Curioso. Os Estados Unidos foram divididos em duas unidades políticas em 1861 – os próprios Estados Unidos ou União (norte) e os Estados Confederados (sul).
Essas duas unidades políticas possuíam ideais bem distintos e com características próprias. Por exemplo, os estados do sul eram mais agrícolas, predominantemente rurais, politicamente conservadores e explicitamente favoráveis à escravidão. A Guerra Civil Americana (ou Guerra da Secessão) foi travada entre os anos de 1861 e 1864 e foi extremamente sangrenta. Os estados rebelados eram: Texas, Mississipi, Carolina do Sul, Flórida, Alabama, Geórgia e Luisiana. Outros quatro também se juntaram depois: Tennessee, Arkansas, Virgínia e Carolina do Norte.
Mais de 750 mil pessoas morreram nos conflitos entre norte e sul (além de um incontável número de feridos) enquanto os Estados Confederados faziam de tudo para se tornarem independentes – um novo país. Finalmente, a Guerra da Secessão teve fim em 1864 e todos os estados do sul permaneceram anexados aos EUA. Contudo, os símbolos da Bandeira dos Confederados foram utilizados por bastante tempo em várias cidades sulistas, apesar de representarem conceitos que, hoje, são tidos como discriminatórios e racistas no restante do país. Para saber mais sobre a Bandeira dos Confederados, clique aqui.
Quando os Estados Confederados da América estavam prestes a perder a Guerra da Secessão (com os números de mortos só aumentando), diversas famílias fugiram do país para buscar um lugar seguro para os seus filhos. Um desses locais foi o Brasil. Os descendentes de americanos chegaram há aproximadamente 140 anos à cidade rural de Santa Barbara do Oeste, no estado de São Paulo, e por lá disseminaram os seus costumes.
Como resultado, hoje a Bandeira dos Estados Confederados é explicitamente disposta na Festa Confederada – evento tradicional da cidade. A celebração é caracterizada por atrair descendentes do país todo, vestidos com roupas típicas do sul dos Estados Unidos. Para preservas as tradições, alimentos originários dos estados sulistas também são servidos na festividade e músicas da época são encenadas.
Apesar de nos Estados Unidos ser quase um tabu hastear a Bandeira dos Confederados publicamente, em Santa Bárbara do Oeste isso não ocorre. Esse fato é um tanto esquisito para os americanos, como o estadunidense Asher Levine, correspondente da Reuters, diz. Segundo ele, a bandeira é quase um símbolo de discriminação e de segregação, porém aqui no Brasil isso não ocorre.
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De acordo com os descendentes desses imigrantes, não há qualquer teor político nessas festividades, já que elas são um costume cultural local em memória dos imigrantes americanos.
Segundo Levine, as bandeiras dos confederados possuem um significado étnico e não político ou ideológico no nosso país. O mais interessante é que muitas gerações se passaram desde que os fugitivos da Guerra da Secessão chegaram à São Paulo, e, com o passar das décadas, os filhos deles se misturaram com outros imigrantes que vieram para o Brasil – como os negros.
É no mínimo irônico ver pessoas que fogem do padrão branco sulista americano carregando bandeiras dos Estados Confederados da América com orgulho – e celebrando isso. Algo considerado um tanto surreal pelos estadunidenses devido às associações ideológicas originais dessas bandeiras. Segundo Levine, o símbolo está totalmente perdido para esses descendentes, porém para ele é um contraste enorme. É interessante ver como um significado pode morrer com o decorrer dos anos, adotado por novas pessoas com outras representações.