Artes/cultura
24/06/2015 às 11:56•3 min de leitura
Você deve estar acompanhando a polêmica que está se desenrolando nos EUA com respeito à Bandeira dos Confederados, não é mesmo? Nos últimos dias, milhares de norte-americanos saíram às ruas para pedir que a bandeira seja retirada de locais públicos, e muitos políticos, incluindo o Presidente Barak Obama, estão se juntado aos manifestantes. Mas você sabe o motivo de esse símbolo causar tanta discórdia?
A bandeira foi criada há cerca de 150 anos, quando, basicamente, vários estados sulistas que defendiam a escravidão se uniram e declararam sua separação do resto do país, formando os “Estados Confederados da América”. Esse movimento deu origem à Guerra Civil Americana — ou Guerra de Secessão —, que durou entre os anos 1861 e 1865, e acabou com a vitória dos demais estados (ou “União”) e a abolição da escravidão no país.
No entanto, a Bandeira dos Confederados continua sendo orgulhosamente hasteada diante de diversos edifícios oficiais dos estados do sul do país — e defendida por parte da população, que alega que ela representa a cultura e a história sulista. Por outro lado, os críticos argumentam que a bandeira é um símbolo racista, já que ela surgiu de um movimento a favor da escravidão, e que se opunha ao progresso dos direitos civis.
Os Estados Confederados elegeram três bandeiras oficiais durante os quatro anos que a Guerra de Secessão durou e, curiosamente, nenhuma delas é a bandeira que se tornou alvo da polêmica atual. A primeira delas, que você pode ver na imagem acima, foi aprovada em 1861, e era composta por três listras, uma branca e duas vermelhas.
Além disso, a bandeira ainda contava com um campo azul no canto superior esquerdo com sete estrelas, que representavam os estados separatistas — Carolina do Sul, Alabama, Geórgia, Louisiana, Texas, Mississippi e Flórida.
Contudo, como a bandeira dos confederados se confundia com a da União nos campos de batalha, o político William Porcher Miles propôs a adoção do desenho que conhecemos atualmente — uma cruz de São André coberta de estrelas sobre um campo vermelho. Mas, antes de ela ser aprovada, o comitê resolveu criar uma versão composta pelo desenho apresentado por Miles posicionado no canto superior esquerdo de uma bandeira branca. Veja:
O problema com essa opção é que, em dias de pouco vento, apenas a cor branca ficava visível. E os confederados, temendo que ela fosse confundida com um pedido de rendição, resolveram adicionar uma faixa vermelha na extremidade da bandeira. Confira:
Pouco depois disso tudo, os estados do sul se renderam e a guerra acabou. No entanto, apesar de a bandeira polêmica nunca ter sido adotada oficialmente pelos confederados, várias unidades de batalha usaram esse símbolo durante o conflito.
Por várias décadas, a Bandeira dos Confederados só era exposta em eventos públicos para homenagear os soldados mortos na guerra. Mas em meados da década de 40, durante as manifestações travadas pela defesa dos direitos civis para os negros, a bandeira voltou a ser usada pelos defensores da segregação racial nos EUA.
Na verdade, como você viu, a Bandeira dos Confederados sempre foi motivo de polêmica, justamente por ela — de certa forma — representar o expresso desejo de diversos estados norte-americanos de romper com o resto do país em defesa da escravidão dos negros e de sua dominação violenta.
Mas agora a bandeira voltou a virar manchete depois de Dylann Roof, o rapaz branco suspeito de matar nove pessoas negras em um ataque a uma igreja de Charleston, na Carolina do Sul, ser visto em diversas fotos com o símbolo. O massacre aconteceu na última quarta-feira, dia 17 de junho e, de acordo com as investigações, o crime foi motivado por razões racistas.
Muitos norte-americanos acreditam que a bandeira, em vez de ser um símbolo histórico, é um emblema racista que deve ser retirado de locais públicos — e se limitar a ficar exposto apenas em museus. Para muitos, a bandeira representa a opressão e o ódio, e pode servir para alimentar sentimentos racistas em alguns grupos.
Nesse sentido, Nikki Haley, governadora da Carolina do Sul, ordenou a retirada da bandeira que ficava hasteada diante do edifício que serve de sede do Poder Legislativo do estado, e a iniciativa foi seguida pela Amazon, Walmart, Etsy, Warner e Ebay, que decidiram banir o uso da imagem e venda de produtos que tragam o símbolo estampado.