Ciência
18/02/2018 às 04:00•2 min de leitura
A coisa não anda fácil pra ninguém, não é mesmo? No entanto, tudo devia ser realmente desesperador na Islândia do século 17, pois por lá surgiu uma espécie de mandinga pra lá de mórbida que prometia dar uma força para as finanças!
Antes de contarmos para você no quê consistia o feitiço, vale ter em mente que, na época, o duro sistema de classes que reinava na região, os constantes ataques de piratas e os frequentes desastres naturais tornavam a vida dos camponeses islandeses incrivelmente difícil. Agora cabe a você decidir se esses eram motivos suficientes para fazer o ritual que vamos descrever.
Foi por conta desse panorama desolador que alguém teve a ideia de criar um pacto macabro entre amigos. Os dois homens — geralmente associados com a feitiçaria — se reuniam e combinavam que, quando um deles morresse, o outro poderia utilizar a sua pele da cintura para baixo para confeccionar uma Nábrók, ou seja, uma calça feita de pele humana.
De acordo com a crença local, essa adorável peça tinha o poder de atrair um constante fluxo de dinheiro para quem a usasse. Entretanto, apesar de existir uma réplica de Nábrók no Museu de Feitiçaria e Bruxaria Islandesa, em Hólmavík, ninguém sabe dizer ao certo se alguma dessas calças realmente chegou a ser produzida — nem se alguém teve coragem de desfilar vestindo uma delas.
Depois que os dois amigos faziam o acordo — e um deles batia as botas —, o outro, então, tinha permissão para desenterrar o cadáver e esfolá-lo. O procedimento devia ser feito com extremo cuidado, pois a pele não poderia ter qualquer rasgo ou arranhão. Após remover todo o tecido, o dono da calça nova devia vesti-la ainda fresquinha para que ela grudasse ao seu corpo.
Nábrókarstafur
Além disso, o amigo devia roubar uma moeda de uma viúva pobre durante uma festividade como o Natal, Páscoa ou Finados e depositá-la no escroto da vestimenta juntamente com o símbolo de Nábrókarstafur (um símbolo rúnico) para, assim, garantir que sempre haveria fartura no “saco” de dinheiro. O dono da calça necromântica — que é a tradução para a palavra Nábrók — podia usá-la por toda a vida para usufruir de seus poderes.
Contudo, havia um “porém”: era proibido morrer vestindo a peça ou, do contrário, a pessoa corria o risco de que seu corpo fosse imediatamente infestado por piolhos e de ter que vagar por toda a eternidade pela Terra. Assim, a vestimenta devia ser passada de uma geração para a outra, mas, para que ela continuasse trazendo fortuna, o novo dono precisava vestir a perna direita antes que o antigo proprietário retirasse a perna esquerda da calça. Sinistro!
*Publicado em 21/10/2015