Ciência
02/08/2013 às 12:34•3 min de leitura
É possível esbarrar em muitos dados estatísticos durante poucas horas de leituras de artigos e notícias na internet. Muitas vezes, os números apresentados chegam até mesmo a ser conflitantes, o que acaba confundindo muita gente. Além disso, há muita divulgação de dados antigos que não se aplicam mais à situação atual, mas que continuam sendo espalhados pelos quatro cantos.
Portanto, que tal conhecer um pouco das estatísticas furadas, mas em que todo mundo acredita? Antes, um adendo: muitos dos dados a seguir se aplicam apenas aos Estados Unidos. Mesmo assim, vale a pena conhecê-los. Afinal, o que acontece por lá pode acabar servindo de previsão para o que enfrentaremos no futuro.
Muitas reportagens de TV falam sobre as taxas de gravidez entre adolescentes, que já eram altas e continuam aumentando. Para justificar esse tipo de estatísticas, muitos veículos culpam as novelas e as letras de música com alto teor sexual. Mas, de acordo com matéria publicada pela Discovery News, essa ideia é bastante equivocada, pelo menos nos EUA.
Fonte da imagem: ShutterStock
Dados enviados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças, do Centro Nacional Estatísticas de Saúde dos EUA, indicam o contrário: a taxa de gravidez entre adolescentes é baixa e tem diminuído. O índice caiu 6% em 2009 para adolescentes entre 15 e 19 anos, sendo o nível mais baixo já registrado pela instituição. Desde 1990, a taxa já baixou cerca de 39%, e a causa é o uso cada vez maior de meios contraceptivos.
Essa é uma das estatísticas mais difíceis de serem calculadas. Os motivos são vários. Para começar, é preciso escolher uma definição muita rígida: serão considerados gays apenas os homens que se identificam dessa maneira? Ou a pesquisa deve contar pessoas que tiveram uma relação homossexual em qualquer momento da vida, apesar de não se considerarem gays?
Além disso, o levantamento desses dados se baseia exclusivamente na boa vontade e sinceridade dos participantes, que nem sempre se sentem confortáveis em dizer a verdade ou simplesmente não se veem como homossexuais.
Fonte da imagem: Ludovic Bertron/Wikipedia
Durante as décadas de 30 e 40, o pai da sexologia moderna, Alfred Kinsey, estimou que 10% da população americana era composta por homossexuais. O número foi amplamente divulgado, mas tem sido contestado. O professor Joel Best, autor do livro “Damned Lies and Statistics” acredita que de 3% a 6% dos homens norte-americanos já tiveram relações homossexuais significantes em alguma etapa da vida. Entre os adultos, o número cai para algo em torno de 1% a 3%.
Porém, em 2011, o demógrafo Gary Gates, do Instituto Williams de Legislação e Política Pública de Orientação Sexual, concluiu que os Estados Unidos possuem cerca de 4 milhões de homossexuais, representando cerca de 1,7% da população.
É comum ouvir que, antigamente, a expectativa de vida era muito baixa, com nossos antepassados morrendo antes de completar 40 anos, não muito tempo atrás. Para muitos, isso explicaria, por exemplo, o fato de que muitas mulheres se casavam quando ainda eram adolescentes. Afinal, com uma expectativa de vida tão baixa, é melhor começar logo a continuidade da família.
De acordo com o Centro Nacional de Estatísticas de Saúde dos EUA, a expectativa de vida para os homens de 1907 era de 45 anos, tendo subido para 66 anos em 1957. Mesmo assim, isso não significa que era raro ultrapassar essa marca.
De acordo com o artigo publicado pela Discovery News, a inclusão de altas taxas de mortalidade infantil para o cálculo é que deram a impressão de que a expectativa de vida era baixa demais.
Uma estatística muito furada e amplamente divulgada nos Estados Unidos diz que uma mulher solteira acima dos 40 anos e com ensino superior tem mais chances de ser assassinada por um terrorista do que de casar.
Fonte da imagem: Jeff Belmonte/Wikipedia
Mas, de acordo com o site Snopes.com, essa informação surgiu da má interpretação de uma pesquisa que dizia que mulheres acima dos 40 anos têm 23% de chances de casar, e não 2,6%, como muitos divulgaram. Além disso, essa é uma estatística muito difícil de calcular, tendo em vista que existem muitos fatores envolvidos nessa situação, como a possibilidade de que muitas mulheres nessa idade estão em relacionamentos longos e felizes, mas não casadas no papel.
Essa é uma informação divulgada por anos e, provavelmente, a mais estranha desta lista. Em 1907, o Dr. Duncan MacDougal, de Massachusetts, resolveu conduzir um experimento ao pesar seis pacientes terminais antes e depois de suas mortes. Os resultados variaram e alguns até foram descartados, mas mesmo assim ele concluiu que o corpo ficava, sim, alguns gramas mais leve. Mais precisamente, cerca de 21 gramas.
É claro que o estudo levantou controvérsias e, logo em seguida, análises dos métodos usados pelo médico revelaram diversas falhas, como o uso de balanças mal reguladas. Além disso, há diversas razões para essa possível diminuição do peso após a morte, como a eliminação de gases e até fluidos. Mesmo assim, pessoas que acreditam na existência da alma humana continuam citando essa pesquisa “científica” até hoje.