Artes/cultura
08/02/2019 às 09:00•2 min de leitura
Apesar da opinião da maioria das pessoas, matemática é uma ciência maravilhosa, capaz de nos hipnotizar com GIFs que explicam todos os conceitos que tivemos uma dificuldade monstruosa para aprender e, inclusive, de nos ajudar a encontrar um amor perfeito. A mesma matemática que você odiou com todas as forças no Ensino Médio tem também uma teoria bizarra e ousada, que você talvez ainda não conheça: a ideia dos seis graus de separação.
De acordo com ela, qualquer pessoa no mundo pode se conectar com todas as outras em somente seis passos e com a ajuda de apenas cinco outras pessoas. Basicamente, é o mesmo que dizer que com cinco amigos você tem uma conexão distante com Anderson Silva e, lógico, Angelina Jolie.
Vamos ao raciocínio: presumindo que cada uma dessas cinco pessoas conhece pelo menos 44 pessoas e que essas 44 pessoas conhecem outras 44, chegamos à prova numérica da teoria bizarra: em apenas seis passos, toda essa gente estabelece conexões com 7,26 bilhões de pessoas, o que é basicamente um número maior do que a população mundial atual.
Para falar mais sobre o tema, Derek Muller resolveu investigar a teoria a fundo em um vídeo bastante curioso que foi divulgado recentemente pelo Science Alert. No vídeo ele explica que essa teoria foi elaborada em 1929, com base em um experimento que, à época, foi chamado de “correntes”. A ideia era encontrar pessoas que topassem participar de um desafio e mostrar que não poderiam fazer essas conexões a partir de cinco outras pessoas.
Em 1960, a ideia foi finalmente testada de modo mais científico, quando o psicólogo Stanley Milgram, de Harvard, enviou 300 pacotes para pessoas de Nebraska e Boston, nos EUA, pedindo para que eles usassem suas redes de contato para chegarem a um destinatário específico – um corretor da bolsa que morava em Boston.
Essas pessoas foram instruídas a não enviarem o pacote diretamente ao destinatário final. Em vez disso, elas deveriam mandar a algum conhecido próximo, com a instrução de que esse conhecido fizesse o mesmo exercício. A ideia era chegar a alguém que conhecesse diretamente o corretor da bolsa. Dos 300 pacotes, apenas 64 chegaram ao seu destino final, e a média de conexões realizadas foi de 5,2.
Muller resolveu investigar melhor esse experimento e descobriu que, dos 300 pacotes originais, 100 foram enviados para pessoas que já viviam em Boston, onde o destinatário final também vivia, e 100 foram enviados a pessoas que também trabalhavam com o mercado de ações. Dessa forma, apenas 100 pacotes foram enviados a pessoas aleatórias que não viviam em Boston ou não trabalhavam como corretoras.
Desses 100 pacotes aleatórios, apenas 18 chegaram ao destino final, de modo que, segundo Muller, esse é o número que pode indicar a evidência dos seis graus de separação.
O problema matemático voltou a ser estudado alguns anos mais tarde por um grupo de estudantes que fez um experimento um pouco mais específico: “Seis graus de Kevin Bacon”. O objetivo, claramente, era descobrir se entre os estudantes algum poderia chegar ao ator que deu nome à pesquisa. Os estudantes coletaram uma grande quantidade de material, de modo que esses dados serviram para estudos sociais a respeito da interconexão entre os grandes atores e atrizes de Hollywood.
Nessa experiência, ficou claro que a relação dos seis graus de separação parece realmente existir. A diferença é que, ao contrário do que sugeriu o primeiro estudo sobre o tema, o ideal é que cada pessoa nomeie pessoas aleatórias de seu convívio, e não pessoas com as quais se têm uma relação mais próxima de amizade ou parentesco.
Para Muller, a modernidade parece interferir nessas conexões, afinal estamos cada vez mais expostos a ambientes online e, dessa forma, o pesquisador acredita que os seis graus podem diminuir com o tempo. Agora você já sabe: da próxima vez que alguém vier com aquele papinho de “mundo pequeno”, você pode argumentar de forma matemática e explicar que, de acordo com os seis graus de separação, o mundo pode ser menor ainda.