Ciência
21/02/2018 às 05:00•2 min de leitura
Livros com capas de couro são cada vez mais raros hoje em dia, mas houve uma época em que isso era padrão, e até o couro de seres humanos era utilizado para essa função. Entre os séculos XVI e XIX, a prática foi bastante difundida pela Europa e até recebeu um nome pomposo para identificá-la: Bibliopegia Antropodérmica.
Algumas dezenas dessas peças consideradas macabras nos dias atuais ainda fazem parte de museus, galerias e coleções particulares, e um outro padrão pode ser observado nelas: normalmente, o conteúdo do livro é relacionado justamente com a pessoa que forneceu a matéria-prima.
Alguns dos casos mais famosos de bibliopegia antropodérmica pertencem às áreas médica e policial. Um exemplo do primeiro caso é o do Dr. John Stockton Hugh, que coletou a pele da coxa de Mary Lynch, uma de suas pacientes que morreu devido a um poderoso parasita, para encadernar seu livro sobre saúde feminina e funcionamento dos aparelhos reprodutivos. Ninguém sabe ao certo os reais motivos dessa bizarra encadernação, mas alguns acreditam que seja uma espécie de "homenagem" ou "imortalização" da pessoa falecida.
Na área criminal, os exemplos são ainda mais numerosos, e alguns deles bem bizarros. Um dos casos mais conhecidos foi o de William Burke, condenado à forca por assassinar 16 pessoas e depois vender seus corpos para pesquisas médicas. Seu corpo foi dissecado publicamente, e sua pele serviu de capa para livros de bolso para médicos.
Outro caso é o de John Horwood, um inglês de 18 anos condenado à morte pelo assassinato da jovem Eliza Balsum. Um livro sobre a história do crime foi escrito e encadernado com a pele de quem? Dele mesmo: Horwood. Mas o mais inusitado é um livro de erotismo francês, que foi produzido a partir da pele dos seios de uma mulher. Como se isso já não bastasse, os autores fizeram questão de um detalhe a mais — um dos mamilos foi colocado na capa!
Bom, depois dessa, agradeça pelo surgimento de novos conceitos éticos e de valorização do ser humano como indivíduo que botaram um ponto-final nessa prática que hoje em dia seria considerada, no mínimo, satanista.