Ciência
10/03/2020 às 14:00•4 min de leitura
Nascido em 25 de fevereiro de 1979 em Pickerington, uma cidade no subúrbio da populosa capital de Ohio, Brian Shaffer era o mais velho entre os 2 filhos de Randy e Renee Shaffer. Ele concluiu o Ensino Médio na escola local, em 1997, e saiu pelo mundo em busca de construir o seu futuro e se tornar médico. Graduou-se em Microbiologia depois de 6 anos estudando; em 2004, ingressou na Ohio State University para finalmente começar os estudos na Medicina.
No início de março de 2006, a mãe dele morreu de mielodisplasia (um raro tipo de câncer nos ossos), o que foi um dos maiores baques de sua vida. Embora ele aparentasse estar bem — bem-humorado e feliz —, na verdade estava completamente destruído emocionalmente por conta da morte da mulher mais importante de sua vida.
No entanto, Brian não estava sozinho. Além da quantidade de amigos que costumavam estar presentes em sua vida, ele tinha também Alexis Wagoner. Eles se conheceram no começo de seu 2° ano de Medicina, um pouco antes de sua mãe falecer, e se apaixonaram à primeira vista. O que todos acreditavam, inclusive a própria Alexis, era que Brian queria noivar com ela até o fim daquele ano, pois ele já vinha demonstrando sinais disso há um bom tempo.
Essa possibilidade tornou-se ainda mais evidente quando o casal começou a planejar uma viagem a Miami, a qual aconteceria durante o recesso de primavera. Locais tropicais sempre foram o sonho de Brian Shaffer que, apesar de ser fiel à carreira médica, tinha uma paixão enorme pela música. Assim, um de seus sonhos mais radicais era montar uma banda de praia com alguns de seus amigos músicos e fazer disso a sua profissão para o resto da vida.
Com uma vida social próspera, um amor ao seu lado, as melhores notas possíveis na faculdade e um futuro promissor, a vida do rapaz de 27 anos aparentemente era ótima.
Em 31 de março de 2006, as aulas na universidade chegavam ao fim, e as férias de primavera daquele ano se iniciavam. A princípio, Brian Shaffer tinha planejado comemorar aquela noite com o seu irmão caçula, Derek Shaffer, e a sua esposa. No entanto, o irmão mais novo teve um imprevisto e acabou cancelando o jantar, levando Brian a combinar com o seu amigo William Clint Florence de saírem mais tarde.
Antes de ir encontrar Florence, Brian saiu com o seu pai. Este não notou nada de atípico no comportamento do filho, tampouco na aparência dele. O moço só parecia extremamente exausto, mas ainda havia o sorriso que nunca tirava do rosto. Contudo, o pai conseguia enxergar a carga do luto ainda pesando nos ombros do rapaz, afinal ele tinha visto a mãe ser enterrada há apenas algumas semanas. Para Randy, a responsabilidade e o tempo exigidos pela faculdade tinham impedido o filho de viver o luto de forma apropriada e saudável para que ele conseguisse se recuperar.
Naquela noite, Randy se opôs a Brian sair para beber com William, dadas as circunstâncias. Porém, ele não quis esticar muito o assunto porque não queria brigar com o filho. Isso era tudo que ambos definitivamente não precisavam naquele momento.
Às 21h, Brian Shaffer encontrou o amigo no Ugly Tuna Saloona — restaurante e bar de frutos do mar localizado no 2º andar do complexo South Campus Gateway, que ficava dentro do campus universitário. Uma hora depois, ele decidiu ligar para Alexis a fim de dizer o quanto a amava e que queria construir uma vida ao lado dela. Durante o resto da noite, Brian e Florence foram a vários outros bares, sempre tomando um shot em cada um dos estabelecimentos que visitavam. Estavam de férias e precisavam curtir!
Depois desse tour, por volta de 00h, os rapazes encontraram Meredith Reed, amiga de William, que acabou os levando de volta ao Ugly Tuna, onde uma banda de música ao vivo estava tocando. O acesso dos clientes ao local era único, tanto entrada como a saída, e se dava apenas por uma escada rolante, que tinha um sistema de vigilância bem em frente. As pessoas atravessavam um pequeno salão para conseguir entrar no bar. Logo, não tinha como fugir da lente das câmeras.
Os 3 colegas foram capturados pelo sistema de monitoramento subindo a escada rolante à 1h15. Em certo momento, Shaffer se separou dos amigos lá dentro para dar uma palavrinha com os músicos e, depois, só foi filmado por volta de 1h55 conversando com 2 mulheres jovens do lado de fora do bar. Logo em seguida, ele tornou a entrar enquanto elas foram embora.
Quando o bar fechou, às 2h, William e Meredith perceberam que Brian não estava em lugar algum. Eles buscaram o rapaz entre as pessoas, mas nada. Concluíram, então, que ele havia voltado para casa sem os informar.
Depois dessa noite, ao longo de todo o fim de semana, Alexis e Randy tentaram entrar em contato com Brian, porém não receberam nenhuma resposta. De volta de uma visita aos pais, em Toledo, Alexis Wagoner, preocupada, foi até o apartamento do namorado, mas não encontrou nenhum rastro dele. O carro dele continuava estacionado no local, e a sua casa estava intacta. Desde roupas até objetos, nada havia sumido, aparentemente apenas o Brian.
A moça ainda aguardou até segunda-feira (2 de abril de 2006). Este era o dia no qual eles iriam à tão desejada viagem. Ela chegou a ir ao aeroporto para esperar o namorado, na esperança de ele aparecer e dizer que tudo não passara de um mal-entendido e, então, eles embarcariam. Porém, isso nunca aconteceu e, a partir desse momento, Brian Shaffer foi oficialmente declarado desaparecido.
A polícia começou a investigação pelo Ugly Tuna, onde Brian foi visto pela última vez. Eles examinaram as câmeras de segurança de outros locais e acompanharam todo o trajeto dos amigos até eles encontrarem Meredith e retornarem a esse bar, do qual não saíram mais até o encerramento das atividades, às 2h.
Shaffer foi capturado pela câmera do lado de fora do bar, 5 minutos antes de encerrar o expediente. Logo em seguida, voltou ao estabelecimento e não saiu mais. No entanto, ele também não estava lá dentro. Isso era impossível! Havia apenas uma entrada e uma saída para os clientes. A saída de emergência estava em obras, e eles duvidavam que alguém bêbado conseguiria passar com sucesso por lá. Mesmo assim fizeram uma varredura, mas não encontraram nada. Com relação à entrada de funcionários, essa ficava altamente fora do alcance dos clientes.
Então, restou aos investigadores periciarem o circuito de segurança para descobrir se alguma falha não havia acometido as câmeras naquele intervalo de tempo e, por algum motivo, não registrado o homem deixando o local. Porém, nenhum defeito foi detectado.
A polícia levou cães farejadores para buscarem rastros de Brian tanto dentro quanto fora do bar e até mesmo em lugares improváveis de ele ter passado. Novamente, nada. Os interrogatórios feitos com estudantes, vizinhos, as jovens que conversaram com o rapaz, os funcionários e os músicos do local também não resultaram em nenhuma informação. Não havia nada substancial, não existiam pistas e não tinha explicação para tudo aquilo.
Desde o dia em que desapareceu, a linha de celular, os cartões de crédito e a conta bancária do jovem não foram usados. A família não perdeu as esperanças de encontrá-lo. Porém, há 14 anos convivem com o fantasma derradeiro da falta de respostas, o acúmulo de teorias e a única pergunta: Brian, onde você está?