Mãe de George Washington foi atingida por um raio quando estava grávida?

Pode-se dizer que George Washington, um dos Pais Fundadores dos Estados Unidos, foi um homem premiado – não por fundar a nação, mas por todas as situações estranhas que teve que enfrentar ao longo de sua vida.

Aos 15 anos, o então presidente já teve que lutar contra a difteria, uma infecção muito comum, principalmente na infância, responsável por atacar em dois estágios. Primeiro, causando uma terrível dor de garganta; depois criando uma espécie de membrana no fundo dela, o que pode causar sufocamento. A doença também libera uma toxina que circula pelo corpo, enfraquecendo o coração, e podendo até causar morte súbita.

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Mas isso não foi o suficiente para Washington, que ainda teve que lidar com a tuberculose, malária e varíola – simplesmente as doenças mais mortais do século XVIII –, talvez para compensar o fato dele nunca ter sido atingido durante as batalhas que enfrentou.

O privilégio foi tanto que existe até a lenda de que George Washington foi atingido por um raio quando ainda estava no útero de sua mãe.

A casa atingida pelo raio

Mary Ball Washington. (Fonte: Wikimedia Commons/Library of Congress/Reprodução)

Na tarde de verão de 1732, Mary Ball Washington, com o futuro George no ventre, jantava em sua casa em Popes Creek com convidados da igreja, quando uma tempestade se formou. De repente, um raio atingiu a casa, desceu pela chaminé e encontrou uma das jovens sentadas à mesa.

A força da descarga elétrica foi o suficiente para matar a jovem na hora e até fundir a faca e o garfo que ela empunhava. Mary, por outro lado, foi lançada de seu lugar.

De acordo com Willard Sterne Randall, em George Washington: A Life (2010), Mary nunca se recuperou do ocorrido. Como resultado, ela não só raramente viajava para mais longe do que a igreja que ia aos domingos, como também teve sua relação com George totalmente transformada.

Mary o desencorajava a correr qualquer tipo de risco. Inclusive, ela se ressentia pelo desejo do filho em se afastar de seu lado e deixar a segurança da fazenda para ir à guerra. Isso teria desmoronado a relação familiar.

Uma mulher enigmática

(Fonte: Library of Congress/Reprodução)

A primeira vez que o relato sobre o raio que atingiu Mary apareceu nos registros históricos, foi em 1850, no livro Memórias da mãe e esposa de Washington, escrito por Margaret Conkling. Nele, lê-se que a timidez de Mary foi ocasionada por um incidente angustiante de sua juventude – a morte instantânea de uma amiga devido a uma descarga elétrica durante uma tempestade.

Este relato não diz em nenhum momento que Mary estava grávida de George na época. Em vez disso menciona que, na verdade, o ocorrido aconteceu durante sua juventude. Relatos de 1852 e 1892 também não mencionam sobre ela estar grávida. Então por qual motivo essa história continua sendo contada mesmo sem muitos registros que comprovem sua veracidade?

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Talvez seja pelo passado enigmático de Mary, que levou a muitas interpretações ao longo dos séculos, em que todas foram uma tentativa de descobrir como era sua personalidade. Segundo a pesquisa feita por Heather Baldus, gerente de coleções na The George Washington Foundation, parece que cada escritor tentou usar a história para explicar as próprias ideias de quem Mary era como pessoa.

Algumas das cartas de vários membros da família que mal a conheciam, ilustram uma mulher de coragem e inteligência que, apesar de forte, ainda tinha falhas. Outras pintaram uma mulher nervosa e rígida que tentou impedir a grandeza de seu filho devido aos seus próprios medos.

No final das contas, não é possível nem afirmar ou negar que Mary Washington tenha sido atingida pelo raio que matou sua amiga diante de seus olhos, tampouco saber o quanto isso mexeu com seu relacionamento futuro com George. Pode ser ou não que isso tudo só faça parte de uma das várias lendas que impregnam a história da família Washington.