Ciência
02/10/2014 às 10:57•5 min de leitura
A década de 1960 foi marcada por revoluções musicais e, se for para falar de música dos anos 60, é simplesmente impossível deixar The Beatles de fora. Reis do iê iê iê, os quatro garotos de Liverpool se tornaram o maior ícone de sua geração – e das futuras também, afinal não é raro que filhos e netos de beatlemaníacos sejam fãs do som dos caras. A seguir, conheça algumas histórias pouco conhecidas sobre a banda mais famosa do mundo:
É óbvio que os integrantes de uma das bandas mais famosas de todos os tempos acabaram conhecendo pessoas famosas, artistas, atores e cantores. Foi com Bob Dylan, em 1964, que os garotos conheceram a maconha, por exemplo.
Um ano depois, foi a vez de os garotos conhecerem o Rei do Rock, Elvis Presley e, afinal, quem é que não gostaria de ter conhecido Elvis? No caso da banda, John Lennon era o mais empolgado com a situação, afinal ele era um grande fã de Elvis desde criança – chegando até a imitar o topete e as costeletas do cantor, além, é claro, do pôster que Lennon tinha de Elvis na parede de seu quarto.
Lennon chegou até a declarar em uma entrevista que se não fosse por Elvis ele não teria sido músico. Elvis certa vez enviou um telegrama aos Beatles, parabenizando o grupo pelo sucesso. Ainda assim, os quatro só encontraram Elvis pessoalmente durante o segundo tour da banda pelos EUA.
Lá na Terra do Tio Sam o quarteto foi até a mansão de Elvis e, diferente do esperado, a interação dos músicos foi relativamente constrangedora. Lennon começou a conversa com seu grande ídolo perguntando por que ele estava fazendo vídeos ruins: “o que aconteceu com o bom e velho rock and roll?”, questionou Lennon, logo nos primeiros momentos de conversa.
Elvis não reagiu tão mal assim com o desconforto e com a indiscrição de Lennon. Pelo contrário: “se vocês vão apenas sentar por aqui e ficar me olhando, eu vou dormir”, disse o rei, quebrando, finalmente, o gelo. Resultado: Lennon e Elvis engataram uma conversa boa enquanto Harrison fumava maconha. Elvis jogou sinuca com Ringo e, no final das contas, os cinco acabaram fazendo um pequeno show para poucos. Infelizmente, não há registros – nem mesmo fotográficos – dessa reunião histórica.
O encontro durou cerca de quatro horas. Depois, os Beatles foram embora e nunca mais encontraram Elvis novamente.
Algum tempo depois o Rei do Rock visitou a Casa Branca e ficou encantado com o que havia aprendido sobre o trabalho do FBI. O cantor chegou a se oferecer para trabalhar como agente secreto do FBI e enviar informações importantes da indústria do entretenimento. Nessa ocasião Elvis chegou a citar os Beatles como responsáveis por uma onda de mau comportamento entre jovens que se influenciavam pelo estilo maltrapilho dos garotos e suas letras sugestivas. O pedido do cantor ao FBI foi negado. Ufa.
Em 1966 Lennon disse a famosa frase que viria a colocar a banda em maus lençóis por um tempo: “nós somos mais populares que Jesus”, proferiu o beatle. A declaração provocou a ira de alguns religiosos e era comum que discos dos Beatles fossem queimados como demonstração de repúdio à polêmica frase do músico. A banda chegou a ser alvo de especulação por pessoas que pensavam que os Beatles eram, na verdade, conectados aos Illuminati.
Quem também não gostava dos garotos da banda e principalmente da influência que suas músicas tinham sobre o público jovem era a União Soviética, que considerava os reis do iê iê iê ameaçadores. Por isso, o governo soviético começou a punir qualquer pessoa que fosse flagrada ouvindo as músicas da banda. O resultado? A criação de uma espécie de mercado negro de vinis contrabandeados.
Os discos que chegavam ilegalmente na Rússia custavam caro. Só para você ter ideia, para comprar um vinil da banda, um cidadão russo gastaria o equivalente ao pagamento reebido por duas semanas de trabalho. Alguns contrabandistas mais espertinhos chegaram a dar um jeito de produzir cópias dos discos em radiografias antigas. Era comum, portanto, que os “álbuns” fossem chamados de “música de ossos”.
Segundo Mikhail Safonov, do Instituto de História da Rússia, os Beatles apresentaram conceitos de democracia aos cidadãos da sociedade soviética. Apesar da luta do governo para banir a beatlemania do país – alunos eram expulsos das universidades se fossem flagrados ouvindo qualquer música da banda, por exemplo – os Beatles nunca foram, de fato, eliminados. Em 2003 Paul McCartney tocou pela primeira vez m Moscou.
Um dos planos ousados da banda era comprar uma ilha grega, onde haveria casas para todos, um estúdio e espaço suficiente para abrigar alguns poucos e bons amigos que quisessem os visitar de vez em quando. A ideia foi de John Lennon, que se dizia cansado do assédio dos fãs. Paul, por outro lado, dizia que Lennon só queria ficar em um lugar onde ninguém o impedisse de fumar.
Os quatro chegaram a ir até a Grécia procurar por uma casa onde pudessem descansar e, claro, usar suas drogas em paz. A do momento – 1967 – era o LSD. Para não enfrentarem problemas no país, os músicos fizeram um acordo com o Ministério do Turismo e, em troca de uma sessão de fotos, ganharam imunidade diplomática.
A verdade é que os integrantes da banda chegaram a encontrar uma ilha, mas acabaram não fechando o negócio. Não se pode dizer se isso foi bom ou ruim, afinal a banda se separaria em breve e a amizade dos quatro jamais voltaria a ser a mesma.
Localizada na Baker Street, em Londres, a loja foi inaugurada com a intenção de vender itens hippies aos fãs da banda. A verdade é que como empreendedores os Beatles eram ótimos músicos. Depois de apenas sete meses de inauguração a loja, que chegou a ser descrita como “um pântano de mau gosto”, foi fechada devido a problemas financeiros.
Paul, empolgado com o futuro lançamento de “Hey Jude”, escreveu o nome da música em um dos vitrais da loja, depois que ela já tinha sido fechada. O nome do single acabou gerando conflito entre os moradores, que acharam que o escrito era uma referência ao hábito nazista de escrever “juden” em estabelecimentos judeus. Furiosos, muitos moradores e comerciantes da região jogaram pedras e tijolos nas janelas da loja antes de “Hey Jude” ser lançada.
O primeiro a deixar a banda foi Ringo Starr, em 1968, durante as gravações do Álbum Branco. Paul chegou a tocar bateria em “Back in the USSR” e “Dear Prudence”, mas a banda acabou mandando um telegrama para Ringo, dizendo que ele era o melhor baterista do mundo e implorando para que ele voltasse para o grupo.
Ringo retornou e encontrou flores espalhadas ao redor de sua bateria, com a mensagem “Bem vindo de volta, Ringo”. O clima amigável não durou muito e no ano seguinte Harrison estava arrancando os cabelos com o temperamento autoritário de Paul e com Lennon, que fazia tudo o que Yoko queria. As coisas pioraram mesmo quando Lennon disse à imprensa que a gravadora Apple estava falindo.
Harrison e Lennon acabaram brigando mesmo, fisicamente falando, inclusive. Foi a gota d’água para Harrison. Lennon ainda provocou o amigo, dizendo que quem ocuparia seu lugar no quarteto seria Eric Clapton. Harrison voltou para ajudar a finalizar “Let it Be” e “Abbey Road”, mas depois deixou a banda de vez.
Já em abril de 1970, quando as coisas definitivamente não iam bem, Paul McCartney anunciou sua saída, colocando um fim definitivo em uma das maiores e melhores bandas de todos os tempos.
O Álbum Branco ainda é considerado o símbolo de uma era negra pela qual a banda passou. George Harrison estava em uma fase de redescoberta musical, Paul estava ficando cada vez mais mandão e Lennon continuava grudado a Yoko Ono, levando a amada para reuniões e gravações da banda, o que acabou irritando os outros integrantes.
A junção dos fatos acima deixava o clima realmente pesado e não raramente os amigos acabavam brigando. Paul dizia que o Álbum Branco era, na verdade, o Álbum Tenso. E os quatro garotos de Liverpool se afastaram. De certa forma, para sempre.