Tecnologia brasileira revoluciona fabricação de cimento

23/04/2013 às 10:582 min de leitura

Pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) têm em mãos um projeto que promete revolucionar o mercado mundial de cimento. Eles criaram uma versão ecológica do produto, que permite dobrar a fabricação sem que seja necessário construir novos fornos e, consequentemente, sem aumentar a emissão do CO2, um dos principais vilões no efeito estufa.

Segundo o professor Vanderley John, um dos responsáveis pelo projeto, foi necessário mudar a composição do material usado para fazer o cimento e, ainda assim, eles conseguiram obter a mesma resistência do produto convencional.

O projeto combina matérias-primas simples com ferramentas e conceitos avançados na gestão do processo industrial. John acredita que o novo processo industrial é capaz de dobrar a produção mundial do cimento de maneira fácil e ecológica.

O cimento tradicional (Portland) é composto por argila e calcário, substâncias que, quando fundidas em um forno sob altas temperaturas, se transformam em um composto denominado clínquer. Os grãos de clínquer são moídos com gipsita (mineral, matéria-prima do gesso) até que tudo vire pó.

"Estima-se que para cada tonelada de clínquer são emitidos entre 800 e 1.000 quilos de CO2, incluindo o CO2 gerado pela decomposição do calcário e pela queima do combustível fóssil (de 60 a 130 quilos por tonelada de clínquer)", diz John.

A solução

A nova tecnologia foi criada com o aumento da proporção de "carga" (filler) na fórmula do cimento Portland ao adicionar dispersantes orgânicos que afastam as partículas do material, o que possibilita o uso de menos água na mistura com o clínquer.

A carga é uma matéria-prima feita com base no pó de calcário e que dispensa tratamento. É exatamente este processo o responsável por mais de 80% do consumo de energia e 90% das emissões de CO2 durante a fabricação do cimento.

Atualmente, a indústria do cimento é responsável por 5% de emissão de CO2 em todo o planeta. Se todas as previsões estiverem corretas, a produção de cimento deve dobrar nos próximos 40 anos (impulsionada pelos países em desenvolvimento), o que faz com que a emissão da indústria salte para impressionantes 20%.

O problema é que, em estudos da década de 70, havia se chegado a uma fórmula que estabelecia a quantidade de carga no cimento para que sua qualidade não fosse comprometida, mas a equipe brasileira descobriu que existem alternativas.

"Em laboratório, foi possível chegar a teores de 70% de filler, sendo que atualmente ele está entre 10% e 30%", diz John. "Com isso será possível dobrar a produção mundial de cimento sem construir mais fornos e, portanto, sem aumentar as emissões".

A equipe de pesquisa já está em contato com empresas brasileiras para firmar parcerias para o desenvolvimento do cimento ecológico em escala industrial.

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