Ciência
06/05/2019 às 11:00•2 min de leitura
Superstições populares são extremamente comuns. Geralmente elas têm origem em algum mito e se espalham ao longo dos anos carregadas pela crença profunda de muitos que “têm certeza de que isso realmente acontece”. E esses mitos são tão fortes e consistentes que, além de atravessarem gerações, são comuns aos mais variados tipos de cultura, nacionalidade, religiões etc. Uma dessas crenças que faz parte do repertório de superstições de quase toda a população mundial é a do espelho quebrado e seus famigerados “sete anos de azar”.
Não é só no Brasil que essa superstição é bem famosa. De acordo com o site “How Stuff Works” (Como as coisas funcionam), hoje ela faz parte da cultura de vários países, sejam europeus, americanos e até asiáticos. Mas onde surgiu esse mito e como ele continua tão forte na cabeça de tantas pessoas até hoje?
A versão mais propagada para o início dessa crença popular é a de que ela tem origem na mitologia grega. A história de Narciso, o rapaz que se apaixonou pela própria imagem refletida na água e morreu de inanição após passar a vida inteira tentando acariciá-la, é um dos contos que envolvem o reflexo e que é apontado como possível precursor do espelho e dos sete anos de azar.
Ainda na Grécia Antiga, acreditava-se que os reflexos carregavam, ou eram em si, o prospecto das almas de cada um. Existia também um método de adivinhação no qual se colocava água em um recipiente para refletir a imagem das pessoas que queriam saber sobre a sua sorte. Logo, ao “ferir” ou quebrar uma imagem refletida, a pessoa teria um sinal de que dias ruins se sucederiam com a probabilidade de morte sua ou de alguém muito próximo.
Os sete anos foram uma contribuição dos romanos. Eles acreditavam na mesma situação com relação aos reflexos, com a adição de que o ciclo da vida de um ser humano era renovado nesse período de tempo, portanto, ao fim dos sete anos, o azar acabaria.
Narciso (1594-1596), por Caravaggio
Em Veneza, na Itália, há outra pista sobre a origem do mito, uma vez que, ao surgirem os primeiros espelhos do tipo que conhecemos hoje, eles eram objetos extremamente caros. Para fazer com que os serviçais tivessem o máximo de cuidado possível ao limpar esses artefatos, as pessoas inventavam que, se as peças fossem quebradas, os responsáveis teriam muitos anos de azar.
Ainda há outra versão baseada na possibilidade de que os espelhos projetam a alma da pessoa. Assim sendo, se a pessoa quebrar um espelho, sua alma não poderia protegê-la de todo o azar que a cerca. Também há quem diga que a má sorte seria um castigo, em uma espécie de vingança, realizado pelas almas feridas àqueles que não tiveram o devido cuidado com seus espectros.
Tem-se essas versões como as prováveis para a origem desta superstição. Nem todos acreditam, é verdade, mas quase todo mundo já ouviu, pelo menos uma vez, de alguém, que “precisaria tomar cuidado com o espelho” para não enfrentar o azar nos sete anos seguintes. De qualquer forma, fica a recomendação para tentar não danificar esses objetos, pois mesmo que você não acredite na superstição, assim como qualquer vidro, um espelho quebrado pode fazer uma bagunça.
Se você quebrou um espelho recentemente, ou se vier a quebrar nos próximos anos e sentir que a vida não estiver muito bem, coisas ruins acontecerem ou seus dias parecerem mais sombrios, fique tranquilo. Há uma solução para afastar o azar e evitar os sete anos de infelicidade que só um espelho quebrado pode lhe proporcionar.
Mesmo que um vidraceiro perto da sua casa diga que você pode tentar reaproveitar ou reciclar o espelho (o que de fato você pode fazer), a saída para se esquivar das más vibrações é acabar com o objeto quebrado. Você pode moê-lo ou enterrá-lo para que ele pare de refletir os pedaços de sua “alma ferida”. A queima do objeto também é uma alternativa defendida por alguns, mas aí a sujeira pode ser ainda maior.
*Publicado em 09/07/2015